Banco de Portugal vê economia a crescer 2% este ano. Supera previsão do Governo à conta do INE

A instituição liderada por Carlos Costa explica que a nova previsão de crescimento de 2% se deve à revisão dos dados de 2017 e 2018 pelo INE. Abrandamento vai continuar na mesma magnitude.

O Banco de Portugal reviu em alta a previsão de crescimento da economia portuguesa para 2019, esperando agora que a economia cresça 2% em vez dos 1,7% que previa em junho, mas alerta que a revisão em alta se deve à revisão operada pelo Instituto Nacional de Estatística, que afetou significativamente os dados relativos a 2017 e 2018. A instituição liderada por Carlos Costa continua a prever um abrandamento da economia, na mesma dimensão que em junho.

A economia portuguesa deverá crescer 2% este ano, mais três décimas que a previsão feita em junho, diz o Banco de Portugal no Boletim Económico de outubro publicado esta quinta-feira. A atualização das previsões, no entanto, não aponta para uma melhoria da economia portuguesa no próximo ano.

"O maior crescimento do PIB projetado para 2019 decorre essencialmente da incorporação da nova série de contas nacionais publicada recentemente pelo INE. A incorporação desta nova informação tem implicações significativas sobre o nível de crescimento e o perfil intra-anual dos principais agregados macroeconómicos, pelo que a projeção não é diretamente comparável com a publicada em junho.”

Banco de Portugal

Com a revisão da base contas nacionais levada a cabo pelo INE no mês passado, o valor do PIB foi revisto em alta, com a taxa de crescimento do ano passado a ser revista de 2,1% para 2,4%. O Banco de Portugal estima que este efeito de base tenha impacto na taxa de crescimento que prevê para este ano, que ajustou agora para os 2%, um ritmo de crescimento mais elevado que o esperado pelo Governo — que é de 1,9%, mas esta previsão foi realizada antes da revisão feita pelo INE.

“O maior crescimento do PIB projetado para 2019 decorre essencialmente da incorporação da nova série de contas nacionais publicada recentemente pelo INE. A incorporação desta nova informação tem implicações significativas sobre o nível de crescimento e o perfil intra-anual dos principais agregados macroeconómicos, pelo que a projeção não é diretamente comparável com a publicada em junho”, explica o banco central.

Apesar da revisão nas projeções, o Banco de Portugal continua a antecipar um abrandamento da economia este ano, e na mesma dimensão que a esperada em junho — com um abrandamento de 0,4 pontos percentuais face ao ano de 2018 –, com as diferentes componentes em níveis menores que o antecipado em junho, também como resultado da atualização feita pelo INE.

Mais investimento, menos consumo e exportações

Com a revisão do INE, algumas componentes do PIB também sofreram alterações significativas, o que tem impacto nas previsões feitas para este ano.

Segundo o Banco de Portugal, o investimento deverá crescer 7,2% este ano, mais 1,4 pontos percentuais que o verificado no ano passado, devido à atividade do setor da construção no primeiro semestre, e que se espera que continue o segundo semestre do ano, “influenciado pela execução de alguns projetos de infraestruturas de grande dimensão, nalguns casos associados a investimento público e beneficiando de financiamento europeu”.

Já o consumo, tanto público como privado, espera-se que venha a crescer a um ritmo mais lento que no ano passado. O banco central antecipa um alinhamento do ritmo de crescimento do consumo privado mais alinhado com o ritmo de crescimento económico, à medida que o efeito de compensação da compra de bens duradouros — adiada durante o período de maior restrição na economia — se começa a dissipar.

Desemprego não diminui tanto, mas pressiona a aumento de salários

O otimismo do Banco de Portugal foi moderado no que diz respeito às previsões para o mercado de trabalho. A instituição continua a prever uma redução do desemprego este ano, mas a um ritmo mais lento, prevendo agora que a taxa se fique pelos 6,4% em 2019, uma décima acima do esperado em junho, mas abaixo dos 6,6% que o Governo previu em junho.

Este menor otimismo deve-se essencialmente a uma revisão em baixa da previsão de crescimento do emprego, que deixou de ser 1,3% e passa agora a ser de 0,9%, que é mais otimista que a previsão do Governo (de abril), que é de um crescimento de 0,6% do emprego.

Apesar de os desenvolvimentos não serem tão otimistas como há uns meses, o banco central aponta que esta redução do desemprego e, consequentemente, a redução dos recursos disponíveis no mercado de trabalho, permite antecipar que “os salários deverão acelerar”.

“As limitações na oferta de trabalho e a dinâmica da procura têm contribuído para aumentar a pressão sobre os salários”, diz o Banco de Portugal.

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