Não é só papel higiénico. Com o vírus, aumenta procura por informática, gaming e sofás
O isolamento decretado na sequência do coronavírus não fez só aumentar a procura por papel higiénico. Os portugueses estão a comprar mais informática, gaming e sofás. E online.
O comércio online tem registado um aumento devido à pandemia Covid-19, adaptando-se as entregas e a distribuição, que podem demorar mais, e registando-se um crescimento nas vendas de material informático, gaming e até mesmo sofás.
Numa resposta à Lusa, fonte oficial dos CTT explicou que, neste momento, estão a verificar-se comportamento distintos nos diversos setores, havendo um “forte crescimento nos produtos essenciais – higiene, saúde e alimentação – e em consumíveis, material informático e livros, muito alavancado pela oferta de e-commerce já existente”. “Por outro lado, verifica-se uma redução no retalho, devido ao encerramento das lojas, e no setor automóvel, pela diminuição da procura”, refere a mesma fonte.
De acordo com a fonte, os CTT estão a “acompanhar a situação e a adaptar a distribuição e os recursos em permanência, conforme as necessidades, conscientes do papel decisivo que desempenham para manter a economia em funcionamento”.
Para já, a empresa refere ter capacidade para responder ao volume de tráfego atual “e, caso se venha a verificar um aumento desse mesmo tráfego, os CTT ajustarão a sua capacidade operacional em conformidade”. “Estão a ser cumpridos os níveis de serviço ao cliente e estamos em permanente avaliação da nossa rede, no que diz respeito à ‘última milha’ [last mile], uma vez que existem alterações nos pontos de recolha, devido ao encerramento de algumas (poucas) lojas CTT e lojas da rede de parceiros e pontos de recolha”, pode ler-se na resposta.
Também questionada pela Lusa, a diretora de e-commerce da Fnac Portugal, Paula Alves, disse que o volume de encomendas “aumentou significativamente, comparativamente com o habitual funcionamento deste serviço (antes do fecho de loja)”.
Em termos de produtos, os clientes procuram “mais por hardware, gaming e livros” porque, por um lado, querem equipar-se da melhor forma para o teletrabalho e para os trabalhos escolares dos filhos, e, por outro, procuram artigos que possam ajudar a aproveitar os tempos livres, atendendo a que as saídas de casa estão limitadas”.
Paula Alves relembrou a experiência da loja online já com 20 anos de atividade, acrescentando que irá manter-se “enquanto for possível funcionar e servir os clientes em segurança”, sem esquecer os colaboradores que estão ao serviço, mantendo o número habitual, apesar de uma parte ter requerido “assistência à família devido ao encerramento das escolas”.
“Acima de tudo, a nossa preocupação é a de garantir a segurança e a saúde de todos os nossos colaboradores e clientes, tendo sido essa a principal razão que nos levou a decidir pelo encerramento das nossas lojas”, refere. Em termos de distribuição, a única informação que a cadeia adiantou foi o facto de algumas encomendas poderem estar a ter “um atraso de mais um dia útil do que o normal”.
Também a cadeia sueca Ikea sofreu uma reestruturação desde o encerramento temporário das lojas físicas, o que levou a “um natural aumento da procura” das encomendas online. “As pessoas estão em casa e preocupam-se mais com a funcionalidade e conforto das diferentes áreas”, sendo que os sofás são “um dos artigos que os portugueses mais procuram, uma vez que a sala tem sido um dos locais onde os portugueses têm passado mais tempo durante esta quarentena”, disse fonte da empresa.
Segundo a mesma fonte, a Ikea está a “reorganizar o fluxo de trabalho de forma a potenciar ainda mais o funcionamento da loja online”, adiantando que “as operações internas foram reforçadas, assim como a dos parceiros”.
Tendo em conta a nova estratégia de serviços, a empresa referiu ter “uma rede cada vez mais alargada e diversificada de parceiros que ajudam a dar maior flexibilidade aos serviços e aumentar a capacidade”.
A nível de entregas, a cadeia sueca explicou estar a conseguir assegurar, o tempo médio de dois dias, nas zonas do Porto e de Lisboa, podendo o cliente optar pelo método de recolha da encomenda em loja, um serviço que se tornou “temporariamente gratuito e encontrando-se com um prazo de cerca de três horas”.
Com o objetivo de proporcionar a máxima segurança possível aos clientes, colaboradores e parceiros, o serviço de entregas em casa da empresa foi readaptado, com as encomendas “a ser entregues apenas à porta e os serviços de instalação e montagem suspensos temporariamente”.
Além dos métodos de recolha em loja e entrega em casa, a Ikea também dispõe de 10 Pontos de Recolha, localizados em Aveiro, Beja, Castelo Branco, Coimbra, Leiria, Madeira, Palmela, Vila Real e Viseu.
O novo coronavírus, responsável pela pandemia da covid-19, já infetou mais de 341 mil pessoas em todo o mundo, das quais mais de 15.100 morreram. Em Portugal, há 23 mortes e 2.060 infeções confirmadas, segundo o balanço feito hoje pela Direção-Geral de Saúde. Dos infetados, 201 estão internados, 47 dos quais em unidades de cuidados intensivos.
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