Nelson Tanure sai da Pharol com “dezenas de milhões de euros de prejuízo”
No dia em que se conhece a renúncia de Nelson Tanure à administração da Pharol, o empresário brasileiro garante ao ECO ter tido "dezenas de milhões de euros" de prejuízo com a aposta na empresa.
Nelson Tanure renunciou ao cargo de administrador não executivo da Pharol PHR 0,00% e não esconde o desapontamento com a aposta feita. O gestor brasileiro garante, em declarações escritas ao ECO, que abandona a empresa com perdas avultadas.
“Realmente, pedi demissão e vendi a participação com grande prejuízo. Dezenas de milhões de euros de prejuízo”, afirmou. No entanto, instado a revelar as razões que o levaram à decisão, Nelson Tanure remeteu para a carta de demissão, que diz ter depositado junto da Pharol, recusando divulgar a mesma por impedimento das “regras de compliance“.
Realmente pedi demissão e vendi a participação com grande prejuízo. Dezenas de milhões de euros de prejuízo.
Nelson Tanure chegou a controlar mais de 18% da Pharol, de forma direta e indireta, apesar de os estatutos estarem blindados a 10%. Tal facto levou a CMVM a declarar a “falta de transparência” das três sociedades ligadas ao empresário, retirando-lhes os direitos de voto.
A única entidade em que Nelson Tanure surgia como beneficiário efetivo, a Blackhill Holding Limited, chegou a controlar 6,31%. Mas deixou de ter uma participação qualificada na empresa em maio deste ano, altura em que as ações da Pharol valiam 15,3 cêntimos. Valem, agora, pouco mais de 10 cêntimos.
Pharol em queda na bolsa de Lisboa
Tanure segue-se a Schapira
“A minha carta [de demissão] está na Pharol, junto com a do representante do [fundo] Adar, que também renunciou”, referiu Nelson Tanure na mesma resposta ao ECO, referindo-se a outra demissão na Pharol anunciada à CMVM, a 31 de outubro. O representante em causa é Bryan Schapira.
A Adar Capital Partners chegou a deter mais de 10% da Pharol e nomeou esse administrador para a Pharol em maio de 2018. Mas desinvestiu na empresa este ano, praticamente na mesma altura em que entrou um novo acionista na Pharol: a Real Vida Seguros (RVS), detida pela Patris, de Gonçalo Pereira Coutinho.
Este nome fecha o ciclo de Nelson Tanure na Pharol: foi a RVS que solicitou a marcação da assembleia geral extraordinária de 18 de dezembro, onde vai ser votada uma proposta para destituir Nelson Tanure, além de Jorge das Neves e Aristóteles Drummond.
Ao ECO, a RVS, escusando-se a comentar a saída de Tanure, diz que mesmo depois desta decisão do empresário brasileiro “mantém as propostas” de destituição e redução do número mínimo e máximo de membros do conselho de administração da Pharol por considerar que são “estruturais”.
BCP já vendeu tudo o que era de Tanure
A High Bridge é uma empresa unipessoal e chegou às páginas dos jornais em meados de 2017, altura em que comprou mais de 6% da Pharol ao BCP. Sempre foi associada ao empresário Nelson Tanure, sendo uma das que ficou sem direitos de voto na Pharol por ordem da CMVM.
Este ano, o banco liderado por Miguel Maya assumiu o controlo da High Bridge devido a um “incumprimento” por parte desta última. Desde logo, assumiu a intenção de forçar a High Bridge, com 9,99%, a desinvestir na Pharol, um plano concluído esta terça-feira: a sociedade indiretamente controlada por Tanure já não tem qualquer participação na antiga holding da PT.
“A Pharol informa […] ter recebido da High Bridge Unipessoal a comunicação de que desde o dia 5 de dezembro de 2019 deixou de deter qualquer participação no capital social da Pharol, não detendo qualquer ação representativa do mesmo”, lê-se num comunicado enviado à CMVM. Desde setembro que a High Bridge detinha menos de 5% da cotada portuguesa.
(Notícia corrigida dia 11 de dezembro, às 11h30, para incluir a data do anúncio de demissão de Bryan Schapira)
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