Coronavírus “pode ter consequências positivas” para Portugal, diz ministra da Agricultura
Apesar de ainda não ter dados que suportem a convição, a ministra da Agricultura considera que o surto que começou na China poderá beneficiar as exportações de empresas portuguesas.
O coronavírus “até pode ter consequências bastante positivas” para as exportações portuguesas do setor agroalimentar para os mercados asiáticos. A frase é da ministra da Agricultura, Maria do Céu Albuquerque. À margem de uma visita às empresas portuguesas que participam na Fruit Logistica, a mais importante feira de frutas e legumes, a ministra da Agricultura revelou não ter dados que permitam fazer uma avaliação, acreditando, ainda assim, que as consequências do novo coronavírus até podem beneficiar as exportações nacionais.
“Acho que até pode ter consequências bastante positivas. Ainda assim, não tenho dados que me permitam fazer uma avaliação. Atendendo a que é um mercado emergente, em crescimento explosivo, temos de preparar-nos para corresponder à nossa ambição que é reforçar as nossas vendas e equilibrarmos a nossa balança comercial”, sublinhou Maria do Céu Albuquerque em declarações aos jornalistas.
O Governo anunciou a 9 de janeiro que mais cinco empresas nacionais podem exportar carne de porco para a China, juntando-se assim aos quatro operadores que já tinham recebido luz verde. Questionada sobre o aumento da confiança da carne de porco portuguesa, face à propagação do coronavírus, a ministra da Agricultura confirmou.
“É verdade. A Ásia e a China têm um problema de saúde publica, nomeadamente com a peste suína africana, e também isso se veio a demonstrar enquanto um potencial para promover as nossas exportações (…) São mercados muito exigentes, do ponto de vista da criação e verificação das condições legais, mas também do próprio produto (…)”, revelou a governante.
“Aquilo que fazemos, através da Direção Geral de Alimentação e Veterinária é um trabalho de grande proximidade com o apoio do AICEP para podermos continuar a promover os nossos produtos lá fora”, acrescentou. Na Fruit Logistica participam 32 empresas portuguesas. Metade da comitiva chinesa cancelou a sua presença na feira que começou hoje e termina na sexta-feira.
A China elevou esta quarta-feira para 490 mortos e mais de 24.300 infetados o balanço do surto de pneumonia provocado por um novo coronavírus (2019-nCoV) detetado em dezembro passado, em Wuhan, capital da província de Hubei (centro), colocada sob quarentena.
Foram 64 as mortes na China registadas nas últimas 24 horas, segundo as autoridades de Pequim. A primeira pessoa a morrer por causa do novo coronavírus fora da China foi um cidadão chinês nas Filipinas. Além do território continental da China e das regiões chinesas de Macau e Hong Kong, há outros casos de infeção confirmados em mais de 20 países, o último novo caso identificado na Bélgica.
A Organização Mundial de Saúde (OMS) declarou na quinta-feira uma situação de emergência de saúde pública de âmbito internacional, o que pressupõe a adoção de medidas de prevenção e coordenação à escala mundial.
Ministra “lamenta a interpretação feita das suas palavras”
Já depois da publicação desta notícia, o Ministério da Agricultura recorreu ao Twitter para indicar que Maria do Céu Albuquerque “lamenta a interpretação feita das suas palavras”, que lembra terem sido proferidas “no âmbito de uma questão relativa às exportações dos produtos agroalimentares nacionais”.
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“Segundo Maria do Céu Albuquerque, perante o atual contexto marcado pelo coronavírus e pelas consequências do mesmo, ‘o sentimento é de preocupação e de solidariedade’, estando Portugal ‘atento e totalmente disponível para cooperar na solução”, refere a conta oficial do ministério naquela rede social.
“A ministra da Agricultura lamenta, por isso, que tal não tenha ficado evidenciado nas suas palavras e reforça que a prioridade nacional permanece no ‘reforço das garantias de segurança associadas aos produtos alimentares'”, refere.
(Notícia atualizada a 7 de fevereiro, 8h57, com reação do Ministério da Agricultura)
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