Tensão no Médio Oriente arrasa Wall Street
Investidores procuram refúgio no ouro e nas obrigações, enquanto as ações globais seguem em queda.
A escalada de tensões entre Estados Unidos e Irão, iniciada na passada sexta-feira, só aumentou durante o fim de semana, levando os investidores em Wall Street a manterem o pessimismo. Pela segunda sessão consecutiva, as principais praças norte-americanas seguem em baixa, enquanto o preço do petróleo dispara.
As relações — já tensas — entre os dois países azedaram com o ataque aéreo norte-americano que matou o general iraniano Qassem Soleimani. A decisão diretamente tomada pelo presidente dos Estados Unidos Donald Trump gerou forte revolta do Irão, cujo líder supremo prometeu vingança.
Durante o fim de semana, o Presidente dos Estados Unidos advertiu o Teerão que as forças militares norte-americanas identificaram 52 locais no Irão e que os atacarão “muito rapidamente e duramente” se a República Islâmica atacar pessoal ou alvos americanos. Por seu turno, o Irão decidiu abandonar o acordo nuclear com as principais economias ocidentais, incluindo os EUA.
“As tensões no Médio Oriente aumentam as preocupações para os investidores após um período realmente bom para os mercados. Certamente, há quem que esteja a usá-las como razão para recuar um pouco”, afirmou Rick Meckler, partner da Cherry Lane Investments, em declarações à Reuters.
Após o ano passado ter fechado em máximos, 2020 começou com a mesma força. No entanto, a escalada de tensões entre Estados Unidos e Irão levaram os investidores a procurar refúgio em ativos como ouro ou obrigações. Nas ações, o sentimento é negativo: o índice industrial Dow Jones perde 0,7% para 28.433,71 pontos, enquanto o financeiro S&P 500 recua 0,6% para 3.215,48 pontos e o tecnológico Nasdaq cede 0,82% para 8.947,20 pontos.
A exceção são as petrolíferas, que estão a beneficiar da forte subida no preço do petróleo (causada pelo receio dos efeitos para a importante região para o mercado). Tanto o Brent como crude WTI avançam mais de 0,8%. Gigantes do setor como a Chevron ou a Exxon Mobil negoceiam na linha de água.
As preocupações geopolíticas unem-se aos receios de que os lucros não mantenham a robustez do ano passado e a que a Reserva Federal não esteja disposta a continuar a apoiar o rally acionista. “Até à próxima earnings season — e na ausência de grandes notícias –, os investidores estarão provavelmente relutantes em alocar muito capital novo a estes níveis, mas também não irão recuar muito, o que deixa o mercado um pouco limitado“, acrescentou Meckler.
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