Economista-chefe do FMI alerta que com menos crescimento não há margem para erros políticos
A economista-chefe do FMI instou os decisores políticos a reduzirem "urgentemente" a tensão comercial e afirmou que "com um crescimento de 3%, não há margem para erros políticos.
A economista-chefe do Fundo Monetário Internacional (FMI), Gita Gopinath, instou esta terça-feira os decisores políticos a reduzirem “urgentemente” a tensão comercial e afirmou que “com um crescimento de 3%, não há margem para erros políticos”.
O FMI anunciou esta terça-feira que reviu em baixa as suas previsões de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) mundial para 3% em 2019, o mais fraco desde a crise financeira, apontando como principal causa a guerra comercial entre Estados Unidos e China, que se arrasta há mais de um ano e deverá levar a um corte no PIB de 0,8%.
Estas estimativas foram feitas antes de ter sido anunciado um acordo comercial de princípio entre as duas maiores economias mundiais, na passada sexta-feira. “Acolhemos favoravelmente todos os passos no sentido de baixar a tensão”, afirmou Gopinath em conferência de imprensa.
Se o acordo entre Washington e Pequim for efetivamente assinado, o impacto no PIB será de 0,1 ou de 0,2 pontos percentuais, acrescentou, explicando que a redução da confiança, um efeito secundário, deve durar mais tempo.
A persistência de tensão geopolítica, nomeadamente no Médio Oriente, o difícil processo de saída do Reino Unido da União Europeia (‘Brexit’) e um setor transformador mais lento, em particular no setor automóvel, são outros riscos que levaram o FMI a reduzir, pela quinta vez no período de um ano, as previsões de crescimento mundial.
“A economia mundial encontra-se numa desaceleração sincronizada“, afirmou Gopinath, repetindo uma expressão já utilizada pela diretora-geral do FMI, Kristalina Georgieva.
Washington e Pequim, que têm estado no centro de uma guerra de taxas alfandegárias desde março de 2018, viram as suas previsões de crescimento baixarem em relação ao que tinha sido antecipado em julho.
O crescimento norte-americano deve cair para 2,4% (menos 0,2 pontos) e o da China deve ficar em 6,1% (menos 0,1 ponto).
“A incerteza ligada ao comércio teve efeitos no investimento” nos Estados Unidos, observou o FMI, sublinhando, no entanto, que “o emprego e o consumo continuam robustos”.
“Na China, a degradação do crescimento reflete não apenas o aumento das tarifas, mas também o abrandamento consecutivo da procura interna”, avançou a instituição.
Para o futuro, o FMI antecipa uma recuperação do crescimento mundial para 3,4% em 2020, 0,1 pontos abaixo do que previra anteriormente.
“No entanto, ao contrário da desaceleração que é sincronizada, esta recuperação não é geral e é precária”, advertiu Gita Gopinath, assinalando que o abrandamento deve continuar nos Estados Unidos, na China e no Japão.
“Nesta fase, os erros políticos, como um ‘Brexit’ sem acordo ou uma escalada nos conflitos comerciais podem minar seriamente a confiança, o crescimento e a criação de emprego”, insistiu o FMI, alertando ainda para a volatilidade dos mercados financeiros.
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