Covid-19 penaliza trimestre dos CTT. Lucro cai para 3,7 milhões
Correios registaram lucros de 3,7 milhões de euros entre janeiro e março, uma descida de 0,4% em termos homólogos. Empresa destaca impacto da pandemia no negócio.
Os CTT CTT 0,11% viram os lucros descer ligeiramente no primeiro trimestre do ano. Caíram 0,4% para 3,7 milhões de euros, com a empresa a destacar o impacto negativo da pandemia no seu negócio, sobretudo na segunda metade do mês de março.
Segundo disseram os Correios em comunicado, os rendimentos operacionais encontravam-se a crescer 7,4% nos dois primeiros meses do ano, incluindo o efeito inorgânico da compra do banco 321 Crédito, “o que evidencia o robusto desempenho que os CTT estavam a registar nas várias unidades de negócio até à aceleração dos efeitos da pandemia”.
Propagou-se, entretanto, o vírus em todo o país, obrigando o Governo a medidas de restrição que afetaram negativamente o negócio de muitas empresas, incluindo os CTT.
A empresa liderada por João Bento adianta que o EBITDA — lucros antes de juros, impostos, depreciações e amortizações — caiu 3,7% para em 20,2 milhões de euros no conjunto do trimestre, “fortemente impactado pelo efeito do Covid-19 em março”. Os CTT notam uma inversão do comportamento deste resultado, que se encontrava a crescer a ritmo muito elevado (mais 49,7%) nos primeiros dois meses de 2020.
“Esse bom arranque do ano permitiu, para já, amortecer o significativo impacto de crise económica resultante da pandemia, e que se materializou já numa significativa queda de receita na segunda metade do mês de março”, diz João Bento.
Banco e encomendas contrariam queda no correio
Os CTT mantiveram no primeiro trimestre deste ano aquilo que têm sido as tendências dos últimos: negócio core do Correio em queda e crescimento do segmento de Expresso e Encomenda e do Banco CTT.
No caso do Correio, os rendimentos operacionais caíram quase 10% para 109,5 milhões de euros. “O negócio foi muito afetado na segunda metade do mês de março”, justificam os CTT. Antes, sem o impacto da pandemia, esta área perdia apenas 2% em janeiro e fevereiro.
A empresa refere que o negócio de Expresso e Encomendas também foi afetado, sobretudo em Espanha. Ainda assim, foram lançadas várias iniciativas em Portugal no sentido de ajudar as empresas a comercializar os seus produtos pela via online, com o serviço de entrega dos CTT. Neste cenário, as receitas ascenderam a 37,3 milhões de euros, um crescimento de 1,6% face ao período homólogo.
Quanto ao Banco CTT, os impactos do surto do vírus “foram menos expressivos” e “permitiram que o banco apresentasse, pela primeira vez na sua história, um resultado positivo no trimestre”. Os rendimentos do banco mais do que duplicaram, atingindo os 19,5 milhões de euros, dos quais oito milhões vieram da 321 Crédito, instituição adquirida em maio de 2019.
Na área dos Serviços Financeiros e Retalho, as receitas cresceram 23% para 13 milhões de euros, um desempenho impulsionado pelo aumento das subscrições de certificados do Tesouro nos meses de janeiro e fevereiro (renderam 6,6 milhões de euros). Em março, com a pandemia, houve uma queda de 75% nas subscrições destes títulos de dívida do Estado na segunda quinzena face à primeira.
CTT também invocam caso de força maior
Os CTT também invocaram caso de força maior no dia 13 de março por causa da pandemia, no âmbito do contrato de concessão do serviço postal universal.
É um mecanismo que visa proteger um concessionário em relação a um eventual incumprimento das suas obrigações por impedimento ou dificuldade. Em alguns casos, como nas concessionárias, também permitirá reclamar ao Estado uma compensação financeira por via da reposição do equilíbrio financeiro dos contratos de concessão. Mas o Governo já avançou com medidas legais para não pagar qualquer compensação, preferindo alargar os prazos dos contratos.
Os CTT dizem que continuam a “assegurar o funcionamento e continuidade dos serviços postais” apesar do surto do vírus. E estão a reportar “diariamente o estado da situação ao Governo e à Anacom”.
A empresa diz que já vê sinais positivos de estabilização em algumas áreas do negócio, isto apesar de os negócios do correio e dos serviços financeiros “continuarem sob grande pressão”.
Dizendo que ainda não podem quantificar de forma precisa e fiável os impactos do Covid-19, os “CTT diz que farão uma atualização do guidance logo que possível” relativamente àquilo que espera que venha a ser o ano de 2020.
(Notícia atualizada às 18h49)
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