DPD Portugal fatura 72 milhões em 2019. Coronavírus teve “efeitos imediatos” e vai travar o negócio
O grupo DPD faturou 72,3 milhões de euros em Portugal no ano passado e entregou quase 21 milhões de encomendas. Mas a atividade vai abrandar este ano devido aos "efeitos imediatos" do coronavírus.
O grupo DPD, que surgiu da fusão da Chronopost e da Seur, faturou 72,3 milhões de euros em Portugal em 2019 e foi responsável pela entrega de 20,7 milhões de encomendas no país, abaixo do objetivo de 22,5 milhões de encomendas que tinha definido para o ano. Ainda sob a nuvem do Brexit e com o impacto da epidemia do coronavírus, a empresa espera agora uma redução da atividade, que já começou a materializar-se.
Estas informações foram reveladas pelo presidente executivo da empresa, Olivier Establet, que salientou que a faturação cresceu cerca de 2,5% face a 2018. O gestor avançou ainda que o grupo tem já em Portugal 600 circuitos de distribuição, contando com 1.400 trabalhadores no final do ano passado. Num encontro com jornalistas esta segunda-feira, questionado pelo ECO sobre o volume de encomendas ter ficado aquém do anteriormente indicado, o gestor desvalorizou, falando num “acerto no modelo de negócio” devido à fusão.
A empresa está agora a preparar-se para o impacto de um hard Brexit, um cenário em que o Reino Unido não consegue alcançar um acordo comercial com a União Europeia — e que, para Olivier Establet, é praticamente garantido. Outra preocupação é a epidemia do coronavírus, que já começou a travar a atividade do grupo DPD, sobretudo em Itália, em que o alastrar do vírus na região de Milão teve “efeitos praticamente imediatos” na DPD. A empresa está a trabalhar em “cenários de quatro a 12 semanas de crise profunda”, disse o gestor.
“O impacto na nossa atividade é o reflexo do impacto que terá na atividade dos nossos clientes. Temos clientes que a cadeia de abastecimento depende muito da China. E temos clientes que já nos avisaram de que vão entrar numa fase de dificuldade para abastecer a sua rede de retalho”, disse Olivier Establet, num encontro com jornalistas esta segunda-feira, praticamente em simultâneo com a notícia de que já há dois casos confirmados de infeção pelo novo coronavírus em Portugal.
Temos clientes que já nos avisaram de que vão entrar numa fase de dificuldade para abastecer a sua rede de retalho.
Situação no mercado é “bastante desafiadora”
A nível internacional, o negócio da DPD correspondeu a 30% do total do grupo LaPoste, o seu principal acionista, contribuindo com um volume de faturação de 7,8 mil milhões de euros, um crescimento de 6,7% do que em 2018. Quanto às encomendas, foram entregues 1,3 mil milhões no total de mercados em que o grupo opera, com destaque para a CyberMonday, que resultou em 9,3 milhões de encomendas entregues num só dia, a 2 de dezembro de 2019.
Para o gestor, este resultado global foi positivo mesmo tendo em conta o que considerou ser uma “situação bastante desafiadora do mercado”. Nomeadamente, a “grande escassez de motoristas em termos gerais”, bem como, novamente, os “preparativos do Brexit, que ocuparam o ano de 2019” e “começaram a ter alguns impactos” na filial inglesa da DPD, assim como “nas trocas entre Reino Unido e resto da Europa”.
Segundo Olivier Establet, o grupo “está totalmente preparado para todos os cenários do Brexit”. Mesmo para um “hard Brexit” — isto é, um cenário em que o Governo britânico não consiga fechar um acordo comercial com a União Europeia.
Os resultados da DPD em Portugal e a nível internacional ganham relevância na medida em que a empresa não é obrigada a divulgar estes números por não estar cotada na bolsa. Surgem também num momento de transição no setor postal, em que são enviadas cada vez menos cartas, mas há cada vez mais encomendas para transportar.
O grupo DPD encontra-se no centro deste segmento, concorrendo com os CTT e, mais recentemente, com os espanhóis dos Correos. No ano passado, a fusão da Chronopost com a Seur levou Olivier Establet a reclamar a liderança da nova DPD do segmento de “Expresso e Encomendas” em Portugal, superando o grupo CTT, segundo informação da própria empresa.
Questionado sobre o projeto de instalação de um novo centro de distribuição em Lisboa, num investimento de 25 milhões de euros, Olivier Establet disse que o mesmo continua em desenvolvimento. Está prevista a conclusão para 2022.
(Notícia atualizada às 12h02 com crescimento percentual do volume de negócios em Portugal em 2019 face a 2018)
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