Influencer é profissão? E se não houver likes?

No Labour 2030, no Porto, discutiu-se se ser influencer é considerado ou não uma profissão e que repercussões têm no mundo. E os desafios que aí vêm, como a ausência de likes.

Nos dias de hoje, cerca de 20 milhões de pessoas são consideradas influencers, fazendo das redes sociais a sua atividade principal, ou seja, a fonte de rendimentos. São muitos, mas vão ser muitos mais nos próximos anos. Ser influencer pode ser mesmo uma profissão? E como ser influenciador num mundo sem likes? Estas foram algumas das questões em debate na II conferência anual Labour 2030, que decorreu no Porto.

Tiago Froufe, responsável pela agência Luvin, Liliana Santos, atriz e modelo, Nuno Agonia, youtuber, e Susana Ribeiro, jornalista e blogger foram os convidados do painel “Influencers, trends and new forms of work by ECO”, moderado por Vanda Jorge, responsável pela secção Ecoolhunter do ECO, que deu o tiro de partida na discussão com a pergunta: “somos todos influenciadores?”.

Tiago Froufe, que em 2013 decidiu dedicar-se ao mundo digital, acredita que sim. Para o responsável pela agência Luvin, “todos nós acabamos por ser influenciadores”. “O que acontece no digital é que as nossas audiências são bastante maiores“, remata. E Nuno Agonia, conhecido pelos seus tutoriais e unboxings, é uma das provas disso.

Nuno Agonia começou a explorar as potencialidades das redes sociais por causa de um doença que o obrigou a ficar 18 meses em casa. “Já estava a ficar maluco por não fazer nada. Aí pensei em criar um canal de Youtube”. Começou por gravar tutoriais e com o sucesso dos vídeos que produzia, foi crescendo digitalmente. Já conta com mais de 1,2 milhões de seguidores no Youtube.

O Youtube mudou a vida de Nuno Agonia, já Susana Ribeiro utilizou o blogue viajecomigo.com para mudar de vida. Dedica 90% da sua vida profissional o blogue, ficando apenas 10% dedicados ao jornalismo enquanto freelancer. Nesta plataforma, dá dicas de viagem a todos os seus seguidores e promove o turismo português. Confessou à plateia que ainda está a “adaptar-se à palavra blogger, quanto mais influencer“.

Para Liliana Santos, atriz e modelo, a entrada no mundo dos influencers deveu-se à necessidade de visibilidade derivada da profissão que tem. Já lhe dá projeção no mundo real, exponenciando a sua influencia no virtual. Diz que acaba por ser uma ferramenta mais fácil para chegar aos seus fãs, mas também a todos os utilizadores das redes.

Influencer sem likes?

Um estudo elaborado pela LEGO concluiu que a China é o único país onde as crianças querem ser astronautas sendo que as restantes crianças no mundo querem ser youtubers. É uma mudança de paradigma. “O problema é que a camada mais jovem vê o carro de momento, o telemóvel de momento, e ambicionam ter essa vida”, refere Agonia.

São muitos aqueles que olham para os influencers com a ambição de se tornarem, também eles, um deles. Querem a fama, mas também o proveito. No entanto, Nuno Agonia assegura que apenas cerca de 20 youtubers fazem do youtube a sua fonte principal de rendimento. E para conseguirem gerar esse rendimento, precisam de likes. Mas, e se estes acabarem?

Tiago Froufe garante que mesmo que os likes desapareçam, não vai ser o fim dos influencers. Já Nuno Agonia, diz que “tudo o que tenha uma forma de parametrizar o sucesso de A, B ou C, é um sucesso. Tem de haver isso no mundo negocial. Quando uma empresa vai vender um produto a outra tem de apresentar números, e se o Instagram modificar a aplicação, corre o risco de ser ultrapassado por outra rede social”.

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