Portugal afasta reforço das reservas estratégicas. ENSE vê combustíveis a cair
Portugal não tem necessidade de reforçar as suas reservas estratégicas de combustíveis. Isso seria, até, contraproducente, disse fonte oficial da ENSE ao ECO.
O preço do petróleo caiu para mínimos históricos, abaixo de zero nos Estados Unidos, mas por cá a Entidade Nacional para o Setor Energético (ENSE) garante que não há necessidade de reforçar as reservas estratégicas de combustíveis. Isso seria, até, contraproducente, disse fonte oficial da ENSE ao ECO, tendo em conta que petrolíferas e gasolineiras não estão a conseguir escoar os stocks que têm armazenados.
“Estando a definição do nível de reservas estratégicas definido por diretiva comunitária e por legislação nacional, e sabendo que Portugal até ultrapassa esse limiar dos 90 dias, não é considerado neste momento necessário estar a reforçar essa quantidade face às necessidades de abastecimento normal do mercado, até porque os próprios operadores têm visto os seus próprios stocks comerciais reforçados“, disse fonte da ENSE.
A entidade que fiscaliza o setor energético confirma que o impacto dos atuais preços do petróleo será sentido em Portugal, em breve. “É natural que esta pressão em baixa venha a refletir-se nas próximas semanas em Portugal [nos combustíveis], sendo que este preço irá continuar a acompanhar esta linha de tendência internacional”, atestou a entidade fiscalizador.
Em Portugal a evolução dos preços dos combustíveis em Portugal está ligada ao petróleo Brent, explica a ENSE, mas também está dependente de outros custos como os fretes, custos cambiais, pois as transações são feitas em dólares, custos de armazenagem, seguros, outros custos de transporte e fiscalidade associada.
“Deste modo, a evolução dos preços dos combustíveis, seja no petróleo bruto ou nos produtos refinados, costuma seguir a tendência dos indicadores Brent e WTI apesar de não ter necessariamente a mesma amplitude de variação, costumando também registar-se com algum desfasamento temporal”, explica a mesma fonte.
Também a Entidade Reguladora dos Serviços Energéticos (ERSE) diz que “é expectável que esta evolução [nos preços do petróleo] se venha a refletir no mercado nacional, sendo necessário ter presente as restrições impostas pela falta de capacidade de armazenamento”.
O regulador da energia diz que a evolução do preço do crude nos mercados internacionais reflete o nível da produção mundial e o esmagamento da procura pela pandemia de Covid-19, o que pressiona em baixa o preço do petróleo, arrastando, nomeadamente, o Brent para cotações que rodaram, esta segunda-feira, os 25 dólares por barril.
“Os níveis de procura muito reduzidos no mercado retalhista e a saturação da capacidade de armazenamento das infraestruturas do Sistema Petrolífero Nacional (foi anunciada a suspensão da atividade de refinação por um mês) pode levar à suspensão das transações neste mercado, pelo que a ERSE, na sua função de monitorização da formulação dos preços destes produtos, acompanhará com particular atenção a evolução neste mercado”, disse fonte oficial.
Quanto ao gás engarrafado, e apesar do petróleo em queda abrupta, os preços das botijas não vão mexer mais até ao fim do estado de emergência. Para uma família, uma botija 13 kg de butano não poderá custar mais de 22 euros. “O Governo estabeleceu uma política de preços máximos, pelo que os valores estão indexados a regras que serão estáveis durante o período estabelecido. Nos combustíveis espera-se o acompanhar da tendência internacional, como tem vindo a ser feito ao longo do tempo”, garantiu a ENSE.
(Notícia atualizada)
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