Está a chover dinheiro no SoftBank. Mas porquê?
Começou como uma empresa de software, mas hoje é um império. O SoftBank está a preparar o maior fundo de investimento em tecnologia de sempre, de 100 mil milhões de dólares.
O desenvolvimento tecnológico exige investimento. Nos últimos anos, algumas das maiores empresas do setor têm apostado na aquisição de firmas de menor tamanho, uma estratégia que passa por incorporar desde cedo muita da inovação construída com esforço pelas startups. Porém, no final de 2016, as atenções voltaram-se para uma empresa: o SoftBank.
Liderado pelo multimilionário japonês Masayoshi Son, o SoftBank nasceu em setembro de 1981 como uma empresa de distribuição de software. Porém, com os anos, tornou-se num autêntico império com ramificações nos setores das telecomunicações e dos serviços distribuídos pela internet, somando ainda investimentos em empresas de tecnologia na Europa, Estados Unidos e Ásia. Na carteira, empresas como a gigante chinesa do comércio Alibaba e a telecom norte-americana Sprint.
Isso leva-nos de volta ao primeiro parágrafo. Porque, em outubro, Masayoshi Son anunciou a criação de um novo fundo de investimento, o “Vision Fund”, focado no desenvolvimento de tecnologias de ponta nas áreas da inteligência artificial, robótica e internet das coisas. A surpreendente meta dos 100 mil milhões de dólares foi estabelecida, o que o tornou no maior investidor do mundo em tecnologia ao longo da próxima década, garantiu a empresa de Masayoshi Son. Não o fez por menos.
Da parte do SoftBank, uma promessa de alocação de pelo menos 25 mil milhões de dólares para o “Vision Fund” ao longo de cinco anos. Isto em parceria com fundo de investimento público da Arábia Saudita, que planeia injetar outros 45 mil milhões de dólares no mesmo período. Estávamos em outubro.
De olhos postos no fundo
Subitamente, a iniciativa do SoftBank despertou interesse no setor. Companhias tecnológicas de maiores dimensões começaram a ponderar entrar com investimentos, e vários nomes têm vindo ao de cima. Uma das primeiras foi a taiwanesa Foxconn, fornecedora da Apple, que já assumiu estar interessada em investir nos Estados Unidos. Outra foi a Qualcomm, a fabricante de processadores e principal concorrente da Intel. Mas é só o começo.
Já em janeiro, soube-se que a própria Apple estaria a ponderar juntar-se ao “Vision Fund”, num movimento pouco comum para a criadora do iPhone. Escreve a Reuters que a empresa de Tim Cook já confirmou um investimento de mil milhões de dólares no fundo do SoftBank. Outro nome que surpreendeu foi o de Larry Ellison, fundador da Oracle, a dona da Java, o que permitiu ao empresário Masayoshi Son atingir a meta dos 100 mil milhões de dólares várias semanas antes do previsto, de acordo com o Finantial Times.
Na rampa de lançamento
Segundo o The New York Times, o fundo do SoftBank entrará no ativo perto do final de janeiro. Além de Masayoshi Son, terá à cabeça Rajeev Misra, ex-especialista do Merril Lynch e um dos criadores da divisão de mercados do Deutsche Bank, e Akshay Naheta, ex-trader do banco alemão e fundador da firma de investimentos Knight Assets que, no início de dezembro, lançou outro fundo no valor de 500 milhões de dólares para aplicar em empresas de média dimensão, refere a Bloomberg.
A equipa terá cerca de 100 pessoas no total e os veteranos do Deutsche Bank já se estão a instalar nos novos escritórios em Mayfar, Londres. Alegadamente, têm chovido currículos, pedidos de investimento e questões de banqueiros e advogados. Contudo, ainda que se preveja que parte dos investimentos possa vir a ser aplicada em pequenas empresas e startups, o “Vision Fund” estará antes focado em investimentos em grandes companhias e projetos, nos mercados público e privado.
É o que se sabe, para já, do ambicioso projeto do SoftBank. De resto, deverá seguir a política de crescimento que faz parte da visão de Masayoshi Son — ou seja, quando investir ou adquirir participações em empresas, não deverá proceder a despedimentos em massa. Son, que já reuniu com Donald Trump, prometeu ao presidente eleito a criação de 50 mil postos de trabalho nos Estados Unidos e 50 mil milhões de dólares de investimento. Por fim, de referir que a principal vantagem do “Vision Fund” será o foco no longo prazo. É que os investidores que o compõem só esperam reaver o dinheiro daqui a 12 anos.
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