Face Oculta: Novo julgamento de Manuel Godinho marcado para maio
Manuel Godinho, principal arguido no processo Face Oculta, vai ser julgado em maio, no Tribunal de Aveiro, num novo processo de fraude fiscal, que terá lesado o Estado em cerca de 330 mil euros.
O sucateiro Manuel Godinho, principal arguido no processo Face Oculta, vai começar a ser julgado em maio, no Tribunal de Aveiro, num novo processo de fraude fiscal, que terá lesado o Estado em cerca de 330 mil euros.
O início do julgamento chegou a estar agendado para junho de 2019, mas ficou sem efeito, devido a um requerimento apresentado por um dos advogados de defesa a suscitar uma “nulidade insanável”, por não ter sido notificado do despacho que designou data para a realização do debate instrutório.
O coletivo de juízes determinou assim o reenvio dos autos ao juiz de instrução para a repetição do debate instrutório, tendo esta fase processual terminado em outubro passado com a pronúncia de todos os arguidos, com exceção de uma empresa entretanto declarada extinta.
Além de Manuel Godinho, vão estar sentados no banco dos réus mais três pessoas, designadamente o seu filho, João Godinho, dois administradores de empresas do grupo empresarial do sucateiro e uma sociedade.
Segundo o despacho de pronuncia, consultado pela Lusa, o esquema passava pela emissão de faturas de duas empresas do grupo empresarial “Godinho” a outras tantas empresas do mesmo grupo que não correspondiam a qualquer transação comercial, para obter vantagens fiscais indevidas em sede de IVA e IRC, anulando ou reduzindo o valor do imposto a entregar ao Estado.
Em causa estão diversas faturas falsas relativas ao transporte de areias e de sucatas e à compra de duas máquinas.
De acordo com a investigação, o esquema, que funcionou entre 2010 e 2011, terá lesado o Estado em cerca de 330 mil euros.
Em 2014, Manuel Godinho foi condenado no Tribunal de Aveiro a 17 anos e meio de prisão, no âmbito do processo Face Oculta, por 49 crimes de associação criminosa, corrupção, tráfico de influência, furto qualificado, burla, falsificação e perturbação de arrematação pública.
O empresário das sucatas recorreu para a Relação do Porto, que reduziu a pena para 15 anos e 10 meses, e voltou a recorrer, desta feita para o Supremo Tribunal de Justiça, que diminuiu a pena para os 13 anos de prisão.
Entretanto, o Tribunal de Aveiro declarou prescritos vários crimes pelos quais foi condenado, tendo fixado em 12 anos de prisão o novo cúmulo jurídico. O sucateiro, que se encontra em liberdade, recorreu desta decisão para o Tribunal da Relação, adiando assim o cumprimento da pena de prisão.
Até ao momento, só três arguidos condenados a penas efetivas no processo Face Oculta deram entrada na cadeia, sendo um deles o ex-ministro socialista Armando Vara, que está a cumprir uma pena de cinco anos.
O processo Face Oculta, que começou a ser julgado em 2011, está relacionado com uma alegada rede de corrupção que teria como objetivo o favorecimento do grupo empresarial do sucateiro Manuel Godinho nos negócios com empresas do setor do Estado e privadas.
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