OPA da Cofina à Media Capital: Sindicato dos Jornalistas quer mais esclarecimentos sobre negócio
SJ lembra que “lamentavelmente, este tipo de fusões tem-se traduzido em cortes de pessoal e emagrecimento de redações". Considera fulcral reunir-se com as administrações dos dois grupos.
O Sindicato dos Jornalistas (SJ) disse este sábado que vai voltar a pedir esclarecimentos sobre o impacto editorial e laboral da compra da Media Capital pelo grupo Cofina. A Cofina SGPS anunciou que chegou a acordo com a espanhola Prisa para comprar a totalidade das ações que detém na Media Capital, valorizando a empresa dona da TVI em 255 milhões de euros.
O SJ que, há um mês, manifestou preocupação com o negócio Cofina/Prisa, tendo questionado as administrações de ambas as empresas, vai voltar assim a pedir esclarecimentos sobre o impacto editorial e laboral da compra do Grupo Media Capital pelo grupo Cofina.
“Quando, há um mês, o SJ pediu reuniões com as administrações da Cofina e do Grupo Media Capital, ambas se escudaram no facto de ainda não haver negócio e, portanto, não haver razões para receber o SJ. Como agora já há, o SJ vai voltar a escrever-lhes”, refere.
O SJ considera que a excessiva concentração dos media tem repercussões ao nível da pluralidade e qualidade da informação e, nesse sentido, que a Entidade Reguladora para a Comunicação Social (ERC) tem de se pronunciar rapidamente sobre o negócio em curso.
"Lamentavelmente, este tipo de fusões tem-se traduzido em cortes de pessoal e emagrecimento de redações, pelo que considera fulcral reunir-se com as administrações dos dois grupos no sentido de antecipar o impacto laboral de uma eventual fusão e de proteger os direitos dos jornalistas.”
A Cofina é dona dos órgãos de informação Jornal de Negócios, Correio da Manhã, Record, CMTV, Sábado, entre outros. Já a Media Capital detém a TVI e a Rádio Comercial. “Recorde-se que a Prisa, que controla a Media Capital, não obteve luz verde da Autoridade da Concorrência para vender a empresa à Altice em 2017“, sinaliza ainda o sindicato.
O SJ assinala que, por norma, e “lamentavelmente, este tipo de fusões tem-se traduzido em cortes de pessoal e emagrecimento de redações, pelo que considera fulcral reunir-se com as administrações dos dois grupos no sentido de antecipar o impacto laboral de uma eventual fusão e de proteger os direitos dos jornalistas”.
“Essa proteção de direitos é a maior preocupação do SJ, que tem estado em contacto com os seus associados em ambos os grupos, manifestando-lhes que está à sua disposição para o que entenderem ser necessário”, refere.
Paulo Fernandes garante que não haverá despedimentos
Numa carta enviada aos trabalhadores, a que a agência Lusa teve acesso, o presidente do Conselho de Administração da Cofina SGPS, Paulo Fernandes, garantiu que o acordo com a espanhola Prisa pretende manter “linhas editoriais” e “todos os profissionais” dispostos a colaborar no novo projeto.
“Após um intenso período negocial, foi concluído um importante passo no sentido de assegurar o desenvolvimento e o crescimento da empresa e a sua sustentabilidade futura”, refere o responsável, especificando que os ativos detidos pela Cofina terão uma ampla complementaridade com os ativos detidos pela Media Capital, partilhando valores como a independência, a total autonomia das linhas editoriais dos diversos meios, e a sustentabilidade financeira.
“Esta aquisição garante a existência de um grupo de media independente e capaz de reforçar o papel que os media têm enquanto pilar essencial à vida de uma sociedade democrática”, lê-se ainda no documento.
"O novo Grupo Cofina constituir-se-á como uma plataforma capaz de assegurar aos portugueses uma oferta diversificada de conteúdos de informação e entretenimento, através da imprensa escrita, televisão e rádio, seja offline ou online.”
No que diz respeito à atividade de produção, segundo Paulo Fernandes, “o caminho passará por intensificar a criação de conteúdos de perfil exportador, tendo em vista a transposição para a legislação nacional da designada diretiva Netflix”.
“O novo Grupo Cofina constituir-se-á como uma plataforma capaz de assegurar aos portugueses uma oferta diversificada de conteúdos de informação e entretenimento, através da imprensa escrita, televisão e rádio, seja offline ou online”, reforça.
Caso a aquisição venha a ser aprovada pelos reguladores, o seu financiamento estará assegurado através de crédito bancário já aprovado e da realização de um aumento de capital, como foi hoje comunicado ao mercado.
“Excluindo a percentagem do capital em free-float [capital disperso], o aumento de capital está garantido em mais de 50% pelos atuais acionistas de referência, sendo, no entanto, possível que entrem novos investidores com posições qualificadas”, explica o líder da Cofina.
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