IGCP: “Resultado eleitoral não suscitou grande preocupação” nos investidores
A vitória do PS nas eleições legislativas resultou numa solução que irá fazer acordos consoante os temas. Mesmo sem papel assinado, a presidente do Tesouro não vê preocupação nos investidores.
A nova solução governativa que resultou das eleições legislativas do domingo passado não preocupa os investidores, apesar de não haver um acordo assinado entre os vários partidos. Cristina Casalinho, presidente da Agência de Gestão da Tesouraria e da Dívida Pública – IGCP, diz que a prova disso são os juros da dívida portuguesa abaixo dos de Espanha.
“As eleições aconteceram há uma semana e desde então tive poucos contactos com investidores, mas os contactos que tive não pronunciam um grande nível de preocupação com a situação política portuguesa“, afirmou Cristina Casalinho, à margem do seminário Mercados de dívida pública – Desafios num quadro de aprofundamento da UEM, esta segunda-feira, em Lisboa. “A configuração do resultado eleitoral não me parece ter suscitado grandes preocupações”.
António Costa anunciou que o PS fará um governo minoritário e procurará apoios no Parlamento caso a caso para as leis que quiser fazer passar na Assembleia da República. A solução parece menos estável do que a geringonça em vigor na atual legislatura. No entanto, Cristina Casalinho aponta para os juros da dívida como barómetro do sentimento dos mercados em relação à solução encontrada.
A configuração do resultado eleitoral não me parece ter suscitado grandes preocupações.
“Temos uma boa evidência com o comportamento das taxas de juro portuguesas. O que vemos é que, com as eleições espanholas a aproximarem-se, houve uma inversão do prémio de risco dos dois países. Portanto, Portugal a transacionar com taxas de juro mais baixas do que Espanha, o que evidencia bem a perceção que os mercados e os investidores tiveram em relação aos resultados eleitorais. Penso que podemos dizer que foi positiva”, sublinhou.
Depois de ter acontecido temporariamente no início de setembro, foi depois das eleições que os juros da dívida portuguesa a dez anos passaram a ser mais baixos que os de Espanha com a mesma maturidade. Esta segunda-feira, os títulos nacionais negoceiam com uma yield de 0,17% em mercado secundário, enquanto os pares espanhóis com uma yield de 0,21%.
Na semana passada, o Tesouro realizou também uma emissão de nova dívida que, sendo a primeira depois das eleições, sinalizou a despreocupação dos investidores. Portugal pagou apenas 0,49% para emitir 750 milhões de euros em obrigações a 15 anos, ou seja, conseguiu o juro mais baixo de sempre para se financiar a esta maturidade.
(Notícia atualizada às 12h25)
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