Lucro da Caixa chega aos 640 milhões com vendas dos bancos em Espanha e África do Sul

Banco público conseguiu aumentar lucros em 70% nos primeiros nove meses do ano, com o resultado a ser impulsionado pela venda dos negócios em Espanha e África do Sul.

A Caixa Geral de Depósitos (CGD) registou uma subida de 74% dos lucros para 640,9 milhões de euros nos primeiros nove meses do ano, com o resultado a ser impulsionado sobretudo pela alienação dos bancos em Espanha e África do Sul.

O banco público fechou nos últimos meses as vendas do espanhol Banco Caixa Geral ao Abanca e do sul-africano Mercantile Bank ao Capitec, dois negócios que deram um ganho de quase 160 milhões à CGD. “Esta evolução originou a reversão de 159 milhões de euros da imparidade resultante do preço de venda alcançado no processo negocial”, lê-se no comunicado das contas. Neste momento, há mais duas vendas em curso: em Cabo Verde e no Brasil.

O resultado recorrente, sem contar com efeitos extraordinários como estas duas operações, situou-se nos 480 milhões de euros, registando uma subida de 30% face ao mesmo período do ano passado.

BCE pressiona margem

No que toca à margem financeira, que resulta da diferença entre os juros cobrados e os juros pagos e tem sido altamente pressionada pela política monetária do Banco Central Europeu (BCE), houve uma redução de 2,2% para os 851 milhões de euros. “Há uma enorme pressão na margem”, reconheceu José de Brito, administrador financeiro da CGD, na apresentação de resultados. “É de prever que a pressão continue a fazer-se sentir no quarto trimestre e no início do próximo ano”, acrescentou, citando a queda das taxas nos últimos meses e que ainda não estão totalmente refletidas no pricing.

As receitas com comissões aumentaram 2,8% para 467,7 milhões de euros, refletindo o aumento das comissões aplicadas aos clientes — um aspeto transversal ao resto da banca.

Feitas as contas, o produto bancário manteve-se estável entre janeiro e setembro nos 1.387,4 milhões de euros.

Stock de crédito baixa dos 50 mil milhões

Olhando para o balanço, o crédito a clientes caiu quase 4% com o stock de empréstimos a baixar dos 50 mil milhões de euros no final de setembro. O banco destaca a redução do financiamento a empresas públicas, que contraiu 30% face ao mesmo período do ano passado, totalizando agora os 3,5 mil milhões de euros. José de Brito explicou que as empresas do Estado estão a procurar financiamento mais barato no Tesouro.

Nos depósitos de clientes, onde o banco continua a reclamar uma posição de liderança, com uma quota acima de 25%, há um aumento de 3,0% para 64,7 mil milhões de euros.

Manteve-se a tendência de melhoria da qualidade dos ativos, destaca a instituição, com o rácio de NPL (crédito malparado) a atingir os 6,6% e o rácio líquido (já contabilizadas as imparidades e que mostra o real risco de crédito da CGD) a situar-se nos 2,2%, o que corresponde a um valor global de 1,3 mil milhões de euros.

Os rácios, fully loaded, CET1, Tier 1 e Total situaram-se em 15,6%, 16,6% e 18,0%, respetivamente, cumprindo confortavelmente os requisitos de capital.

(Notícia atualizada às 17h38 com mais informação)

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