Lucro da Semapa cai para menos de metade. Navigator pesa

A Semapa viu os lucros dos primeiros três meses do ano encolherem para menos de metade face ao mesmo período de 2019. A Navigator, controlada pela holding, pesou nas contas num trimestre em que o negócio do cimento sentiu um impacto modesto. A Secil foi, diz, a empresa, penalizada essencialmente pelo mercado cambial.

O resultado líquido atribuível a acionistas da Semapa ascendeu a 17,2 milhões de euros, “tendo sido inferior em 22,5 milhões de euros ao resultado líquido registado no período homólogo”. Caiu 56,6%, revela a empresa em comunicado enviado à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM).

Esta quebra já era esperada, tendo em conta que a Navigator já tinha revelado uma redução nos resultados dos primeiros três meses do ano. A empresa de pasta e papel tinha registado uma quebra de 37,9% nos lucros do primeiro trimestre, com o EBITDA a cair 15,7% e as vendas a cederem 3,8% num contexto de quebra de preços nos mercados internacionais.

A holding explica o resultado alcançado com a pela “redução do EBITDA total em cerca de 13,4 milhões de euros”, salientando que “a evolução positiva do EBITDA nos segmentos Cimento e Ambiente não foi suficiente para compensar a redução registada pela Navigator”. “Esta evolução decorreu da quebra significativa dos preços da pasta e do papel ocorrida ao longo do ano de 2019, que um desempenho positivo em termos de volumes e custos não conseguiu mitigar”, nota.

A Semapa nota que o “efeito da pandemia Covid-19 teve um impacto reduzido no primeiro trimestre, tendo afetado apenas os volumes de vendas [da Secil] a partir das duas últimas semanas de março”.

“Em Portugal, a partir de 18 de março, quando foi declarado o Estado de Emergência, os efeitos da pandemia fizeram-se sentir de uma forma ligeira, tendo sido assegurada a regularidade das operações em praticamente todas as instalações”, diz a empresa, notando que os “volumes de vendas das operações localizadas em Portugal Continental sofreram, de um modo geral, uma redução face à média verificada no primeiro trimestre do ano. Porém, esta redução foi menor do que o inicialmente esperado, e resulta do facto da atividade de construção ter continuado a um ritmo perto do normal”, nota.

Na divisão de Ambiente, a Semapa nota que as “cinco empresas do universo ETSA foram objeto de Declaração de Empresa de Interesse Público, não tendo nunca parado a produção e prestação de serviços, nem se perspetivando impactos significativos da crise”.

Câmbio pesa na Secil

Tal como aconteceu em Portugal, o impacto do Covid-19 nas operações da Secil no Brasil também não foi significativo, ao contrário do que aconteceu noutras geografias, nomeadamente no Líbano e na Tunísia. As medidas adotadas pelas autoridades tunisinas tiveram “um impacto bastante significativo nas operações da Secil”, reconhece a empresa.

A juntar ao Covid-19, a Secil acabou por ser penalizada pelos efeitos cambiais, o que veio a afetar as contas da holding. A empresa refere que o “efeito conjugado de um desvio favorável no custo líquido de financiamento e de um desvio muito desfavorável (21,0 milhões de euros) nas diferenças cambiais, principalmente pela desvalorização do real brasileiro face ao euro, de contas a receber e a pagar em moeda estrangeira por empréstimos intra-grupo na Secil”, levaram a um agravamento dos resultados financeiros líquidos em cerca de 16,8 milhões de euros face ao período homólogo.