Com mais tempo em casa, procura por livros online aumenta. Há títulos que se destacam
O Ensaio sobre a Cegueira, de José Saramago, e A Peste, de Albert Camus, têm tido uma procura superior ao normal, nesta altura em que se vive uma pandemia.
Devido à pandemia de Covid-19, grande parte dos portugueses está em teletrabalho, e passa mais tempo por casa. Multiplicam-se as sugestões sobre o que fazer durante este tempo, e a leitura é uma delas. As pessoas começam a procurar livros para ocupar o tempo em casa, maioritariamente online. E algumas escolhas destacam-se, nestes tempos diferentes do habitual.
Os primeiros casos em Portugal foram anunciados no início do mês de março, e à medida que a situação foi evoluindo começaram a aparecer recomendações para não sair. “Assim que se registaram os primeiros apelos aos portugueses para ficarem em casa, começamos a registar um aumento da procura do nosso catálogo e das nossas ofertas em livros”, aponta Pedro Falé, diretor comercial Fnac, ao ECO.
A cadeia de lojas aponta mesmo que as vendas “quase que triplicaram em algumas categorias de livros”. A procura “deu-se mais no online“, nomeadamente visto que a Fnac “encerrou grande parte das suas 33 lojas assim que a situação se agravou e o Governo decretou o estado de emergência”.
O estado de emergência foi decretado a 18 de março e as medidas definidas pelo Governo entraram em vigor no último domingo. Entre elas incluem-se restrições às saídas de casa bem como para atividades económicas que envolvam o atendimento ao público em estabelecimentos comerciais.
Já para a Porto Editora, estes “primeiros tempos de isolamento e resguardo” levaram a uma queda nas vendas, indica fonte oficial ao ECO. “Ainda assim, há que salientar que dois títulos têm tido uma procura excecional: Ensaio sobre a Cegueira, de José Saramago, e A Peste, de Albert Camus”, acrescenta. Livros estes cujas histórias abordam temas semelhantes à situação que se vive atualmente.
A editora, que engloba marcas como a Areal e a Bertrand, aponta, no entanto, que “a expectativa é que, perante as circunstâncias do fecho dos espaços físicos – o que é deveras preocupante, em especial ao nível do pequeno retalho –, as pessoas comecem a usar os canais online, até porque há livrarias virtuais a funcionar muito bem”.
Esta é também a expectativa da Leya. Fonte oficial do grupo aponta, ao ECO, que “por enquanto ainda é muito cedo para avaliar” o impacto do isolamento nas vendas. “Mas a expectativa é que a venda de livros online tenha um aumento considerável e é para isso que a Leya está a trabalhar”, refere.
O grupo editorial diz que “as novidades previstas para o final de março e abril serão publicadas quando o mercado normalizar”. No entanto, continuam a “trabalhar nas novidades já publicadas e a colocar a tónica na livraria online, onde todos estes livros estão disponíveis em formato físico e ebook“.
Nesta altura vão surgindo também várias campanhas para incentivar a leitura. O Clube do Autor decidiu selecionar cinco romances para enviar, em formato digital e de forma completamente gratuita, a quem os solicitar. Desde o lançamento desta oferta, na semana passada, já receberam mais de 500 pedidos, adiantou a editora, em comunicado.
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