Crescimento do consumo das famílias quase duplica e salva PIB
As despesas com bens duradouros cresceram 4,75 vezes mais do que no trimestre anterior. Famílias foram determinantes no desempenho da procura interna que mais que compensou a frente externa.
As decisões de compras das famílias no terceiro trimestre do ano foram determinantes para o desempenho da economia nesse trimestre. Nos inquéritos de conjuntura, os consumidores já tinham sinalizado a vontade de fazer compras importantes, contrariando a tendência que se desenhava até ao início do verão, mas os números que o Instituto Nacional de Estatística (INE) publicou esta sexta-feira dão uma ideia mais clara da relevância do consumo entre julho e setembro.
Entre o segundo e o terceiro trimestre, o consumo das famílias subiu 1,1%, o que compara com uma taxa de variação em cadeia de 0,6% registada no trimestre anterior. Este salto nas compras foi evidente tanto no consumo de bens duradouros como no consumo de bens não duradouros.
Economia abrandou no terceiro trimestre
No primeiro caso, dos bens duradouros, a taxa de variação em cadeia — que mede a evolução entre um trimestre e outro — evoluiu de 0,4% no segundo trimestre do ano para 1,9% no terceiro. Também nos bens não duradouros e serviços verificou-se um impulso nas compras entre os dois períodos em análise, com as taxas de crescimento em cadeia a passar de 0,6% para 1,1%.
O inquérito de conjuntura que o INE faz para medir a confiança dos consumidores, referente a setembro, já antecipava que as famílias estavam a fazer compras importantes ao mesmo tempo que perspetivavam fazê-las também nos meses seguintes. “As apreciações relativas à realização de compras importantes aumentaram nos últimos quatro meses, de forma mais significativa em agosto”, revelava o INE.
Esta tendência acabou por ser visível também ao nível da evolução das taxas de variação homóloga nos dois tipos de bens. As despesas de consumo das famílias residentes em bens duradouros cresceram 0,8% no terceiro trimestre quando comparado com o mesmo período do ano anterior, o que compara com uma taxa de variação homóloga de -1,2% no trimestre anterior. No caso dos bens não duradouros e serviços o salto da taxa de variação homóloga foi bem mais modesto, de 2,4% para 2,5%.
Ao mesmo tempo que o consumo das famílias ganhou força — também a sua variação homóloga acelerou de 2,1% para 2,4% –, o investimento abranda. A taxa de variação em cadeia foi de 1%, o que compara com um crescimento de 1,2% no segundo trimestre. Descontando o efeito das existências — que medem o investimento parado em armazém — a variação em cadeia da Formação Bruta em Capital Fixo (FBCF) apresentou um recuo de 1,4%, acentuando a queda em relação à evolução do período anterior quando caiu 0,1%.
A comparação com o que se passou no mesmo trimestre de há um ano aponta também para uma evolução desfavorável. O investimento cresceu 8,8%, o que compara com 10,5% no segundo trimestre. A FBCF passou de uma taxa de variação homóloga de 8,2% para 5,8%.
O INE explica que “a FBCF em Equipamento de Transporte destacou-se ao apresentar uma diminuição de 8% em termos homólogos, após ter aumentado 6,9% no trimestre anterior, refletindo em parte o efeito base do acentuado crescimento verificado no 3º trimestre de 2018”.
A evolução do consumo privado conjugada com a do investimento resultou num forte contributo da procura interna para a evolução da economia. O PIB cresceu 0,3% no terceiro trimestre em relação aos três meses imediatamente anteriores, metade do que tinha subido no trimestre anterior.
A procura interna deu um contributo de 0,9 pontos percentuais para este crescimento do PIB de 0,3%. Este contributo foi reforçado precisamente em 0,3 pontos percentuais face ao verificado no trimestre anterior. Ou seja, se não fosse esta procura interna, assente no impulso do consumo das famílias, o crescimento em cadeia teria sido nulo.
Isto porque a procura externa líquida deu um contributo negativo de 0,6 pontos percentuais depois de ter sido nulo no segundo trimestre.
Também a variação homóloga revelou um peso da procura interna em detrimento da procura externa líquida. Para o crescimento do PIB de 1,9% contribuíram 3,2 pontos percentuais da procura interna (o mesmo que no trimestre anterior) e menos 1,3 pontos percentuais da procura externa líquida.
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