Fed atira euro ao tapete

Divergências na política monetária na Zona Euro e EUA aproximam do euro face ao dólar, tendência que será reforçada perante a retirada dos estímulos da Fed em substituição pelos estímulos de Trump.

Uma Reserva Federal norte-americana (Fed) mais conservadora e um Banco Central Europeu (BCE) mais expansionista foram dar uma volta… e o euro reforça o caminho para a paridade com o dólar. A moeda única aproximou-se esta terça-feira do nível mais baixo desde 2003, depois de ter cedido esta manhã 0,25% para os 1,0376 dólares.

Na base deste movimento que deverá colocar o euro ao mesmo valor do dólar está a divergência das políticas monetárias nos EUA e na Zona Euro. Com a maior economia do mundo a enviar sinais de forte robustez — a situação de quase pleno emprego é uma das evidências –, perante uma intenção de Donald Trump de reforçar os estímulos orçamentais, a Fed já começou a subir os juros, prometendo que irá continuar a fazê-lo durante o próximo ano num esforço para manter a subida dos preços sob controlo.

Entretanto, na região da moeda única, a dificuldade em colocar a taxa de inflação no objetivo do BCE deixa Mario Draghi sem grande margem para começar a retirar os estímulos de cima da mesa. Além dos juros historicamente baixos, o banco central vai continuar a comprar ativos do setor público durante o próximo ano.

Euro vai ao fundo com Fed

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Fonte: Bloomberg (valores em dólares)

“A experiência dos últimos dois anos, com a Fed a ser bastante mais cuidadosa do que agressiva, diz-nos que de cada vez que Yellen fala — ou outro membro do Comité Federal do Mercado Aberto — o mercado espera algo mais expansionista”, referiu o estratego do Commezbank Thu Lan Nguyen, à Reuters. “O mercado continua a jogar com a perspetiva de normalização da política monetária e, desde que seja este o caso, o dólar vai continuar forte ou até pode apreciar um pouco mais”, acrescentou.

"O mercado continua a jogar com a perspetiva de normalização da política monetária e, desde que seja este o caso, o dólar vai continuar forte ou até pode apreciar um pouco mais.”

Thu Lan Nguyen

Commerzbank

Neste altura do campeonato, os analistas esperam que Janet Yellen promova mais três subidas das taxas diretoras da Fed ao longo de 2017. E o facto de a presidente da Fed nada ter declarado acerca da política monetária no seu último discurso reforçou a ideia de que o banco central vai continuar a subir os juros no próximo ano, dando ainda mais força ao dólar: a nota verde voltava a negociar perto do máximo de 14 anos face às principais divisas mundiais.

O estatuto do rei dólar deverá ser reforçado no próximo ano. A administração Trump pretende aumentar os gastos públicos em infraestruturas e baixar os impostos às empresas, estimulando a economia e a inflação nos EUA.

 

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