Isabel Camarinha, da CGTP, está a “trabalhar a 100%” e quer lay-off pago a 100%

Isabel Camarinha, da CGTP, diz que os direitos dos trabalhadores estão a ser desrespeitados por muitos empregadores e apela ao Governo para que assegure os salários a 100%.

A secretária-geral da CGTP não está confinada em casa, nem a fazer teletrabalho. “Faço como os trabalhadores todos. Venho de casa para o trabalho e vou do trabalho para casa”, conta Isabel Camarinha. Ainda assim, a pandemia de coronavírus trouxe algumas alterações à sua rotina, com a maioria dos trabalhadores da central sindical que dirige a prestar serviços remotamente, neste momento.

A sindicalista é um dos muitos portugueses cujas rotinas de trabalho estão a ser alteradas pela pandemia e é mais um doos entrevistados da nova rubrica diária do ECO Gestores em Teletrabalho.

Camarinha justifica a opção pelo trabalho presencial com a necessidade de “dar resposta à situação em que os trabalhadores estão colocados” face ao surto de Covid-19. À CGTP, já chegaram centenas de relatos de “ilegalidades” e abusos laborais: de despedimentos à não renovação de contratos a prazo, passando pela dispensa de trabalhadores em período experimental até à cessação de contratos de prestação de serviços com trabalhadores independentes.

A dirigente sindical salienta que está mesmo a ser registo algum desrespeito pelos direitos desses trabalhadores; apela, por outro lado, a que o Executivo de António Costa garanta 100% da retribuição de quem trabalha e não apenas os dois terços prometidos, por exemplo, no caso do lay-off simplificado.

“Sem trabalhadores não havia nada, portanto garanta-se a subsistência e a retribuição total aos trabalhadores“, diz, adiantando que a ação da CGTP tem passado por intervir junto de empregadores, por fazer denúncias à Autoridade para as Condições do Trabalho (ACT) e por exigir respostas ao Governo. “Isto é uma fase extraordinária, portanto tomem-se medidas extraordinárias. Tem que haver apoios aos trabalhadores que garantam a sua retribuição total”, defende Isabel Camarinha.

A sindicalista deixa ainda criticas à recente revisão do Código do Trabalho que, ao ter alargado o período experimental para os jovens à procura do primeiro emprego e para os desempregados de longa duração — matéria que está agora a ser avaliada pelo Tribunal Constitucional –, deixou muitos trabalhadores numa posição mais “frágil para enfrentar uma situação como esta”.

“Se tivéssemos conseguido alterar o modelo de baixos salários, de precariedade, de desinvestimento nos serviços públicos e se tivéssemos dado o salto também em relação à legislação laboral, o país estaria em condições muito diferentes para enfrentar esta situação“, atira.

Mas, afinal, como está a funcionar a CGTP?

“O que fizemos foi um plano de contingência para a CGTP em que temos alguns dirigentes e trabalhadores que asseguram aqui o funcionamento e os outros estão a trabalhar a partir de casa”, explica a secretária-geral da CGTP, detalhando que são “muito poucos” os trabalhadores da central que estão a trabalhar no escritório e não de modo remoto.

Apesar de reconhecer que as condições “não são as mesmas”, Isabel Camarinha assegura que a central sindical está a “trabalhar a 100%”. “Estamos a dar a resposta que precisamos de dar, agora naturalmente que as condições não são as mesmas, como não são para os outros trabalhadores todos”, frisa.

Quanto ao futuro e ao impacto desta pandemia no mercado de trabalho, a sindicalista assegura que irá “continuar a lutar para que haja mais medidas”, já que as atuais “são insuficientes”. “Se isso acontecer, os efeitos dessa pandemia serão menores, porque a economia terá outra vitalidade se os trabalhadores tiverem a totalidade do seu rendimento, mesmo estando em estado de emergência e em confinamento”, remata.

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