Exportações em 2020 vão continuar a aumentar apesar da “incerteza” ser o grande desafio, diz AICEP
Apesar de admitir que a incerteza será um desafio para as empresas neste ano, o presidente da Agência para o Investimento e Comércio Externo está confiante de que as exportações vão continuar a subir.
O presidente da Agência para o Investimento e Comércio Externo (AICEP) disse à Lusa estar “convencido” de que este ano as exportações portuguesas vão continuar a aumentar, apesar da “incerteza” ser o grande desafio. “O principal desafio para as empresas é simples: incerteza”, afirmou Luís Castro Henriques.
“Desde há um ano, dois anos, há cada vez mais ‘poeira’ no ar: desde as guerras comerciais, o ‘brexit’ [saída do Reino Unido da União Europeia], o enquadramento global – geografias que mudam enquadramento em termos de paz social muito rapidamente”, apontou. “Veja-se o que tem acontecido nestes últimos meses na América do Sul em alguns países”, referiu.
O responsável disse que o que considera “mais importante em 2020 é conseguir separar o que é conjuntural do que vai ser mais permanente, duradouro”.
Por exemplo, em janeiro será o momento em que se vai perceber “o que vai sair do acordo comercial” entre os Estados Unidos e a China, sendo que no final do mês ou início de fevereiro será conhecido de forma mais clara o processo do ‘brexit’ e os seus desafios.
“Vamos também ver como é o desenrolar de toda esta situação no Médio Oriente”, acrescentou o presidente da AICEP, elencando alguns pontos de incerteza a nível internacional.
“Em 2019, as empresas conseguiram diversificar mais e o número países que cada empresa tem para exportar, em média, aumentou”, disse, salientando que a palavra de ordem em 2020 continua a ser diversificação. “Temos de continuar a trabalhar nessa frente”, sublinhou o presidente da AICEP.
Relativamente às exportações, “estou convencido de que em 2020” vão continuar a crescer. “Não vejo motivo nenhum para não continuarem a aumentar”, acrescentou, embora reconhecendo que com toda “esta incerteza” poderá haver mudanças até de apostas estratégicas de algumas empresas, “como é natural”, e isso poderá levar a que o crescimento “não seja tão grande” como o desejado, continuou Luís Castro Henriques.
“Acho que 2020 é um ano de desafio, devemos continuar a crescer, mas acima de tudo a minha antecipação é que em 2021, com esta nova capacidade produtiva, vantagem competitiva que muitas empresas trarão, voltemos a taxas de crescimento ainda maiores”, considerou.
Sobre o conflito entre os Estados Unidos e o Irão, Luís Castro Henriques salientou que se trata de uma região – Médio Oriente – “onde a exposição das empresas portuguesas é baixa”.
No entanto, “como é óbvio, qualquer acontecimento numa geografia que afete também os nossos parceiros comerciais – e há parceiros comerciais que estão muito expostos” naquela região – isso terá algum impacto, disse. Acima de tudo, “é fundamental separar entre aquilo que vai ser temporário e conjuntural do que será mais permanente”, reiterou.
Sobre Angola, o presidente da AICEP garantiu que é um mercado onde as empresas portuguesas estão para ficar. “É um país particularmente importante para as nossas empresas, pela ligação histórica, pela presença no território, e nós temos feito um trabalho para identificar oportunidades de diversificação”, salientou.
Angola, tal como Portugal, tem os seus ciclos económicos, “estou convencido de que, dado o relacionamento histórico e a presença de longo prazo das empresas portuguesas, no final, estas irão aproveitar novas oportunidades e continuar de forma positiva” no mercado angolano.
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