Há um ano em bolsa, Flexdeal pouco mexeu. CEO vê “espaço para valorização”

A SIMFE reforçou os lucros e o valor da empresa, mas a cotação pouco variou no primeiro ano em bolsa. Alberto Amaral considera que instrumento é pouco conhecido e condições do mercado não ajudam.

Entrada em bolsa da primeira Sociedade de Investimento para o Fomento da Economia (SIMFE) portuguesa, a Flexdeal – 21DEZ18Hugo Amaral/ECO

A Flexdeal celebra o primeiro aniversário em bolsa. Com pouca liquidez, as negociações têm sido limitadas e o preço pouco variou, mas o CEO Alberto Amaral considera que a situação está associada às características da empresa e do próprio mercado. Vê espaço para as ações valorizarem.

“Entrámos no PSI Geral no final de um ano bastante conturbado para o mercado de capitais, onde inclusivamente um conjunto de operações acabou por não se concretizar. Contudo, sempre tivemos a convicção e acreditámos que era possível concluir esta etapa com sucesso, algo que acabou por acontecer naturalmente”, recorda Alberto Amaral, em declarações ao ECO.

Após a colocação privada de um milhão de novas ações, as ações da Flexdeal entraram na bolsa de Lisboa a 24 de dezembro de 2018, a valer cinco euros. Passado um ano, negociou em apenas 22 sessões, com o preço por título a variar num intervalo limitado dos 4,93 euros aos 5,25 euros. Atualmente, está exatamente no preço de partida: cinco euros.

"O título da Flexdeal tem-se mantido no intervalo entre 5 euros e 5,25 euros, ou seja, acima do valor de emissão, o que indica, na minha opinião, que o mercado consegue percecionar a criação de valor futuro, não obstante ainda haver espaço para valorização face ao book value vs o market value.”

Alberto Amaral

CEO da Flexdeal

“Indica, na minha opinião, que o mercado consegue percecionar a criação de valor futuro, não obstante, ainda haver espaço para valorização face ao book value vs market value“, diz o CEO. O valor contabilístico da empresa situava-se, final de setembro, em 17,2 milhões de euros, enquanto o valor de mercado estava 9% abaixo, em 15,8 milhões.

Baixo volume de negociação na maioria das sessões

Fonte: Reuters

Flexdeal quer seduzir investidores com dividendos

A baixa liquidez deve-se, segundo Alberto Amaral, a “condições endógenas (Flexdeal) e exógenas (mercado capitais)” em que está inserida a empresa. A Flexdeal é a primeira (e atualmente única) Sociedade de Investimento para o Fomento da Economia (SIMFE), um instrumento criado no âmbito do Programa Capitalizar.

O objetivo é investir em pequenas e médias empresas (PME), mas também em mid caps e small mid caps. É obrigada a ser cotada em bolsa até um ano depois da constituição e a distribuir, pelo menos, 30% dos resultados na forma de dividendos. Com lucros de 877,3 mil euros nos 12 meses terminados em setembro (mais 121% que no período homólogo), a Flexdeal distribuiu 60% do resultado.

“Temos que perceber que temos um caminho a percorrer e que, semestre após semestre, temos de escrever e contar a nossa história para atrair novos investidores. A melhor forma de o fazer é termos a capacidade de distribuir dividendos anualmente e de forma sustentada“, refere.

E o objetivo é que a remuneração acionista se mantenha acima do limite legal. “Com este comprometimento, já temos um histórico e estamos a criar uma tendência que vai permitir encontramos o nosso espaço junto de novos investidores e obviamente a satisfação dos investidores atuais”, diz Alberto Amaral.

Private equity e bem-estar são as novidades

A Flexdeal foi a última empresa a entrar na bolsa de Lisboa, que se prepara para fechar 2019 sem nenhuma nova cotada. E é também a única SIMFE no país, o que o CEO considera ser um desafio devido à fraca promoção do instrumento e pela vontade de criar parcerias com outras SIMFE. “A génese desta figura tem um conjunto de características valiosas enquanto organismo de investimento coletivo, e penso que só por desconhecimento é que se possa justificar a ausência de novas sociedades”.

A empresa conta atualmente com uma carteira de 37 participações, mais 15 que há um ano. Os novos investimentos foram financiados com um aumento de capital no primeiro trimestre de 2018, bem como por parcerias de co-investimento, como é o caso da BAngels e do Instituição Financeira de Desenvolvimento (IFD).

"O crescimento foi conseguido por recurso ao aumento de capital e de parcerias de co-investimento, onde destaco a importância dos acordos realizados com BAngels e o IFD. Este reforçar do músculo financeiro, permitiu-nos realizar alguns investimentos de cariz mais private equity e entrar em novos setores de atividade, nomeadamente na área saúde e bem-estar (laboral).”

Alberto Amaral

CEO da Flexdeal

“Este reforçar do músculo financeiro, permitiu-nos realizar alguns investimentos de cariz mais private equity e entrar em novos setores de atividade, nomeadamente na área saúde e bem-estar (laboral)”, explicou Alberto Amaral. Os investimentos realizados no ano representam um crescimento homólogo de 22%, o que se traduziu num total de proveitos gerados de mais 58% face ao período homólogo.

“Continuamos a presentar resultados positivos e crescentes, sem nunca perdermos o equilíbrio financeiro através da mitigação dos riscos associados”, acrescentou, sublinhando que a Flexdeal não quer ser conhecida apenas como intermediário financeiro pelo que quer criar um espaço onde PME (participadas ou não) poderão aceder a produtos e serviços que satisfaçam necessidades.

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