O YouTube precisa de um rewind

O YouTube Rewind 2018 foi o vídeo com mais "dislikes" de sempre. Um sinal de que a plataforma da Google precisa ela própria de um rewind, para deixar de ser o cantinho escuro da internet.

Todos os anos, o YouTube publica o resumo do ano, o Rewind. É uma autêntica produção “hollywoodesca”, que junta no mesmo ecrã as principais celebridades do YouTube, os artistas mais ouvidos e os memes mais engraçados. Um potpourri com todos os ingredientes necessários para dar um conteúdo viral.

O resumo de 2019 saiu no final da semana passada. E, pela primeira vez, o Rewind não foi um vídeo com grande estilo, repleto de difíceis manobras de gravação e altamente idealizado. Em vez disso, este ano, a empresa optou por um “corta e cose” dos vídeos com mais “likes” da plataforma.

No início do vídeo, o YouTube admite a razão: o Rewind anterior, que resumia 2018, bateu o recorde de vídeo com mais “dislikes” de sempre. Sim, o vídeo com mais “dislikes” da história do YouTube foi feito… pelo próprio YouTube. O que não deixa de ser curioso para a maior plataforma de vídeos do mundo, à luz do contexto atual.

E qual foi esse contexto? Foi o de um ano marcante para o YouTube. Primeiro, mantiveram-se as polémicas causadas pelo êxodo de uma série de grandes anunciantes, que se cansaram de ver as suas marcas lado a lado com propaganda terrorista ou anti-semita, e outros conteúdos hediondos que tais.

Depois, à escala nacional, uma série de youtubers portugueses – que, juntos, terão mais audiência do que alguns dos principais meios de comunicação social do país – foram surpreendidos ao descobrirem que é errado promover sites de apostas ilegais nos seus canais. Sobretudo quando o público alvo são crianças.

Mas foi ainda o ano em que a União Europeia aprovou o “artigo 13” (e os outros), do qual Wuant, chamado Paulo Borges, foi um dos principais críticos. Uma diretiva que moderniza os direitos de autor e responsabiliza mais as plataformas como o YouTube pelo conteúdo que aí é publicado. A lei passou em Bruxelas, apesar do forte lóbi da Google e do Facebook.

O YouTube foi um dos primeiros sites a massificar-se na internet no início da década de 2000. Foi, aliás, uma das primeiras plataformas que eu próprio usei enquanto internauta. E é indiscutível o contributo que a mesma deu para a democratização da informação: permitiu-nos ver o que antes só era lido, de forma inovadora e simples, com uma vasta comunidade de espectadores capaz de fazer inveja ao Facebook.

Porém, concluído este ano de 2019, resta-nos esperar que a Google tome as medidas necessárias para “arranjar” o YouTube. Uma espécie de rewind, para que a plataforma volte a ser o espaço brilhante que foi outrora, ao invés do cantinho escuro nos confins da internet.

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