Aviões novos, nevoeiro e falta de espaço. O que explica os prejuízos da TAP
Transportou mais passageiros para mais rotas, mas os resultados não são positivos. A empresa atribui parte das culpas ao investimento e outra parte à ANA. Garante que já passou o "Cabo das Tormentas".
A TAP teve prejuízos acima dos 100 milhões de euros pelo segundo ano consecutivo, apesar do aumento no número de passageiros e da recuperação do resultado operacional. Em pleno processo de reestruturação (que dura desde a reversão parcial da privatização, em 2015), a companhia aérea aponta para o reforço do investimento, com os novos aviões, e para fatores externos, como as condições no aeroporto de Lisboa, para explicar as perdas avultadas.
“Tal como 2018, também 2019 foi um ano exigente para a TAP. Os processos de transformação levam sempre tempo a produzir resultados, mas temos sempre a expectativa que vão aparecer mais cedo ou mais tarde”. Foi assim que Antonoaldo Neves, CEO da TAP, começou, esta quinta-feira, a apresentação dos resultados da empresa referentes ao ano passado.
Num ano de investimento e transformação, a TAP registou um prejuízo de 105,6 milhões de euros, tal como o ECO já tinha adiantado em primeira mão. Em comunicado, a companhia aérea justificou este desempenho (que melhorou ligeiramente face aos 118 milhões de euros registados em 2018) com o investimento de mais de 1,5 mil milhões de euros na renovação da frota.
2008 foi o pior ano da última década
Fonte: Relatório e contas da TAP
“O investimento no crescimento da companhia aumentou em 28% as contribuições e impostos ao Estado português, passando de 257 milhões de euros por ano para 328 milhões de euros, nos últimos quatro anos (um acrescimento de 71 milhões de euros por ano)”, explica. Garante ser a empresa que mais investiu em Portugal em 2019, incluindo na compra de 30 aviões novos, que permitiram a renovação de 70% da frota de longo curso num só ano.
“O processo que envolve a gestão da entrada das 30 novas aeronaves e a saída de 18 antigas teve um impacto financeiro negativo de 55 milhões de euros no resultado do ano“, aponta a empresa. Acrescenta que passou a garantir a disponibilidade de três aviões de reserva, “com um custo de centenas de milhares de euros por ano, para normalizar rapidamente qualquer irregularidade da operação”.
Além destes 55 milhões de euros associados à estratégia interna, há fatores externos que influenciam a atividade da empresa com as condições no aeroporto de Lisboa à cabeça. Antonoaldo Neves fez duras críticas ao que diz ser a falta de investimento da ANA nas infraestruturas. “Porque é que não conseguimos trabalhar com mais pontualidade? Há muitas restrições no aeroporto de Lisboa”, disse o CEO. A empresa teve 35 dias limitados por nevoeiro e outros 129 por exercícios militares, tendo acumulado uma perda entre 30 e 35 milhões de euros devido a custos com irregularidades devido à “ineficácia da infraestrutura”.
"A TAP passou o cabo das tormentas e está no caminho para a sustentabilidade. Em 2019, tivemos resultado líquido no segundo semestre e resultado operacional líquido no ano.”
Para 2020, o gestor garante que o objetivo é continuar a crescer (em número de passageiros e de frotas), bem como continuar o caminho de reestruturação. “Incomoda muita gente, mas vamos continuar a cortar custos”, disse. Mas, em termos de resultados, já se sabe que haverá alguns entraves. Se a situação das infraestruturas não deverá alterar-se, há ainda a suspensão de voar para a Venezuela (após Governo venezuelano ter acusado a companhia de ter permitido o transporte de explosivos no país), que terá um custo direto de dez milhões de euros.
E para quando o regresso ao resultado líquido positivo? “Não posso dar guidance e falar da expectativa de lucros, o que posso dizer é que a TAP continua a crescer. A TAP passou o Cabo das Tormentas e está no caminho para a sustentabilidade. Em 2019, tivemos resultado líquido positivo no segundo semestre e resultado operacional positivo no ano”, acrescentou.
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