Bitcoin repete fenómeno raro que corta para metade oferta da criptomoeda

A emissão de novas Bitcoin vai ser cortada para metade esta segunda-feira. O fenómeno é conhecido por "halving" e já não acontecia há quatro anos.

Todas as atenções no mundo das criptomoedas vão estar debruçadas sobre a Bitcoin esta semana. Em causa está a ocorrência iminente de um fenómeno raro, que aconteceu pela última vez há cerca de quatro anos, antes mesmo do boom na popularidade das moedas virtuais. Conhecido por halving, este evento técnico tem potencial para influenciar o valor desta moeda virtual ao longo dos próximos quatro anos.

Excluindo o dia histórico de 17 de dezembro de 2017, em que a Bitcoin tocou máximos de quase 20 mil dólares a unidade, esta segunda-feira, 11 de maio, está a ser considerada por alguns meios especializados como a “data mais importante” para o futuro da Bitcoin. Mas, para entender porquê, importa primeiro compreender como funciona a criptomoeda mais famosa do mundo.

A Bitcoin assenta numa tecnologia desenvolvida por um anónimo, ou anónimos, apresentada em 2007 e chamada de blockchain. Por não ser regulada por um banco central, a Bitcoin foi desenhada para funcionar num sistema descentralizado, em que milhões de computadores em todo o mundo processam as transações através da resolução, por tentativa e erro, de complexas equações matemáticas.

Quanto mais computadores estiverem ligados à rede, mais complicadas ficam essas equações. Este é, também, o mecanismo que permite a introdução de novas unidades de Bitcoin no mercado: sempre que um block é processado (na gíria diz-se “minerado”), as transações que fazem parte desse block são concluídas e o proprietário do computador responsável é remunerado com uma quantia fixa de Bitcoin — de outra forma, não teriam incentivo para levar a cabo esse trabalho, que além escala, exige enormes quantidades de energia elétrica.

Atualmente, essa quantia fixa é de 12,5 unidades de Bitcoin, o que corresponde a cerca de 112.500 dólares tendo como referência um valor unitário de cerca de 9.000 dólares. Ora, esta segunda-feira, espera-se que seja minerado o block número 630 mil da Bitcoin, altura em que o sistema da criptomoeda está programado para reduzir de 12,5 para 6,25 unidades a remuneração “paga” a quem se dedica à atividade de “processar” estas transações.

Este acontecimento é conhecido por halving, e significa que a remuneração por block processado cai para metade. Acontece periodicamente, a cada 210 mil blocks processados, ou de cerca de quatro em quatro anos, e está previsto desde sempre no código que permite à Bitcoin funcionar. Deverá ter lugar, eventualmente, até 2140, altura em que deverá ser atingida a oferta máxima de Bitcoin prevista nesse mesmo código informático, que é de 21 milhões de unidades da criptomoeda.

A última vez que o halving ocorreu foi a 9 de julho de 2016, altura em que o valor da Bitcoin rondava os 500 dólares, muito abaixo dos preços registados nos últimos anos, e em que a existência do mundo das criptomoedas não era sequer do conhecimento da generalidade da população. Já nessa altura, antecipava-se que o valor da Bitcoin deveria escalar na sequência desse fenómeno (o autor deste artigo antecipava isso mesmo há quatro anos).

Evolução do preço da Bitcoin desde o último halving em 2016:

Fonte: CoinDesk

Dada a volatilidade das criptomoedas, é impossível prever o que acontecerá depois do halving da Bitcoin desta segunda-feira. Por norma, uma oferta mais reduzida e a manutenção da procura poderá resultar em preços mais altos, mas nada é garantido. É que este ensinamento poderá estar já a conduzir a uma subida dos preços da Bitcoin, com o valor da moeda a ganhar algum terreno nas últimas semanas, depois dos mínimos alcançados em março, em plena pandemia do coronavírus.

O valor da Bitcoin continua a rondar os 9.000 dólares, tratando-se de uma valorização de mais de 40% desde o início do ano. O máximo foi alcançado em meados de fevereiro, na ordem dos 10.350 dólares, e o mínimo em meados de março, a pouco menos de 5.000 dólares. Mas já esta sexta-feira, em antecipação ao fenómeno, o preço da Bitcoin disparou e tocou os 10.070 dólares.

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