Ministro das Finanças admite que uma recessão na Alemanha “é um risco”

  • ECO e Lusa
  • 26 Setembro 2019

Mário Centeno admite que uma recessão na Alemanha “é um risco” para a economia, mas considera que o país tem "todos os instrumentos" para evitar que a recessão se propague pela Europa.

O ministro das Finanças, Mário Centeno, admitiu esta quinta-feira que uma recessão na Alemanha “é um risco” para a economia, durante um almoço de trabalho com empresários em Leiria.

“A Alemanha é um risco. A Alemanha é de todos os riscos aquele que é menos político. Olhamos para a situação na Alemanha e vemos algumas dificuldades um pouco mais substanciais do que as do risco político. Mas posso garantir, até como presidente do Eurogrupo, que a Alemanha tem todos os instrumentos para dar a volta por cima e evitar que uma recessão se instale na Europa”, afirmou em resposta a um dos empresários.

Mário Centeno lembrou que foram precisos seis anos para “crescer ininterruptamente na Europa” e em Portugal. “Aumentámos o emprego na Europa em mais de 11 milhões de trabalhadores nos últimos cinco anos. Quando os riscos são políticos temos de apelar aos políticos para os resolverem. É assim no ‘Brexit’, que é uma invenção política, não é um problema da economia”, sublinhou.

O governante acrescentou que a “situação alemã tem também uma dimensão que é política”, pelo que é preciso “apelar também aos políticos alemães e à Europa no seu conjunto para o resolver”.

Sobre o ‘Brexit’, Mário Centeno referiu ainda que, “apesar de ser muito importante em termos de riscos para a economia portuguesa”, todos se têm estado a preparar.

“É também a guerra comercial, que segue o ritmo do telemóvel do presidente dos Estados Unidos da América, mas que no fim do dia prejudica o desenvolvimento da economia internacional. Neste contexto de enormes incertezas que se reflete na desaceleração da Alemanha, a economia portuguesa tem resistido”, revelou.

Ou seja, “Portugal vai crescer um valor muito próximo de 2% em 2019, cumprindo mais uma vez aquilo que era a previsão do Governo no Orçamento do Estado, apesar da desaceleração das grandes economias europeias”, reforçou.

À margem do encontro com os empresários, Mário Centeno não confirmou as palavras do líder do PSD, que referiu que o ministro das Finanças não ficaria toda a legislatura no Governo, caso seja reeleito.

“Ao contrário do dr. Rui Rio, estou mais interessado nos desafios estruturais da economia portuguesa. O dr. Rui Rio ainda não conseguiu atualizar as suas estatísticas com base na informação que o INE divulgou. Garanto-vos uma coisa: o que está para ficar é a sustentabilidade da economia portuguesa, as suas alterações estruturais e a grande revolução que operámos nos números da economia portuguesa. Uma revolução, às vezes, leva tempo, vamos dar-lhe tempo”, rematou.

Eleições: Centeno considera que não é o momento para debate com Joaquim Sarmento

O ministro das Finanças, Mário Centeno, disse também esta quinta-feira, em Leiria, que não é o momento para debater com o porta-voz das Finanças do PSD, Joaquim Sarmento, as contas e os modelos económicos.

Estamos num processo eleitoral, tivemos os debates entre os líderes de cada um dos partidos. Esse é o debate que se espera que exista numa eleição. Todos os outros são feitos entre cabeças-de-lista e candidatos a deputados. Acho que não é desse debate que estamos a falar, portanto não é bem um debate eleitoral”, disse Mário Centeno, à margem de um encontro com empresários na Nerlei – Associação Empresarial de Leiria.

O ministro das Finanças salientou que “contas certas e números é coisa que não tem faltado neste debate”. “As contas que cada um apresentou, cada um tem de as defender. As minhas são muito claras e felizmente certas”, acrescentou.

Mário Centeno lembrou ainda que foi “mais de 100 vezes à Assembleia da República falar de contas certas” e apresentar a visão do PS dessas contas. “Aliás, o INE [Instituto Nacional de Estatística] dá razão a tudo o que temos vindo a dizer ao longo destes anos. O crescimento em 2017, neste momento, está estimado em 3,5. Lembro que no programa que apresentámos em 2015 tínhamos uma estimativa de 3,1%, para o conjunto dos quatro anos tínhamos uma estimativa de crescimento nominal de 17,2%”, disse.

O governante acrescentou que os números que hoje são conhecidos, “ainda provisórios” em 2018 e 2019, demonstram “um crescimento de 17%, sustentado no investimento que cresce 27% ao longo da legislatura: número praticamente idêntico” àquele que foi apresentado.

O presidente do PSD, Rui Rio, desafiou na terça-feira o ministro das Finanças, Mário Centeno, a aceitar debater com o seu porta-voz para as Finanças, Joaquim Sarmento, as contas e modelos económicos dos dois partidos.

Num almoço com empresários em Setúbal, Rio retomou parte dos temas dos debates de segunda-feira com o líder do PS, António Costa, onde ambos trocaram argumentos sobre o melhor modelo económico para o país e discutiram quem tinha “o melhor Centeno” nas finanças.

O líder do PSD saudou, depois, que a Antena 1 tenha convidado Sarmento e Centeno para um debate sobre matéria económica, que o porta-voz social-democrata para as Finanças Públicas já aceitou, e lançou um desafio.

“O professor Joaquim Sarmento já disse que sim. Se o dr. António Costa tem tanta segurança naquilo que foram os números que jogou para cima da mesa, seguramente que o seu Joaquim Sarmento – que se chama Mário Centeno – aceitará debater esses números”, considerou.

Rio defendeu mesmo que, depois de fechado o período de debates políticos, “fazer um ou outro debate técnico também ajuda a uma campanha eleitoral mais elevada”.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Comentários ({{ total }})

Ministro das Finanças admite que uma recessão na Alemanha “é um risco”

Respostas a {{ screenParentAuthor }} ({{ totalReplies }})

{{ noCommentsLabel }}

Ainda ninguém comentou este artigo.

Promova a discussão dando a sua opinião