Portugal vê juros subirem no último leilão de obrigações do ano

Portugal financiou-se em 970 milhões de euros em dívida a dez anos e o custo da emissão agravou-se ligeiramente face à anterior operação.

Portugal viu a taxa de juro subir no último leilão de obrigações deste ano. O Tesouro financiou-se esta manhã em quase 1.000 milhões de euros em títulos de dívida a dez anos, com o custo da emissão a agravar-se ligeiramente face à anterior operação.

Os investidores exigiram um juro de 0,333% para “comprarem” 970 milhões de euros em títulos portugueses. É uma taxa superior àquela que a República pagou em setembro, quando “vendeu” 600 milhões de euros com um juro de 0,264%.

Por outro lado, o mercado revelou um menor apetite desta vez: a procura situou-se 1,63 vezes acima da oferta, quando na última operação comparável a procura tinha ficado duas vezes acima da oferta. O montante de dívida emitida acabou por ficar pouco aquém do intervalo máximo indicativo fixado nos 1.000 milhões de euros.

Apesar do ligeiro agravamento dos custos, o leilão desta quarta-feira registou a segunda taxa de juro mais baixa de sempre, refletindo o ambiente de juros em mínimos promovido pelo Banco Central Europeu (BCE). A subida do custo da dívida pode ser explicada com a última decisão do BCE de criar dois escalões nos juros dos depósitos: com este mecanismo, os bancos ficam isentos, até determinado montante, de pagar uma taxa de 0,5% pelo excesso de liquidez que depositam no banco central.

Juro sobe, mas pouco

Fonte: IGCP

Por causa disto, já era mais ou menos expectável uma subida do custo da nova dívida, até porque os juros em mercado secundário também iniciaram uma tendência em alta no último mês. Os juros das obrigações a dez anos estão nos 0,357%.

“Esta subida acaba por refletir um movimento que assistimos em toda a dívida soberana europeia, a título de exemplo os dez anos alemães vieram dos -0.564% para os -0.288%. As políticas acomodatícias dos bancos centrais, bem como o abrandamento económico mundial, continuam a suportar as taxas de juro em mínimos históricos”, explica Filipe Silva, do Banco Carregosa.

“A tendência não deve mudar muito nos próximos meses. O cenário atual tem permitido a Portugal estender a maturidade da sua dívida a taxas cada vez mais baixas. No início do ano para o mesmo prazo estávamos a pagar 1,568% e agora pagamos 0,333% é esta poupança que tem permitido ter margem de manobra para reembolsar antecipadamente alguns dos empréstimos concedidos pelo Fundo Europeu de Estabilização Financeira”, acrescentou.

Segundo o IGCP, o custo médio da dívida emitida entre janeiro e setembro de 2019 fixou-se em 1,2%, no valor mais baixo de sempre.

(Notícia atualizada às 11h13)

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