Como fica o equilíbrio de forças no BCP com a saída do Sabadell?

Com a saída do Sabadell, o banco liderado por Nuno Amado fica com quatro acionistas de referência, com a Fosun e a Sonangol como vedetas de uma guerra pelo controlo do BCP.

O Sabadell confirmou esta manhã a sua saída do capital do BCP, após 16 anos. Uma decisão que o banco espanhol justifica com a entrada da Fosun na instituição financeira liderada por Nuno Amado, e que acontece a escassos dias da assembleia-geral de acionistas que poderá ditar uma nova estrutura acionista para o BCP.

O Banco Sabadell informou que alienou uma posição de 4,08% no BCP, ficando para já com uma participação de 0,14% do capital social da instituição financeira portuguesa, tendo assumido com o Citi “um compromisso de não alienação (lock-up), sem o consentimento prévio por escrito do Citi, por um período de 90 dias.

A decisão de saída do BCP, foi justificada pelo banco espanhol com a entrada da Fosun. “Com a entrada da Fosun, só nos restava aumentar a nossa participação ou retirar-nos da corrida ao controlo do BCP”, disse fonte oficial do banco espanhol à lusa nesta segunda-feira. “Como os chineses querem aumentar a sua participação, o razoável é nós reduzirmos a nossa”, acrescentou a mesma fonte.

O Sabadell é acionista de longa data do BCP e a venda acontece numa altura em que os chineses da Fosun entraram no capital do banco português, assumindo uma posição de 16,67%. O segundo maior acionista passou a ser a Sonangol que viu a sua posição diluída para os 14,87%.

O Sabadell, que era o segundo maior acionista do banco liderado por Nuno Amado (na foto) atrás da Sonangol, com a entrada da Fosun desceu para a terceira posição, com uma participação de 4,1%. O BCP perde assim um dos acionistas de referência, que passam agora a ser quatro.

Nova estrutura acionista do BCP

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Fonte: CaixaBI

A saída do Sabadell acontece antes de possíveis mudanças na estrutura acionista do que têm como principais vedetas o grupo chinês Fosun e a angolana Sonangol. A 19 de dezembro, ocorre uma assembleia-geral do banco onde pode ser decidida a subida dos limite máximos de voto para 30%, o que é desejado pela Fosun. A reunião foi adiada para essa data com o objetivo de que também a Sonangol possa receber luz verde do BCE para superar a fasquia dos 20%, aval que já foi dado à Fosun.

A questão que ainda não teve resposta é a quem o Sabadell terá vendido a sua posição, já que essa informação não foi divulgada atendendo a que a operação ainda não está completamente finalizada. O banco espanhol poderá assim assumir um papel de ator secundário num filme que tem como principais protagonistas a Fosun e a Sonangol.

 

Venda é negativa para o BCP, diz Haitong

A confirmação da alienação da posição do Sabadell, esta manhã, está a ditar fortes perdas para os títulos do BCP na bolsa nacional. As ações do banco liderado por Nuno Amado afundam 10,47%, para os 1,1551 euros, sendo que já chegaram a resvalar 12%.

Segundo o Haitong, a saída do Sabadell do BCP é negativa para as ações do banco português. Numa nota divulgada esta manhã, o banco de investimento diz que a alienação é “negativa para as ações do BCP, considerando o desconto da colocação e o facto de o Sabadell ter sido um acionista de apoio nos últimos anos“. O Haitong explica que o banco espanhol vendeu a sua posição após um fraco desempenho das ações da instituição financeira liderada por Nuno Amado. O título desvalorizou 65% desde o início do ano, um desempenho que contrasta com um recuo de 1% do índice PSI-20.

Já do ponto de vista do Sabadell, o Haitong considera que o efeito da venda da sua posição no banco português tem um impacto neutral.

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