Covid-19: Hoteleiros do Algarve dizem que medidas de apoio estão aquém das necessidades

  • Lusa
  • 15 Abril 2020

A AHETA considera, que, entre as medidas anunciadas pelo Governo, o lay-off simplificado foi o que melhor serviu os interesses empresariais do turismo, mas defende que são necessários outros apoios.

A Associação dos Hotéis e Empreendimentos Turísticos do Algarve (AHETA) considerou esta quarta-feira que as medidas anunciadas pelo Governo para apoiar as empresas “são insuficientes e ficam muito aquém” das necessidades turísticas e empresariais.

A maior associação de hoteleiros da região algarvia indicou, em comunicado, que, de entre todas as medidas já anunciadas pelo Governo para apoiar o setor turístico face ao impacto económico causado pela pandemia da Covid-19, o lay-off simplificado foi o que melhor serviu os interesses empresariais do turismo, mas defende que são necessários outros apoios para o setor.

O Governo não pode descartar a hipótese de conceder financiamentos a fundo perdido para o setor do turismo, sem o que este não poderá ser competitivo aquando do reinício de uma recuperação que se prevê lenta, progressiva e muito prolongada”, sustenta a AHETA.

A associação dos hoteleiros revelou que “já existem empresas com salários em atraso, porque não podem aceder ao lay-off nem às linhas de crédito já disponibilizadas, por não terem a sua situação fiscal regularizada com o fisco e a segurança social, sendo forçadas a proceder a despedimentos coletivos e à extinção de postos de trabalho”.

Segundo a AHETA, é necessário que os pagamentos da responsabilidade do Estado cheguem na data prometida, ou seja em 28 de abril, recordando que as empresas “só poderão suportar os 30% dos 66% dos vencimentos dos trabalhadores durante cerca de dois meses”.

“Uma vez que a situação atual, ao que tudo indica, vai prolongar-se para além deste prazo, torna-se urgente que o Governo decida assumir a totalidade dos 66%, caso contrário as empresas terão de extinguir postos de trabalho, uma situação que é preciso evitar a todo o custo”, alertou.

A associação empresarial considera que as linhas de crédito já anunciadas “têm-se revelado um verdadeiro pesadelo para as empresas, com juros demasiados elevados e a burocracia envolvida terrível, além de outras condicionantes que a banca coloca à maioria das empresas”.

“Nesta matéria, o Governo deve estipular um prazo máximo de 15 dias para as instituições financeiras se pronunciarem, independentemente dos detalhes processuais posteriores”, defendem os hoteleiros.

Para a AHETA, a atividade turística vai demorar muito tempo a recuperar, “as empresas vão confrontar-se no futuro com menos negócio, mas mais dívidas e encargos – uma situação economicamente explosiva”.

A associação defende ainda como medidas de apoio ao setor do turismo as isenções temporárias dos pagamentos da segurança social, do Pagamento Especial por Conta (PEC) e do Imposto Municipal sobre Imóveis (IMI), além do diferimento de outros impostos como o IVA e o IRC, “atendendo à falta de fluxo de caixa e receitas das empresas”.

Para a recuperação do mercado turístico, a AHETA aponta como essencial a implementação de “novas estratégias de promoção, através do reforço de mais meios financeiros e de um maior envolvimento dos parceiros privados”, antevendo que os atuais circuitos comerciais sejam “afetados e demorarão a afirmar-se e a consolidar-se no negócio turístico”.

“É imperioso reorientar toda a estratégia promocional do país e de regiões como o Algarve, assim como o funcionamento, missão e objetivos do Turismo de Portugal, face às novas realidades dos mercados e da mudança substantiva dos canais de comercialização e distribuição de férias, já para não falar das alterações profundas no mundo da aviação e do transporte aéreo mundiais”, justifica.

Para a associação, sendo o mercado interno importante para a recuperação turística, “deve o Governo aprovar a dedução no IRS dos portugueses que façam férias no próprio país durante um período de dois anos”.

“A concorrência feroz que iremos enfrentar por parte dos destinos concorrentes exige que, face à reduzida dimensão da nossa oferta, mostremos capacidade para implementar estratégias promocionais inteligentes, mais centradas no consumidor final e menos nos grossistas e/ou operadores turísticos, fortemente afetados financeiramente pela grave crise que atravessamos e cuja sobrevivência pode estar em causa”, conclui a associação.

A nível global, a pandemia de Covid-19 já provocou quase 127 mil mortos e infetou mais de dois milhões de pessoas em 193 países e territórios. Mais de 428 mil doentes foram considerados curados.

Portugal regista 599 mortos associados à Covid-19 em 18.091 casos confirmados de infeção, segundo o boletim diário da Direção-Geral da Saúde (DGS) sobre a pandemia. Relativamente ao dia anterior, há mais 32 mortos (+5,6%) e mais 643 casos de infeção (+3,7%).

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