Estes são os três sabores do 5G. Para já, Portugal não terá a tecnologia de topo
Vários tipos de 5G variam na velocidade e na cobertura. Conheça os principais "sabores" da quinta geração de rede móvel e descubra porque é que Portugal não vai ter o mais saboroso de todos.
A jornada de lançamento do 5G em Portugal já começou. Espera-se que a tecnologia substitua a quarta geração de rede móvel já no fim deste ano, prometendo acelerar as nossas ligações à internet, conectar todos os aparelhos lá de casa, possibilitar cirurgias médicas à distância ou mesmo permitir o controlo remoto de máquinas industriais.
Para os utilizadores comuns, o 5G é mais complexo e difícil de entender do que o 4G. Os nossos telemóveis ligam-se sozinhos e sem esforço à rede da operadora que contratámos, variando automaticamente entre 4G, 3G e 2G consoante a cobertura que exista na região em que se está. Com o 5G será, porém, diferente. Quer na cobertura, quer nos vários “sabores” que esta nova geração pode ter.
No que toca à cobertura, tudo indica que as operadoras portuguesas vão ser obrigadas a partilhar infraestruturas. Significa que os nossos futuros telemóveis vão poder ligar-se à melhor rede disponível em cada zona do país, independentemente da operadora contratada. Assim, um cliente da empresa X poderá usar a rede da operadora Y. E vice-versa.
Mas, mais importante do que isso, o 5G terá vários “sabores” (que tem sido o termo usado para simplificar as explicações acerca dos tipos de 5G). Concretamente, são três “sabores” de 5G que variam na velocidade, no potencial e no alcance. Para já, Portugal não vai ter já o 5G mais saboroso de todos, que é o mais rápido e que alguns engenheiros têm chamado de “5G puro”.
Por isso, face à complexidade e às dúvidas, em antecipação à chegada da quinta geração a Portugal, vale a pena conhecer os vários tipos de 5G existentes, bem como as formas que esta nova tecnologia pode assumir no país. Até porque faltam poucas semanas para o começo do leilão de frequências do 5G, que foi calendarizado pela Anacom para o próximo mês de abril.
Chocolate, ou 5G mmWave
É chamado de 5G mmWave (lê-se millimeter wave), 5G high-band ou 5G+. Para facilitar, neste artigo iremos chamar-lhe de 5G com sabor a “chocolate”.
- Características: Funciona em frequências muito altas. Na União Europeia, foi reservada a faixa dos 26 GHz para este tipo de 5G.
- Vantagens: É considerado o 5G topo de gama, o “verdadeiro” ou o “puro”. É o 5G mais veloz, que permite as prometidas velocidades “ultrarrápidas” de 1 e até 2 Gbps, muito acima do atual 4G e da rede de fibra ótica.
- Desvantagens: Por funcionar com comprimentos de onda muito curtos, as ondas eletromagnéticas que “transportam” este 5G não penetram bem nos obstáculos. Desta forma, o 5G mmWave, apesar de ser o melhor, é o mais difícil e mais dispendioso de implementar pelas operadoras, por exigir uma malha mais apertada entre antenas.
- Portugal vai ter este 5G? Não, pelo menos para já. O leilão que está a ser preparado pela Anacom não inclui qualquer frequência nos 26 GHz definidos pela UE. Ainda assim, alguns Estados-membros já leiloaram frequências nesta banda e algumas operadoras norte-americanas já estão a desenvolver este tipo de 5G nos EUA.
Morango, ou Sub-6 5G
É chamado de Sub-6 5G ou mid-band. Neste artigo, iremos chamar-lhe 5G com sabor a “morango”.
- Características: Funciona em frequências abaixo dos 6 GHz.
- Vantagens: Permite velocidades mais rápidas do que o atual 4G, numa cobertura abrangente. O comprimento das ondas que “transportam” este 5G conseguem penetrar em objetos e viajar por distâncias superiores às do 5G mmWave, pelo que é visto como a forma ideal para cobrir vastas regiões com rede de nova geração.
- Desvantagens: Não deverá permitir alcançar as velocidades ultrarrápidas prometidas pelo 5G, nomeadamente 1 Gbps.
- Portugal vai ter este 5G? Sim. O leilão de frequências da Anacom inclui faixas consideradas de referência para este tipo de 5G, nomeadamente a dos 3,6 GHz.
Baunilha, ou 5G low-band
É chamado de 5G low-band. Neste artigo, iremos chamar-lhe 5G com sabor a “baunilha”.
- Características: Funciona em frequências abaixo de 1 GHz, nomeadamente nos 600, 700, 800 e 900 MHz.
- Vantagens: Permite uma transição suave entre o 4G e o 5G e um desenvolvimento mais rápido das novas redes, graças ao facto de as ondas nestas frequências “viajarem” por grandes distâncias. Ou seja, permite acelerar o desenvolvimento da rede 5G do futuro.
- Desvantagens: As velocidades não deverão variar muito das do atual 4G, além de que este 5G ainda deixa longe as possibilidades que nos têm sido prometidas pelo mundo da tecnologia, tais como os carros autónomos, as cirurgias à distância, entre muitas outras.
- Portugal vai ter? Sim. O leilão do 5G em Portugal vai incluir a faixa dos 700 MHz que, de resto, ainda está ocupada pelo serviço de Televisão Digital Terrestre (TDT). Por isso, está em curso a migração da TV gratuita para outra faixa do espetro, de modo a permitir o lançamento deste 5G em Portugal até ao fim deste ano.
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