Rui Rio: “Se fosse para ser só deputado, não estava nas listas. Já passou essa etapa da vida”
O líder do PSD assume que o seu lugar vai a jogo nas Legislativas e que seria "muito mau" ter apenas 20% dos votos. E defende como “natural” a formação de uma “coligação estratégica" com CDS.
O líder do PSD, Rui Rio, considera que uma votação próxima dos 20% seria um “resultado muito mau” para os sociais-democratas, admitindo que o seu lugar enquanto líder do partido estará obviamente em jogo em outubro.
“Se o PSD tiver um resultado baixíssimo o que ficaria lá a fazer? Em cada resultado eleitoral, seja qual for, joga-se sempre o futuro de qualquer líder partidário, em qualquer parte do mundo”, referiu em entrevista à Antena 1. Mas lembrou que no mundo das sondagens “umas são mais encomendadas outras menos”. E aproveitou para desafiar os responsáveis destas sondagens: “Quero ouvi-los no dia seguinte às eleições.”
Mas não é só o seu lugar como líder do PSD que estará a jogo, já que a própria presença de Rui Rio no Parlamento como “mero” deputado está longe de certa. “Propus-me a líder do PSD e a primeiro-ministro do país, não a deputado”, explicou ao longo da entrevista. E apontou que seria hipocrisia dizer qualquer coisa que não a verdade: “As pessoas na política gostam do politicamente correto e daquela hipocrisia de dizer ‘ah, isto é o sonho da minha vida’, eu sou sincero. O que me move não é ser deputado, é ser primeiro-ministro. Não vale a pena mentir.”
"Propus-me a líder do PSD e a primeiro-ministro do país, não a deputado.”
Questionado diretamente sobre se em caso de derrota assumiria e cumpriria o mandato de deputado, Rio detalhou que “há muitos lugares na política” e que “em cada momento da vida sentimos mais vocação para isto ou aquilo”, pelo que, explicou, “se fosse para ser só deputado, eu não entraria nas listas. Já passou essa etapa”. Ou seja, e em caso de derrota, Rui Rio tomará posse como deputado, mas não garante que cumpre o mandato.
Já sobre os diferentes cenários que poderão sair das Legislativas de outubro, o líder do PSD explicou que admite procurar uma coligação com o CDS para formar Governo caso os resultados assim o permitam, mas algo “com sentido estratégico, não uma ‘geringonça'”. Com o CDS, detalhou, é “fácil” encontrar um sentido estratégico. Contudo, o líder do PSD não nega à partida uma ‘geringonça’ à direita com mais partidos.
“Foi o PS que inaugurou esta nova etapa da democracia, em que o primeiro-ministro não é indicado pelo partido mais votado”, referiu à Antena 1. Sobre avançar pelo mesmo caminho com o CDS e outros partidos à direita, Rio apontou que “será necessário ver os resultados” e que, ao contrário do CDS em que a coligação “será fácil”, com outros partidos à direita “será preciso pensar duas vezes”.
Devemos perceber que reformas de fundo sem o PS ou o PSD não são possíveis. Isto pressupõe que tem de ser mais do que apenas com os ‘dois grandes’, antes o mais alargado possível.
Para o líder do PSD, é do interesse de qualquer Governo “fazer compromissos com outros partidos” para avançar em temas em que o consenso alargado é uma necessidade. Mas estes terão sempre de ter o PS e o PSD. “Não podemos ser hipócritas, devemos perceber que reformas de fundo sem o PS ou o PSD não são possíveis. Isto pressupõe que tem de ser mais do que apenas com os ‘dois grandes’, antes o mais alargado possível.”
Já questionado sobre se o eleitorado do PSD vê com bons olhos esses consensos alargados, Rui Rio respondeu que “sim”, mas diferenciou o eleitorado e a “massa associativa” dos partidos. “Os militantes talvez não. Mas eu não olho para a política e para o sistema partidário como se olha para o futebol”, rematou.
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