Seguros de saúde: como assegurar a sustentabilidade dos benefícios?
AdvanceCare, Multicare e Médis debateram os desafios de um futuro sustentável no setor segurador de saúde, na 1.ª conferência da Willis Towers Watson sobre saúde e benefícios.
Os empregadores portugueses gastam 15% da massa salarial em benefícios e o seguro de saúde é o seguro mais utilizado em Portugal, disponibilizado por 89% das empresas. Estes são alguns dos números do “Estudo Tendências em Benefícios“, que analisou as respostas de mais de 4.000 empresas em todo o mundo, e que foi desenvolvido este ano pela Willis Towers Watson (WTW) e apresentado na 1.ª conferência Willis Towers Watson sobre saúde e benefícios, que decorreu esta sexta-feira na Nova SBE, em Carcavelos, integrada no Greenfest.
No debate “Sustentabilidade dos benefícios – um olhar para o futuro“, os representantes das seguradoras AdvanceCare, Multicare e Médis, e da própria Willis Towers Watson — que assume um papel mediador entre as seguradoras e as empresas — falaram sobre as tendências do setor e refletiram sobre a possibilidade de um futuro sustentável na área dos seguros de saúde.
Como garantir a sustentabilidade dos benefícios?
Os problemas de saúde mental afetam uma em cada seis pessoas na União Europeia, e Portugal é o quinto país da UE com maior incidência deste tipo de doenças. A procura por seguros de saúde cresce, fazendo com que os benefícios em saúde sejam, hoje, o mais procurado pelos colaboradores nas organizações.
A saúde “é um dos benefícios que está mais exposto à pressão dos custos”, devido aos hábitos de consumo ou à facilidade de acesso aos seguros privados, explica Alexandre Falcão, senior consultant da WTW. Na Europa, 44% das seguradoras identificam as doenças do foro da saúde mental como uma das três principais patologias dos próximos três anos.
Para as seguradoras, “a informação é um fator essencial para tomar as melhores decisões e para as sustentar”, sublinha Alexandre Falcão. E, os próximos anos, acrescenta, vão exigir “investimento de tempo, alguma criatividade e envolvimento dos parceiros e dos fornecedores dos benefícios”, tendo sempre como objetivo um futuro sustentável.
Mas como garantir a sustentabilidade dos benefícios? O seguro de saúde é o tipo de seguro com maior prevalência em Portugal, mas com o envelhecimento da população, a fatia crescente de clientes urbanos e o desenvolvimento da tecnologia estão a desafiar o setor das seguradoras. José Pedro Inácio, CEO da AdvanceCare, acredita que os colaboradores nas organizações são cada vez mais exigentes. “Têm muito mais educação”, o que se manifesta numa “tendência macro, mas que tem influência nos seguros de saúde”, reforça. “Não podemos ser só os financiadores do tratamento, temos de estar presentes do momento A até ao momento final”, reforça.
“Se as doenças forem detetadas mais cedo, os custos serão muito menos”, defende José Pedro Inácio. Para Maria João Sales Luís, membro da comissão executiva da Multicare, é urgente levar as pessoas a adotar estilos de vida mais saudáveis e “educar os recursos humanos para uma vida sustentável”, refere.
“Estar antes da doença”
“Qual a visão para o seguro de saúde e para os benefícios das empresas?”, é a pergunta a fazer quando se pensa na saúde dentro das organizações, defende o CEO da AdvanceCare. Para José Pedro Inácio, a saúde tem deve ser considerada “um investimento”. Por isso, as empresas têm de deixar de ver estes temas como custos e passar a considerá-los “questões de longo prazo”, numa perspetiva de prevenção.
Um dos desafios é a “mudança do paradigma de mentalidades”, sublinha Natália Bernardo, senior consultant da WTW. “As pessoas têm de saber onde querem estar “e decidir se querem “estar num seguro para prevenir riscos no futuro”, ou “para situações imediatas de consumo”, alerta. “O bem-estar é algo que queremos ter no momento presente, e garantir que vai acontecer no futuro para a população em geral”, acrescenta Pedro Correia, da comissão de gestão da Médis.
"Quanto melhor conhecermos o comportamento das nossas empresas, mais podemos ajudar a desenvolver estes programas.”
Para a representante da Multicare, é preciso “estar antes da doença”. “É necessário incentivar e premiar quem tem a missão de se manter saudável”, reforça Maria João Sales Luís.
A Médis aposta na prevenção com o “Plano Empresa Saudável“, através do qual se incentiva o rastreio de doenças crónicas, oncológicas ou diabetes. A Multicare tem apostado em plataformas médicas remotas que permitem aos utilizadores ter acesso a cuidados primários, de bem-estar, nutrição, e tabagismo. Não há prevenção sem boa comunicação. “Se não tivermos a abertura para desenvolver planos de comunicação interna, pouco ou nenhum sucesso vamos ter”, reforça Pedro Correia.
Saúde: o benefício que as empresas (e os colaboradores) procuram
“A sustentabilidade dos benefícios é algo que preocupa bastante as organizações em Portugal. Existe uma utilização e uma procura cada vez maior dos benefícios enquanto complemento salarial ao package que os colaboradores têm”, sublinha o head of health & benefits da Willis Towers Watson.
A comunicação pode ser a chave para conseguir identificar as “verdadeiras dores da empresa”, exemplifica Natália Bernardo. O setor dos seguros deve ter um “papel pedagógico”, disponibilizando mais informação às organizações. “Quanto melhor conhecermos o comportamento das nossas empresas, mais podemos ajudar a desenvolver programas”, sublinha Natália.
Para “mudar hábitos” é preciso “repetir novos comportamentos”, reforçou Pedro Norton de Matos, fundador do Greenfest e orador que procedeu o debate. “É o “r” de reduzir, é o “r” de reduzir o risco”, rematou o fundador, fazendo um paralelismo entre o ADN do Greenfest e a urgência na sustentabilidade dos benefícios em saúde, em Portugal e no mundo.
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