Comissão Europeia “mais otimista” que FMI, mas menos que BdP. “Estamos no meio”, diz Gentiloni
O comissário europeu da economia explicou que as previsões da Comissão Europeia foram feitas quando já era visível que o pico da curva epidémica tinha sido alcançado na maioria dos Estados-membros.
A Comissão Europeia está menos pessimista do que o Fundo Monetário Internacional (FMI) sobre a dimensão da recessão da economia portuguesa em 2020. Contudo, está menos otimista do que o Banco de Portugal, assinalou o comissário europeu para a economia, Paolo Gentiloni, na conferência de imprensa de apresentação das previsões de primavera da Comissão Europeia. A diferença está na informação disponível até ao momento da divulgação das previsões e a evolução da pandemia em cada momento.
“A nossa projeção parece-me mais otimista do que a do FMI, mas menos otimista do que o cenário base consensual entre os economistas e as previsões do Banco de Portugal”, apontou Gentiloni. “Estamos no meio”, acrescentou.
Esta posição intermédia das previsões da Comissão Europeia poderá estar relacionada com o momento em que as três previsões referidas foram elaboradas. “A data de fecho das previsões do FMI foi anterior à data de fecho das previsões da Comissão“, explicou, referindo que isso levou a “diferentes avaliações” sobre o estado da pandemia.
No caso das previsões de Bruxelas, estas foram fechadas a 23 de abril, data em que “a situação da curva da pandemia era mais clara” em comparação com o momento das previsões do FMI. “[A situação] não era positiva, mas já era claro que o pico tinha sido alcançado em muitos dos Estados-membros“, esclareceu Gentiloni, sugerindo que essa poderá ser uma das diferenças a explicar as diferentes previsões.
No cenário macroeconómico divulgado esta quarta-feira, a Comissão Europeia prevê uma contração de 6,8% da economia portuguesa, seguida de uma recuperação de 5,8% em 2021. Já o FMI, que divulgou as suas previsões a 14 de abril no World Economic Outlook, prevê uma queda de 8% em 2020, seguida de uma recuperação de 5% em 2021.
Três semanas antes do FMI, o Banco de Portugal divulgou a sua previsão a 26 de março: no cenário mais adverso, a economia portuguesa iria contrair 5,7%. Contudo, estas previsões foram feitas numa altura em que havia maior escassez de informação, nomeadamente sobre as medidas a adotar pelo Governo, e incerteza sobre a evolução da pandemia e da própria reação da população, das empresas e dos indicadores económicos avançados.
As três previsões deixam o PIB português aquém dos níveis de 2019 no próximo ano, ou seja, a retoma demorará mais tempo.
A previsão da Comissão Europeia para Portugal é mais otimista do que a média da Zona Euro em que o PIB afunda 7,7% em 2020, seguindo-se uma recuperação de 6,3% no ano seguinte. Entre os países que partilham o euro, a Itália, Grécia e Espanha são os países mais afetados pelo impacto económico da pandemia com o PIB a encolher mais de 9%. Independentemente do impacto país a país, para Gentiloni “é agora bastante claro que a UE entrou na mais profunda recessão económica da sua história”.
No caso de Portugal, tal como dos países referidos em cima, a dependência do turismo estrangeiro torna esta retoma mais desafiante até haver uma vacina ou um tratamento eficaz. “Espera-se que a economia recupere com força após o choque inicial mas em alguns setores, particularmente no turismo, é expectável que as réplicas [da crise pandémica] prolonguem-se”, avisa a Comissão Europeia no relatório.
O próprio comissário europeu admitiu essa exposição da economia portuguesa ao turismo, referindo que a Comissão Europeia está a trabalhar para que o setor “sobreviva” a este verão. Este será um dos principais assuntos da próxima reunião do colégio de comissários na próxima semana, nomeadamente que guidelines e regras serão emitidas para o setor se coordenar a nível europeu agora que se aproximam os meses de época alta. Segundo as previsões de Bruxelas, a atividade turística deverá cair 50% este ano por causa da pandemia.
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