Conhecer Subir Lall: Ghandi e Madre Teresa, quem mais admira

  • Helena Garrido e Paula Nunes
  • 9 Dezembro 2016

O líder da missão do FMI em Portugal revela um pouco do que é e o que de melhor e pior vê em Portugal.

Subir Lall, chefe de missão do FMI para Portugal
Subir Lall, chefe de missão do FMI para PortugalPaula Nunes/ECO

Subir Lall tem em Madre Teresa de Calcutá e Mahatma Gandhi as suas personagens históricas favoritas. Ao génio de Aladino pede…

O melhor de Portugal é…?

As pessoas, o facto de serem tão calorosas e disponíveis. Sempre que venho, tenho a oportunidade de aprofundar a minha ligação com as pessoas que fui conhecendo ao longo dos anos, e fazer novos amigos. Há também uma beleza natural, a arquitetura, a serenidade, a comida… podia continuar. Em última análise, são as pessoas que fazem os lugares especiais.

O pior de Portugal é…?

Gostava que a viagem entre Washington e Lisboa demorasse menos tempo. Gosto dos voos diretos, mas só existem no verão. Normalmente, levo cerca de 15 horas de viagem entre as duas cidades.

Que país é um modelo para si?

Tive o privilégio de viajar por cerca de 40 países e de viver em alguns deles. Não acredito que exista um modelo de país. Todos têm alguns aspetos que admiro mais do que outros. Não é realista encontrar tudo num país.

Que personagem histórica admira mais?

Essa é fácil. Sendo da Índia, admiro Mahatma Gandhi e Madre Teresa. A vida de Madre Teresa foi sobre compaixão, servir os outros e altruísmo. Mahatma mostrou que cada um pode fazer grandes mudanças, e unir uma nação para se tornar independente, usando a “não violência” como um princípio e ao mesmo tempo viver uma vida muito simples. O que ambos têm em comum são as origens humildes, nenhuma ligação à acumulação material e uma visão nobre que mobilizou milhões por todo o mundo. Mais importante ainda: ambos fizeram do mundo um lugar melhor.

Qual foi a pessoa que mais o marcou profissionalmente?

Mais uma vez tenho duas pessoas em quem penso de imediato. O meu pai, funcionário público reformado, inspirou-me no sentido de trabalhar para bem público. Penso no trabalho pelo bem comum como um grande privilégio e uma grande responsabilidade. E o meu mentor do doutoramento, Professor Peter Garber na Brown University, que me ensinou a importância do rigor intelectual e da disciplina na investigação e no trabalho. Ensinou-me a impedir que as prioridades ou as modas intelectuais de curto prazo ou do dia influenciem a busca do conhecimento.

O evento mais inesperado da sua vida foi…?

A minha melhor amiga na escola primária, durante quatro anos, foi uma rapariga chamada Anja, com quem perdi o contacto depois de o meu pai ser colocado na Alemanha. Eu tinha cerca de dez anos. Um dia, tinha 20 e tal anos, estava em Washington a pensar nela por nenhuma razão em particular e dois dias depois recebi uma carta dela. Tinha estado a trabalhar na embaixada alemã em Nova Deli durante o verão e, de alguma forma, lembrou-se de mim e localizou-me em Washington. Somos ainda hoje muito amigos, como duas pessoas que têm uma ligação de longa data, com todos os seus altos e baixos.

O que gosta mais de fazer nos tempos livres?

Leio muitos livros, na maioria ficção. Escrevo também, no meu tempo livre. Adoro correr. Recentemente completei a minha 12.ª maratona.

Que qualidade mais aprecia numa pessoa?

A empatia é, provavelmente, a qualidade individual mais admirável que gosto nos outros. Também gosto de pessoas com curiosidade intelectual e que têm sentido de humor, mesmo em circunstâncias difíceis.

E o defeito?

Penso que ninguém gosta de egocêntricos… O universo é maior do que qualquer um de nós, e olhar para lá de nós e estar em harmonia é muito importante.

O seu livro favorito?

“The Razor’s Edge” de Somerset Maugham. Mas tenho uma longa lista de livros que amo. Este ano li “All the light we cannot see” de Anthony Doerr, que é uma história poderosíssima.

O seu filme favorito?

Mais uma vez há muitos. Mas no topo estará “Rashomon” de Akira Kurosawa e “Apu Trilogy” do enorme realizador indiano Satyajit Ray. Também gosto de “Casablanca,” que tem uma ligação a Lisboa.

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E a música favorita?

“Comfortably Numb” de Pink Floyd. O arranjo musical será considerado um clássico durante gerações. Também a maioria dos álbuns de Nina Simone e Norah Jones.

A obra de arte que mais admira é…?

Admiro muito os trabalhos do impressionismo francês. Os jardins de Monet e o “Bal du moulin de la Galette” de Renoir são particularmente memoráveis.

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Há um incêndio em sua casa, está sozinho, o que salva?

Alguma coisa de valor sentimental, que seja insubstituível. Guardei como um tesouro cartas, escritas à mão durante décadas, por entes queridos. Salvá-las-ia. Tudo o resto pode ser substituído ou comprado.

O génio do Aladino concede-lhe três desejos. Quais são?

Primeiro, a capacidade de diminuir o sofrimento dos outros. Segundo, a capacidade de falar qualquer língua muito rapidamente. E terceiro, ser capaz de me transportar para qualquer lugar do mundo batendo apenas palmas.

Qual é o seu lema de vida?

Tornar a sua vida importante tentando deixar o mundo ou mesmo só algumas pessoas melhor do que estariam sem ti.

Subir Lall, chefe de missão do FMI para Portugal
Subir Lall, chefe de missão do FMI para PortugalPaula Nunes/ECO

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