Problema do país é “a fraquíssima qualidade da gestão dos nossos governantes”. A carta aberta do presidente do setor dos lanifícios a Santos Silva
José Robalo, presidente Associação dos Industriais de Lacticínios, escreveu carta aberta aos empresários portugueses onde arrasa o ministro Santos Silva por criticar qualidade da gestão empresarial.
Augusto Santos Silva criticou a “fraquíssima qualidade da gestão nas empresas nacionais”. Uma declaração polémica que, entretanto, levou o ministro dos Negócios Estrangeiros a vir apresentar um pedido de desculpas. Mas não sanou, de vez, a questão. Tal como outros representantes de empresas, nomeadamente a CIP, também o presidente da Associação Nacional dos Industriais de Lanifícios (ANIL), José Alberto Robalo, respondeu às críticas, escrevendo uma carta aberta em que alerta para a “fraquíssima qualidade da gestão dos governantes”.
“Na minha modesta opinião, o problema deste país é ‘a fraquíssima qualidade da gestão dos nossos governantes’. Não sendo minha intenção denegrir os governos portugueses e sabendo que esta afirmação corre o risco de ser generalizada, penitencio-me imediatamente por isso”, refere José Alberto Robalo numa contra-resposta a Santos Silva.
Em resposta a Santos Silva, o presidente da Anil, explica que na “nossa qualidade de “fraquíssimos gestores empresariais” suportamos a maior carga fiscal dos últimos anos, pagamos as faturas de energia e combustíveis mais caras da Europa, uma rede rodoviária cara sem alternativas viáveis e mesmo assim estamos na primeira linha nos esforços para a sustentabilidade, inovação e desenvolvimento”.
“Por outro lado, não vejo que seja uma conclusão particularmente sagaz e inovadora, defender a contratação de quadros qualificados, atrevo-me aliás a dizer, que ao fim de quase quatro décadas na indústria, nunca ouvi algum colega afirmar que não estaria interessado em contratar bons quadros para a sua empresa. Mais uma vez, um governante contribui, com muita qualidade, para a noção errada de que são as empresas que não querem contratar especialistas”, assegura.
"Na nossa qualidade de ‘fraquíssimos gestores empresariais’ suportamos a maior carga fiscal dos últimos anos, pagamos as faturas de energia e combustíveis mais caras da Europa, uma rede rodoviária cara sem alternativas viáveis e mesmo assim estamos na primeira linha nos esforços para a sustentabilidade, inovação e desenvolvimento.”
José Alberto Robalo questiona: “Não será antes a falta de empresas, que são levadas ao encerramento devido à nada fraquíssima carga fiscal, de que são paradigmas as fraquíssimas políticas económicas que consecutivamente sufocam e bloqueiam o desenvolvimento, principalmente nas zonas periféricas e do interior, condenadas ao esquecimento?
“Ou, como parece crer o senhor ministro, numa esperança sebastiânica de que surja uma multinacional estrangeira (a quem os nossos governos dão todas as oportunidades, negadas às empresas portuguesas) que salve essa comunidade, sem que o nosso governo tenha que ativamente contribuir com políticas pró-ativas para o desenvolvimento económico?”, protesta o presidente da Anil.
Deixa uma questão no ar. “É caso para perguntar, caros colegas, que se nós somos fraquíssimos, quais serão os qualificativos adequados para a gestão dos nossos governantes? Penitenciando-me pela generalização, desde já”, remata José Alberto Robalo.
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