Estas empresas mudaram de negócio. Agora fazem gel desinfetante, máscaras e batas
Os equipamentos médicos começam a escassear e várias empresas estão a unir esforços e a converter as próprias produções para se dedicarem à produção de máscaras, batas e gel desinfetante.
Face a esta pandemia mundial, são várias as empresas que estão a converter as suas linhas de produção para produzirem máscaras cirúrgicas, batas, gel desinfetante e todo o equipamento médico que está a escassear, numa altura que já existem mais de mil infetados em Portugal e 12 mortes provocados pelo surto do Covid-19.
O grupo Super Bock juntamente com a Destilaria Levira, as têxteis Polopique, Calvelex, Lameirinho, Riopele, Paulo de Oliveira, Sonix, Spars, um grupo de 26 cervejeiros artesanais e um grupo de voluntários do Fundão, são exemplos de empresas e grupos que uniram esforços e estão a produzir equipamentos que estão a fazer muita falta, principalmente aos profissionais de saúde.
A Super Bock e a Destilaria Levira estabeleceram uma parceria para a produção de gel desinfetante para as mãos, que vai ser oferecido a três unidades hospitalares da região do Porto.
“Para começo, são cerca de 56 mil litros de álcool da produção de cerveja sem álcool que vão ser transformados, pela Destilaria Levira, em aproximadamente 14 mil litros de álcool gel para as mãos, num processo de fabrico que segue as diretrizes da Organização Mundial de Saúde. Destinam-se a várias unidades hospitalares do norte do país, para que disponham de uma maior quantidade destes produtos indispensáveis para a prevenção e tratamento da infeção com o Covid-19″, explica o grupo Super Bock, em comunicado.
Tal como a Super Bock Group e a Destilaria Levira, um grupo de cervejeiros artesanais, disponibilizou o bactericida que usa nas suas unidades produtivas para ajudar perante a escassez de gel desinfetante. O grupo disse à Lusa, que desde segunda-feira, já ofereceu 80 mil litros de solução desinfetante a instituições de todo o país.
Para começo, são cerca de 56 mil litros de álcool da produção de cerveja sem álcool que vão ser transformados, pela Destilaria Levira, em aproximadamente 14 mil litros de álcool gel para as mãos.
“Nós temos sempre esse produto disponível porque é o que usamos para matar as bactérias todas. É bactericida, fungicida e viruscida. Então decidimos reunir a maior quantidade que pudéssemos, juntámos todos os borrifadores que conseguimos arranjar”, explicou à Lusa Sofia Oliveira, uma das dinamizadoras da iniciativa.
A Polopique, Calvelex, Lameirinho, Riopele, Paulo de Oliveira, são cinco empresas de têxtil que uniram esforços para produzirem batas para os profissionais de saúde. Já foram oferecidas as primeiras 200 batas ao Hospital de Guimarães. “Estas empresas aceitaram o desafio da Anivec para que as empresas da fileira têxtil e do vestuário colocassem os seus ativos e a sua capacidade instalada à disposição do SNS”, disse ao ECO o presidente da Calvelex (e da Anivec), César Araújo.
A Sonix, empresa têxtil sediada em Barcelos, tomou a mesma providência e decidiu suspender parcialmente a produção e começou a produzir batas e máscaras para entregar nos principais hospitais do Norte”.
“Temos recebido inúmeros pedidos de vários locais a solicitarem ajuda e expondo casos verdadeiramente dramáticos com necessidade de vestuário para as equipas (médicos, enfermeiros, auxiliares e bombeiros). Nesse sentido, estamos a contribuir na medida do que nos é possível, mas sabemos que todos os esforços serão insuficientes”, lê-se na página oficial do Facebook da Sonix.
Já a Spars, empresa de Vila Nova de Gaia, também se disponibilizou para reconverter parte da linha de produção e passar a fabricar cerca de cinco mil máscaras por dia, que não são consideradas um equipamento de proteção individual. “É um produto para proteção comunitária”, alerta desde logo à Sic, Jorge Santos, sócio-gerente da Spars. É uma alternativa para “deixar aquilo que é equipamento de proteção individual para as pessoas que estão na primeira linhas de combate a esta pandemia”, explica, Jorge Santos.
Com a mesma iniciativa uma rede de voluntariado do Fundão, que integra pessoas e instituições do Fundão, distrito de Castelo Branco, está a produzir máscaras de proteção em tecido para ceder à proteção civil. O objetivo é produzir máscaras de proteção reutilizáveis em tecido para fazer face às necessidades locais e que serão distribuídas em função das necessidades do executivo.
Existe boa vontade, mas a produção de máscaras é muito complexa
Apesar de toda esta onda de solidariedade, o diretor geral do Centro Tecnológico das Indústrias Têxtil e do Vestuário (Citeve), alerta que neste momento estão a ser produzidas máscaras em Portugal que “são um perigo porque não têm qualquer garantia”. Destaca ainda que já foram realizados alguns testes e a conclusão que chegaram é que efetivamente essas “máscaras não protegem”.
“Quando estamos a falar de máscaras, estamos a falar de coisas muito específicas, com licenças (…) é necessário fazer as devidas verificações para que o produto final corresponda ao nível de segurança que é pretendido, esse tem sido o nosso trabalho: ajudar as empresas a ter a certeza que aquilo que estão a fazer está a ser bem feito e que não vai ter um efeito contra producente nos cidadãos”, explica Brás Costa.
Perante este cenário, Brás Costa explica ao ECO, que o Centro Tecnológico das Indústrias Têxtil e do Vestuário está a fazer é um dossiê técnico onde vai constatar cada especificação de cada peça, tendo em conta as matérias-primas disponíveis no nosso país, como por exemplo, as máscaras para profissionais de saúde e as máscaras pela uso da população.
O diretor geral do Centro Tecnológico das Indústrias Têxtil e do Vestuário confirma ao ECO esta onda de entreajuda e sublinha que já contam, até ao momento, com “cerca de cem manifestações de disponibilidade de empresas para colaborar (…) a esmagadora maioria são empresas na área da confeção que não tem nenhuma experiência neste tipo de material, mas com grande altruísmo disseram que estavam disponíveis”.
Governo está a apoiar empresas para produção de máscaras e ventiladores
O primeiro-ministro afirmou na sexta-feira que o Governo está a apoiar um centro tecnológico que está a desenvolver condições para a produção nacional de ventiladores e que várias empresas reorientaram a sua produção para produtos de proteção individual.
No final do Conselho de Ministros que decorreu todo o dia no Palácio da Ajuda, em Lisboa, em que anunciou o conjunto de medidas económicas e sociais devido à pandemia de covid-19, António Costa referiu não ter havido até ao momento necessidade de fazer requisição civil daquele tipo de equipamento.
“Estamos a apoiar um centro tecnológico que está a desenvolver, para disponibilizar de uma forma aberta a todas as empresas, a criação de condições para a criação nacional de ventiladores”, precisou António Costa, adiantando que o Governo está também a trabalhar e a apoiar um conjunto de empresas e outras entidades que estão a reorientar a sua produção para o fabrico de equipamentos de proteção individual.
Ao mesmo tempo, acrescentou, o Executivo está a apoiar empresas que estão a desenvolver novas formas de teste rápido, sendo que algumas já se encontram a proceder a testes reais. O objetivo, é criar condições para que os testes de despiste da covid-19 possam ser massificados. António Costa precisou que “até agora não foi necessário proceder a qualquer tipo de requisição” civil deste material.
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