António Saraiva prevê “profundas alterações” no mundo do trabalho e maior adesão ao teletrabalho
O presidente da CIP prevê que a pandemia de coronavírus provocará "profundas alterações no mundo do trabalho", do desemprego à normalização do teletrabalho.
A propagação de coronavírus em Portugal obrigou o presidente da Confederação Empresarial de Portugal (CIP) a trocar os encontros presenciais com os membros do Governo e com os seus associados por reuniões à distância possibilitadas pela tecnologia. “Nem sempre é fácil”, admite António Saraiva, que ainda assim antevê que, mesmo depois de a pandemia passar, a adesão ao teletrabalho será maior do que tinha sido até aqui.
O “patrão dos patrões” é um dos muitos portugueses que estão a trabalhar a partir de casa e é mais um dos entrevistados da nova rubrica diária do ECO chamada Gestores em Teletrabalho.
“Há uma alteração substancial do modo de vida”, confessa António Saraiva, que tem estado a trabalhar remotamente face ao surto de Covid-19. As reuniões presenciais foram trocadas por chamadas por Skype e “nem sempre é fácil” gerir esse trabalho há distância, diz. “Por vezes, ainda se sentem algumas falhas técnicas“, afirma Saraiva, referindo também que falta também alguma “habituação” por parte dos interlocutores.
Na vida da CIP, esta pandemia tem sido sinónimo de mais pedidos de esclarecimento por parte dos associados, o que “é compreensível”, diz Saraiva, já que neste momento as empresas enfrentam “um grau de incerteza enorme”. “Não sabemos a dimensão do que temos pela frente”, frisa.
“Antevejo profundas alterações no mundo do trabalho”
Antes desta pandemia, já estavam no horizonte “profundas alterações” no mercado de trabalho, sublinha o presidente da CIP. Isto face à digitalização da economia, à Internet das Coisas, à inteligência artificial. Agora os desafios são outros: António Saraiva prevê que terá de ser absorvida um “massa de trabalhadores que a crise vai deixar no desemprego”. No mesmo sentido, a Organização Internacional do Trabalho estima que, em todo o mundo, este surto eliminará quase 25 milhões de postos de trabalho.
Por outro lado, a experiência de trabalho remoto trazida por este período de pandemia levará a que os postos que se “possam adaptar” a essa modalidade o façam, prevê o líder da CIP. “Vamos assistir a alterações e a uma maior adesão a esta metodologia de trabalho”, afirma o “patrão dos patrões”.
Tudo somado, António Saraiva atira: “Estamos perante uma crise de dimensões que nenhum de nós consegue percecionar quando irá chegar ao fim e como chegaremos a esse fim. Antevejo profundas alterações no mundo do trabalho”.
Países da UE não conseguirão oferecer soluções “sozinhos”
Face à pandemia de coronavírus, o Executivo de António Costa já preparou um pacote de apoios para empresas e trabalhadores, tendo deixado a porta aberta a novas medidas no futuro em função da evolução desta “crise”. Por isso mesmo, o Governo decidiu passar a encontrar-se semanalmente com os parceiros sociais, para ir ouvindo as preocupações de patrões e sindicatos e ir, assim, adequando as suas posições.
“As medidas estão a ser tomadas em função da avaliação que o Governo vão fazendo diariamente. O Governo está a fatiar a apresentação das medidas”, explica o presidente da CIP.
António Saraiva defende, contudo, que nenhum Estado-membro da União Europeia conseguirá “suprir todas as necessidades que se vão revelar” sozinho. É preciso, por isso, juntar às capacidades internas de cada país à ajuda da União Europeia, para que se encontrem formas mais rápidas de resolver os problemas, remata.
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