Portugueses temem desemprego. Veem economia a voltar aos tempos da troika
Em abril, os portugueses deixaram de ter confiança no futuro, temendo o desemprego e a evolução da economia. Apesar das perspetivas para a situação própria não terem caído tanto, a poupança descerá.
Tal como está a acontecer em todo o mundo, a confiança dos consumidores em Portugal mudou de forma radical. Em março, com duas semanas de confinamento, a queda já foi expressiva, mas abril trouxe o maior trambolhão de sempre. Os portugueses deixaram de estar otimistas e passaram para um estado de espírito que se assemelha ao que existia quando a troika estava em Portugal.
O antes e depois da pandemia já é bastante visível no indicador de confiança relativo a abril que o Instituto Nacional de Estatística (INE) divulgou esta quarta-feira. Um mês inteiro de confinamento, o sentir de perto o aperto financeiro das empresas e familiares assim como as previsões catastróficas que estão a ser divulgadas bastaram para desfazer a confiança que os portugueses tinham vindo a recuperar da anterior crise.
Num só mês, com a maior queda de sempre (a série começou em novembro de 1997), o indicador da confiança dos consumidores baixou para um mínimo de maio de 2013, se considerado o valor mensal efetivo e não a média móvel de três meses. Mas em que aspetos é que os portugueses estão marcadamente mais pessimistas por causa do coronavírus?
Como o INE escreve, esta evolução resultou sobretudo do “contributo tremendamente negativo” das expectativas relativas à evolução da situação económica do país. Ou seja, a confiança dos portugueses na economia portuguesa colapsou, atingindo mínimos de dezembro de 2013, numa altura em que as previsões apontam para uma queda no PIB na ordem dos 8%.
A queda deste indicador é superior à redução das expectativas relacionadas com a situação financeira do agregado familiar, o que pode indiciar que os consumidores esperam que as medidas do Governo permitam manter, em parte, os seus rendimentos. Contudo, a crise pandémica afetará as famílias com consequências nas compras importantes e na poupança.
Os portugueses preveem agora fazer menos compras importantes no momento atual e nos próximos meses. Isso é visível na expectativa da realização de grandes gastos com melhoramentos na habitação ou na compra de automóvel. Porém, o impacto não foi tão grande na área no imobiliário: “O saldo das perspetivas de compra ou construção de habitação diminuiu ligeiramente em abril, após ter aumentado de forma ligeira em janeiro”. Contudo, é de notar que esta última análise é feita com valores trimestrais e não apenas com os dados mensais de abril.
E, sem margem para dúvidas, a capacidade de poupança dos consumidores já diminuiu e continuará deprimida. Também aqui houve uma queda sem precedentes, isto depois de este indicador ter atingido em janeiro o valor mais alto desde abril de 2002. Uma evolução que não é indissociável das expectativas dos portugueses relativas ao desemprego.
Neste caso, a lógica é outra: em abril verificou-se a maior subida de sempre. “O saldo das perspetivas relativas à evolução do desemprego registou em abril, o maior aumento desde o início da série, prolongando o perfil ascendente registado desde julho de 2018 e atingindo o valor mais elevado desde dezembro de 2013″, esclarece o INE.
Quanto à evolução dos preços, a expectativa dos portugueses é que estes aumentem nos próximos meses.
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