Cofina arrisca pagar seis vezes mais que Mário Ferreira por ações da Media Capital
Dona do Correio da Manhã entrou em contra-relógio para justificar argumentos que deu para pedir o fim da OPA à Media Capital. Em última análise, pode ser obrigada pela CMVM a ficar com 5% do capital.
A Cofina entrou em contra relógio e tem até dia 1 de junho para contestar a decisão preliminar da Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM) sobre o fim da oferta pública de aquisição (OPA). O regulador pode obrigar a Cofina a pagar 10,5 milhões de euros por 5% do capital, exatamente o mesmo valor que o empresário Mário Ferreira pagou por 30%.
Em causa estão 4,5 milhões de ações da Media Capital. Era este o montante que não era detido pela Prisa e que a Cofina se propunha a comprar, numa operação de mercado, enquanto preparava em simultâneo uma compra privada dos outros 95% aos espanhóis. Com a queda do negócio principal, a Cofina pediu à CMVM que extinguisse a OPA.
O supervisor liderado por Gabriela Figueiredo Dias considerou que as duas razões dadas pela empresa não eram válidas e manteve a OPA em curso. Assim, continua viva a operação na qual a Cofina se propôs a comprar 4.269.869 ações da Media Capital detidas pelo Abanca (5,05%) e outras 215.704 ações dispersas em bolsa (0,26%).
“A Cofina foi notificada do projeto de decisão de indeferimento do requerimento para que, querendo, sobre ele se pronuncie no prazo de dez dias úteis“, explicou a CMVM, em comunicado, esta segunda-feira. O prazo já arrancou para a Cofina apresentar “prova destinada a esclarecer os aspetos suscitados” pelo supervisor e que fundamentaram a “conclusão preliminar” de não extinguir a OPA.
Caso a Cofina responda (o que poderá escolher não fazer), a CMVM volta a analisar os dados, sendo que não há um prazo para esta nova fase. A OPA só chegará ao fim se a dona do Correio da Manhã conseguir provar que fez tudo o que podia para levar avante o aumento de capital que iria financiar a operação (e que falhou por menos de 3 milhões de euros) ou que as circunstâncias se alteraram realmente.
Se a CMVM mantiver a decisão, há duas opções. A Cofina pode manter a quizília e, em última análise, levar o caso a Tribunal. Ou pode acatar e ficar com os ditos 5,31% do capital, o que lhe deverá custar 10.467.533,20 euros. O valor é o mesmo que o empresário Mário Ferreira, que é acionista do ECO, pagou por 30,22% do capital.
A razão para a Cofina pagar o mesmo por seis vezes menos prende-se com a natureza da operação. É que a venda ao CEO da Douro Azul foi feita de forma privada pelo acionista principal da Media Capital, a Prisa. E a venda pela Cofina é uma operação de mercado, cujo preço foi alvo de auditoria.
Em fevereiro, o auditor independente nomeado pela CMVM calculou que o valor da Media Capital se situava em apenas 1,90 euros por ação, tendo em consideração tanto múltiplos de cotação como de transação.
“Apurámos que o valor médio da ação da Media Capital, para 100% do capital, corresponde a 1,90 euros, que resulta da ponderação equitativa das duas abordagens”, lê-se no relatório. Acrescenta, no entanto, que “o valor da contrapartida a pagar no âmbito da referida oferta deverá ser de 2,3336 euros“.
Em bolsa, cada ação vale 2,34 euros
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