Jerónimo de Sousa diz que não vê “incompatibilidade” em Centeno no Banco de Portugal

  • ECO e Lusa
  • 16 Junho 2020

O líder do PCP está contra a "criação de um período de nojo em relação a ex-governantes", defendendo apenas o impedimento para "banqueiros e auditores" para ocupar o cargo de governador do BdP.

Jerónimo de Sousa assegura que o partido “não vai proletar” no arrastamento da lei de incompatibilidades relativamente à nomeação do governador do Banco de Portugal (BdP), defendendo que seja criado um período de nojo para “banqueiros e auditores”, mas não para antigos governantes. Por isso, o secretário-geral do PCP diz que não vê incompatibilidade em que o ex-ministro Mário Centeno seja nomeado para o supervisor.

“Não percebo o critério. Estamos de acordo no período de nojo quanto a banqueiros e auditores, mas não vemos o mesmo em relação a ex-governantes – não vemos razões para que seja aplicado”, disse Jerónimo de Sousa, em entrevista à TSF (acesso livre)., alinhando-se com o que é defendido pelo Bloco de Esquerda.

Esta segunda-feira, os bloquistas anunciaram que vão votar contra o período de nojo para quem exerceu funções em cargos públicos, como prevê a proposta do PAN. Mariana Mortágua considera que as incompatibilidades apenas valem para quem vem do privado. Apesar desta posição, Mariana Mortágua considerou, porém, que Mário Centeno não tem condições políticas para ser nomeado governador do Banco de Portugal. “Essa é uma avaliação política” e que deve ser feita pelo Parlamento, disse a deputada do Bloco.

Já o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, apesar de ainda não se quer pronunciar sobre a proposta de lei que pretende impedir a ida de Mário Centeno para a liderança do BdP considera que não há incompatibilidade em que o ex-ministro das Finanças venha a ocupar a posição.

Quanto à notícia de que o Novo Banco vai necessitar de mais dinheiro do Fundo de Resolução do que o inicialmente estimado, dado o impacto económico da pandemia, Jerónimo de Sousa considera “inaceitável e um escândalo”, sublinhando que os portugueses que foram prejudicados pelos efeitos da pandemia não vão entender a decisão. “Não faz sentido no quadro da situação que vivemos que o Governo tenha disponibilizado uma grossa fatia de dinheiros públicos para ejetar no Novo Banco”, assinalou o líder do PCP.

PCP viabiliza Orçamento Suplementar na generalidade

Em entrevista à rádio, Jerónimo de Sousa admitiu que, na votação na generalidade do Orçamento Suplementar — que está em debate esta semana no Parlamento –, pode “haver a consideração da viabilização da proposta” que depois “baixará à comissão” parlamentar, na qual o PCP poderá tentar “conseguir incluir” algumas das propostas dos comunistas. Assim, questionado sobre se poderá ser um voto a favor, o líder comunista afirmou que “não diria tanto”, admitindo que pode ser uma abstenção.

Depois, na votação final global, os três sentidos de voto “estão em aberto” e depende do texto final do Orçamento Suplementar que, na primeira versão, considerou ser “muito insuficiente”. É insuficiente, justificou, porque “não corresponde sequer ao que foi anunciado” pelo Governo e que “atira para mais tarde” outras medidas do orçamento, apresentado para fazer face aos efeitos económicos e sociais da pandemia de Covid-19.

Jerónimo de Sousa assumiu que pretende insistir em várias propostas do partido no debate na especialidade, sem esperar por medidas posteriores do executivo, e usou um aforismo popular: “Enxoval que não vai com a noiva, tarde ou nunca aparece.”

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