Moção de Rio quer PSD preparado para governar a partir de 2021 e não fala de presidenciais
A moção de Rui Rio à presidência do PSD defende que o partido deverá estabelecer compromissos eleitorais com outras forças políticas com linhas programáticas convergentes.
A moção de Rui Rio à presidência do PSD defende que o partido estará “a partir de 2021 em condições reforçadas para governar Portugal”, sobretudo se escolher “uma liderança responsável e mobilizadora”, num texto omisso sobre eleições presidenciais.
Na moção de 32 páginas “Portugal ao Centro”, divulgada esta quinta-feira no site do PSD e que será apresentada publicamente na próxima semana, o atual presidente do partido apenas se refere em detalhe às eleições autárquicas de 2021, lembrando as perdas registadas pelo partido em 2013 e 2017.
“É urgente inverter essa tendência, mas é também indispensável reconhecer que não se ganha em ano e meio o que se perdeu em década e meia”, alerta, defendendo uma “recuperação firme e sustentada” e baseada em apoio a recandidaturas vencedoras e boas escolhas nos municípios onde o partido ficou próximo de ganhar.
A moção defende ainda que o PSD deverá estabelecer compromissos eleitorais “com outras forças políticas, movimentos e grupos de cidadãos independentes” que tenham linhas programáticas convergentes.
“Estamos certos de que ao estabelecer uma boa dinâmica de trabalho, com espírito de entreajuda e uma boa organização poderemos justificar a ambição de um resultado vitorioso nas próximas eleições autárquicas”, refere a moção, garantindo a criação de uma Comissão Autárquica logo após o congresso.
O texto, que desenha a estratégia para um mandato de dois anos, – até ao início de 2022 – nunca se refere às eleições presidenciais de janeiro de 2021, ao contrário das moções dos adversários de Rio, que manifestaram o apoio a uma eventual recandidatura do ex-líder social-democrata Marcelo Rebelo de Sousa (Luís Montenegro fala em “incondicional apoio” e Miguel Pinto Luz coloca alguns “pressupostos”).
Como pilares de uma “estratégia sustentada de vitória”, Rio aponta uma nova cultura política, assente na credibilidade e confiança. “Sendo o PSD o maior partido da oposição exige-se-lhe que assuma uma conduta responsável, colocando os interesses de Portugal acima dos interesses do partido. Portugal primeiro não é um mero slogan”, avisa, considerando que “a política espetáculo não pode ter lugar num partido que aspira a governar Portugal”.
Fazer do combate à corrupção uma das suas bandeiras, reforçar a marca reformista do PSD, continuar a dinamizar o Conselho Estratégico Nacional e valorizar o grupo parlamentar como principal frente de oposição ao Governo são outros dos pilares apontados na moção de Rio.
“Não queremos um grupo monolítico, mas esperamos de cada deputado a lealdade e empenho para um esforço e convergência em torno das opções políticas e estratégicas que vierem a ser aprovadas no próximo Congresso do PSD”, defende a moção.
“Se conseguirmos concretizar com sucesso as linhas estratégicas que acabámos de enunciar, poderemos assumir que a partir de 2021 o PSD estará em condições reforçadas para governar Portugal”, defende o texto, embora admitido que “não valerá a pena entrar em exercícios de adivinhação ou em delírios prospetivos quanto ao cumprimento da legislatura do atual Governo”.
Rui Rio esclareceu, entretanto, que a meta de 2021 definida na moção para o PSD estar pronto a governar Portugal corresponde aos dois anos de mandato em que se propõe fazer esse trabalho como presidente do partido. “Obviamente que durante estes dois anos o PSD tem de se preparar ainda melhor para governar, sendo certo que está consciente que, por um lado, a legislatura deve durar quatro anos, mas pode não durar quatro anos”, declarou, adiantando que não está todavia à espera que “dure seis meses, nem sete”.
Sobre a forma como pretende governar se for reeleito e o PSD for Governo, Rio entende que “no atual sistema partidário é relativamente difícil a qualquer partido ter uma maioria absoluta”. “Só dois partidos têm condições de ganhar eleições em Portugal, o PSD e o PS, e a probabilidade de ganharem com maioria absoluta é muito difícil. Se continuarmos com o sistema partidário tal e quela como ele está, qualquer governo terá sempre de conseguir um apoio num outro partido”, considerou.
Defendendo que o mais importante é melhorar as propostas do partido, a moção de Rio às eleições diretas de 11 de janeiro acrescenta outra condição para um resultado ganhador nas próximas legislativas. “Se à ambição conseguirmos acrescentar uma liderança responsável e mobilizadora, a credibilidade e a confiança indispensáveis ao bom cumprimento dessa missão, então teremos reunidas as condições que nos poderão conduzir à vitória”, afirma.
Rio não colocou presidenciais na moção “de propósito”
O candidato à liderança do PSD Rui Rio afirmou, esta quinta-feira, que deixou de fora da moção de estratégia as eleições presidenciais propositadamente por respeito ao chefe de Estado, Marcelo Rebelo de Sousa. À margem de uma reunião com militantes do distrito de Bragança, em Macedo de Cavaleiros, Rio explicou que a ausência das presidenciais da moção divulgada “é de propósito, porque nas eleições presidenciais não são os partidos que indicam candidatos, são os candidatos que se propõem e depois os partidos apoiam ou não apoiam”.
“Aquilo que está mais em cima da mesa, naturalmente, é a recandidatura ou não do professor Marcelo Rebelo de Sousa que, ele próprio, pediu para se respeitar a posição dele, que dirá o que vai fazer no momento próprio”, concretizou, acrescentando: “Portanto, se ele vai dizer o que fazer no momento próprio, eu vou respeitar isso”.
“Do ponto de vista tático, se um partido começa a apoiar um candidato por antecipação, se depois por acaso esse candidato não se candidata, depois a nossa escolha é sempre uma segunda escolha”, assinalou o líder do PSD.
Para Rui Rio, tem de haver ponderação. “Nós também temos de ter equilíbrio, ponderação e bom senso, que é o que a experiência traz. Quando não temos tanta experiência assim, disparamos de qualquer maneira para produzir uma notícia, mas depois temos o médio prazo a seguir”, frisou.
(Notícia atualizada com mais declarações de Rui Rio às 20h37).
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