Milhões de euros contra o vírus. Estas empresas estão a ser solidárias

De Norte a Sul, várias empresas e voluntários estão a fazer donativos para ajudar a combater esta pandemia. Máscaras, batas, óculos, ventiladores e contribuições monetárias são alguns dos donativos.

Numa altura em que o mundo enfrenta um enorme desafio de saúde pública, são várias as empresas e voluntários que estão a juntar-se a esta onda de solidariedade e a doar equipamentos médicos e contributos monetários para ajudar a combater este vírus.

Fundação Gulbenkian, EDP, Benfica, Federação Portuguesa de Futebol, Grupo Mosqueteiros, Santander, Science4you, Sonix, Polopique, Calvelex, Lameirinho, Riopele, Paulo de Oliveira, Ana Sousa, Fundação Fosun, centro comercial Parque Nascente, Imperial Tobacco Portugal, empresários de São João da Madeira, os concelhos do distrito de Viana do Castelo e a Comunidade Intermunicipal do Alto Minho e até o Cristiano Ronaldo juntamente com o Fernandes Mendes. Estes são alguns exemplos de empresas, pessoas e municípios que estão a unir esforços e a doar fundos e equipamentos médicos aos profissionais de saúde para fazer face a esta pandemia mundial.

A Fundação Calouste Gulbenkian não ficou indiferente a este surto e criou um fundo de emergência de cinco milhões de euros, para apoiar a saúde, ciência, sociedade civil, educação e cultura, para fazer face às consequências sociais do Covid-19. “Aprovamos a criação de um fundo de emergência, num montante inicial de 5 milhões de euros, que pretende contribuir para reforçar a resiliência da sociedade nos principais domínios de intervenção da Fundação”, explica a fundação em comunicado.

À semelhança da Fundação Gulbenkian, a EDP e a chinesa China Three Gorges (CTG) anunciaram, na semana passada, que vão comprar 50 ventiladores, 200 monitores e equipamentos médicos para disponibilizarem ao SNS. Um investimento que ronda os quatro milhões de euros.

Estes equipamentos médicos, decisivos para tratar as pessoas infetadas pelo Covid-19, vão estar disponíveis “para transporte dia 27 de março, prevendo-se que cheguem a Portugal no final do mês”, esclarece em comunicado a empresa liderada por António Mexia.

Benfica vai doar um milhão de euros ao SNS

O Benfica e a Benfica SAD, juntamente com a Câmara Municipal de Lisboa e a Universidade de Lisboa, vão doar um milhão de euros ao Serviço Nacional de Saúde (SNS), para a aquisição de equipamentos. À semelhança do Benfica, a Fundação do Futebol da Liga portuguesa vai leiloar equipamento desportivo para angariar fundos para a aquisição de material hospitalar.

O projeto da FPF intitulado de “Stop Covid-19” vai ter a leilão bolas e camisolas autografadas por atletas dos semifinalistas da Taça da Liga, nomeadamente Sporting de Braga, que venceu a competição, FC Porto, Sporting e Vitória de Guimarães. “Este leilão solidário avança com o objetivo de adquirir equipamentos de proteção médica, nomeadamente máscaras, luvas e batas”, informa o organismo, em comunicado.

Mosqueteiros oferece meio milhão aos profissionais de saúde

O grupo “Os Mosqueteiros” vai doar meio milhão de euros para apoiar profissionais de saúde da primeira linha. Com este contributo, o grupo pretende ajudar a suprimir as necessidades dos profissionais da linha da frente no que diz respeito a equipamentos de proteção individual e material médico.

“Observamos a realidade das localidades onde estamos implantados e sentimo-nos impelidos a apoiar os profissionais de saúde que tanto têm contribuído para a mitigação desta pandemia. Vamos entregar 500 mil euros a esta causa para que ao proteger os profissionais de saúde estejamos todos nós mais protegidos. Fazemos isso por si, por nós, por todos!”, refere Laurent Boutbien, presidente do grupo que é detentor em Portugal das insígnias Intermarché, Bricomarché e Roady.

Santander disponibiliza fundo de 50 mil euros

O Santander também vai contribuir com um apoio de 50 mil euros para adquirir 50 mil máscaras P2. A instituição bancária juntou-se ao movimento Tech4Covid19, formado por um grupo de startups tecnológicas portuguesas, da qual fazem parte mais de 250 empresas e mais de 3,700 membros e que têm como objetivo comum criarem soluções para ultrapassar os desafios e carências que a sociedade enfrenta face à pandemia do coronavírus.

Com um investimento menos avultado, mas também com vontade de ajudar, os concelhos do distrito de Viana do Castelo e a Comunidade Intermunicipal do Alto Minho (CIM) juntaram-se a esta onda solidária e constituíram um fundo de 100 mil euros para apoiar a unidade local de saúde. “Nesta fase inicial, de um montante de 100 mil euros destina-se à aquisição de equipamentos de proteção, de desinfeção, ou de suporte aos cuidados intensivos para as respetivas unidades de saúde”, explica a CIM do Alto Minho, em comunicado.

Não indiferente a esta causa, até o internacional português Cristiano Ronaldo, juntamente com o empresário Jorge Mendes, uniram-se para equipar uma ala de cuidados intensivos do Hospital de Santo António, no Porto. “Esta unidade vai permitir a abertura de 15 camas de cuidados intensivos, integralmente equipadas com ventiladores, monitores e restante equipamento”, indicou o Centro Hospitalar Universitário do Porto (CHUP), onde se insere o Santo António.

À semelhança do Cristiano Rondado, a Fundação Fosun, de Xangai, acaba de fazer uma doação ao município do Porto, de 53 mil máscaras cirúrgicas, cinco mil testes, 200 óculos e 200 fatos de proteção. “Quero agradecer calorosamente o apoio e assistência com os suprimentos médicos que tão necessários são e que ajudarão a salvar vidas. É também um extraordinário gesto de valor simbólico que jamais esqueceremos“, sublinhou o presidente da autarquia do Porto, Rui Moreira, em comunicado.

Face a esta pandemia até os centros comerciais oferecem ajuda e este é o exemplo do Parque Nascente, centro comercial de Rio Tinto, que vai doar 1.800 máscaras FPP2 ao Hospital São João no Porto. “Sabemos que as máscaras são um recurso escasso e indispensável à proteção dos nossos profissionais de saúde, que se encontram na linha da frente na prestação de cuidados aos doentes infetados,” afirma fonte da empresa, em comunicado.

Polopique, Calvelex, Lameirinho, Riopele e Paulo Oliveira produzem batas

Há pouco menos de dez dias, um grupo de cinco empresas de vestuário e confeção entregaram ao Hospital de Guimarães um primeiro lote de 200 batas, e já estão a produzir mais lotes, da ordem das milhares, com as exigências médicas devidas, assim, como máscaras. Foi a resposta da Polopique, da Calvelex, da Lameirinho, da Riopele e da Paulo de Oliveira, cinco empresas que, entre elas, detêm valências de toda a fileira, dos fios aos têxteis-lar, passando pelos tecidos e confeção de vestuário, na luta à propagação do novo coronavírus Covid-19.

Estas empresas ciaram igualmente um um fundo financeiro para ser usado na aquisição das matérias-primas necessárias à produção destes equipamentos de proteção individual.

“Estas empresas foram as primeiras a responder positivamente a este desafio mas outras estarão em condições também de o fazer. Esperamos que com o esforço de todos seja possível reduzir o impacto desta pandemia na nossa sociedade”, afirmou César Araújo, presidente da Calvelex, ao ECO.

E apareceram, sim. A Sonix, empresa têxtil sediada em Barcelos, já doou cerca de dois mil kits de máscaras e batas ao Hospital de Barcelos, tal como a marca Ana Sousa que já entregou 400 batas à mesma unidade hospitalar. “Estamos imensamente agradecidos à Ana Sousa e à Sonix bem como a todos os portugueses e Barcelenses que têm demonstrado um espírito solidário e de entreajuda incomparável”, agradece o Hospital Santa Maria Maior, em Barcelos, na sua página oficial do Facebook.

Ainda no Norte, dois empresários de São João da Madeira reuniram um grupo de 16 empresas que, representando a indústria de calçado e outros setores, pretendem criar duas mil viseiras cirúrgicas ainda esta semana para oferecer a profissionais de saúde da região.

Estamos nesta fase focados em quatro hospitais centrais e esperamos ser possível ajudar também outros.

Conceição Dias, proprietária da Sonix

A iniciativa partiu de dois administradores das empresas Footure e Doss que admitem que esta produção excecional de viseiras pode continuar para além da primeira remessa e fazem um apelo: “considerando que toda a matéria-prima e trabalho operacional estão a ser doados pelas empresas envolvidas, se houver quem continue a ceder o material necessário para o efeito a produção pode manter-se ativa”, explica o diretor da Footure, Tiago Gomes.

Science4you cede instalações e equipamentos. Universidade Nova de Lisboa cria linha de montagem

Do norte ao sul são várias as empresas que estão a produzir equipamento médico para doar. Em Lisboa, a Science4you disponibilizou as suas instalações e equipamentos para produzirem materiais de proteção que estão em falta. A empresa já anunciou que vai doar mil máscaras e mil óculos aos profissionais de saúde. A empresa que produz brinquedos científicos dispõe de salas de produção e máquinas de enchimento automáticas que podem ser utilizadas no enchimento de gel desinfetante.

“A Science4you demonstrou-se totalmente disposta a disponibilizar de forma gratuita qualquer área das suas instalações que conta com dez mil metros quadrados e dos meios ao seu dispor para a produção de materiais que auxiliem e aumentem as ferramentas de prevenção face à Covid-19”, explica a empresa, em comunicado.

Ainda na capital, a Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade Nova de Lisboa criou uma linha de montagem nas suas instalações e está a produzir máscaras viseiras. Este espaço improvisado tem a capacidade para produzir cerca de uma centena de máscaras por dia e estão envolvidas neste projeto cerca de 30 pessoas, entre professores, alunos de doutoramento e de mestrado. A FCT Nova já recebeu pedidos dos hospitais de: Santa Maria, Cascais, Garcia de Orta e Vila Franca de Xira.

De Lisboa para Évora, o laboratório de fabricação (FabLab) da incubadora de empresas ÉvoraTech, está a produzir viseiras de proteção individual para os profissionais de saúde do hospital da cidade. Já foram produzidas “120 viseiras”, que deverão ser entregues nos próximos dias no Hospital do Espírito Santo de Évora. “Vamos continuar a produção enquanto tivermos materiais e houver necessidade”, explica Daniel Janeiro, gestor da ÉvoraTech.

A Imperial Tobacco Portugal, dona das marcas de cigarros John Player Special, Davidoff ou Gauloises, é outras das empresas a juntar-se a esta onda solidária e vai instalar proteções acrílicas em mais de mil pontos de venda no território nacional. A instalação das proteções arranca na próxima semana e irá abranger as lojas de sul a norte de Portugal. O objetivo da Imperial Tobacco Portugal é “contribuir para a segurança de todos aqueles que se encontram a trabalhar nestes locais, assim como de todos os consumidores”, explica a empresa em comunicado.

“Mais importante do que o investimento é poder dar um contributo para que, enquanto sociedade, consigamos vencer este enorme desafio”, esclarece João Pedro Lopes, diretor de corporate affairs da Imperial Tobacco Portugal.

Forças Armadas disponibilizam mais de duas mil camas

Para além de todas estas empresas, fundações e organismos, as Forças Armadas disponibilizaram 2.300 camas para reforçar a capacidade do Serviço Nacional de Saúde. “Duas mil poderão ser utilizadas para prestar cuidados de saúde, não diferenciados” e 300 camas para apoiar os profissionais do SNS”, explica em comunicado, o Ministério da Defesa.

São muitas as empresas que estão a unir esforços para fazer frente a esta pandemia e são vários os voluntários que se juntam a esta onda de solidariedade. Segundo informa o Ministério da Defesa Nacional, as Forças Armadas receberam, até à data, mais de cinco mil candidaturas.

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