Ainda com prejuízos, mas com promessa de dividendos. SIGI Ores estreia-se em bolsa
Sociedade de investimento e gestão imobiliária entrou em bolsa com uma capitalização bolsista de 50,2 milhões de euros. Pretende dar 90% dos resultados dos investimentos imobiliários aos acionistas.
A bolsa de Lisboa ganha, esta quarta-feira, uma nova cotada. É a sociedade de investimento e gestão imobiliária (SIGI) Ores Portugal, que resulta de uma parceria criada pelo Bankinter e pela Sonae Sierra em novembro do ano passado. As primeiras contas apontam para prejuízos, mas a empresa acena com os dividendos para captar a atenção dos investidores.
“A entrada em bolsa é um dos requisitos que a sociedade tem de cumprir ao abrigo do regime SIGI. Adicionalmente, permite providenciar liquidez aos acionistas do veículo e um acesso fácil a um investimento imobiliário de qualidade, gerido por empresas profissionais com experiência comprovada neste setor“, diz Alexandre Fernandes, head of asset management da Sonae Sierra, ao ECO.
A Olimpo Real Estate Portugal (ou Ores Portugal) foi admitida, na sessão desta quarta-feira, ao mercado Euronext Access, onde vai negociar por chamada (ou seja, duas vezes ao dia, às 10h30 e às 15h30). Com um preço inicial de quatro euros por cada uma das 12,55 milhões, a empresa chega com uma capitalização bolsista de 50,2 milhões de euros. A sociedade é, atualmente, detida em 12% pelo Bankinter e 5,14% pela Sonae Sierra, sendo que 83% do capital seria disperso em bolsa.
O veículo tem como objetivo uma distribuição anual de pelo menos 4% sobre o capital investido e um potencial aumento moderado do valor dos ativos.
O pouco tempo de vida da sociedade e os custos da operação fazem com que a Ores chegue à bolsa ainda com as contas no vermelho. Constituída em novembro do ano passado, os primeiros resultados indicam prejuízos de 246,7 mil euros, que os acionistas vão votar no próximo dia 30 que passem para resultados transitados. Também os capitais próprios são negativos, em 515.250 euros, o que a gestão atribui aos custos de transação relativos ao processo de admissão à cotação na Euronext e comissão de assessoria e colocação de capital.
Mas a SIGI espera crescer e, na apresentação da admissão à negociação, promete distribuir, pelo menos, 90% dos lucros do exercício e, pelo menos, 75% dos restantes lucros na forma de dividendos. Apesar de não especificar qual a meta de lucros, o head of asset management da Sonae Sierra explica que “o veículo tem como objetivo uma distribuição anual de pelo menos 4% sobre o capital investido e um potencial aumento moderado do valor dos ativos“.
Ores já “identificou vários ativos imobiliários” que poderão integrar o portefólio a “curto prazo”
Atualmente, a Ores conta com 50,05 milhões em ativos, mas quer crescer nos próximos tempos. Apenas dias depois de ter sido criado, realizou um aumento de capital a quatro por euros por cada ação (cujo valor nominal é de um euro) que gerou um prémio de emissão de 37,5 milhões de euros. É com este dinheiro que a sociedade vai investir nos primeiros imóveis.
“Esta parceria estratégica vai certamente permitir dinamizar o mercado de capitais e o mercado de investimento imobiliário português, replicando no nosso país a bem-sucedida experiência desenvolvida em Espanha através da Olimpo Real Estate SOCIMI. Como é normal neste tipo de veículos, após o aumento de capital segue-se uma fase de investimento com aquisições em Portugal e Espanha de ativos imobiliários de qualidade, consistentes com a estratégia de investimento definida para a SIGI“, refere Fernandes.
A estratégia de investimento está focada em ativos imobiliários comerciais, e em imóveis urbanos, nomeadamente espaços comerciais high street, supermercados e hipermercados, pequenos retail parks, unidades stand alone com arrendatários solventes e contratos de longo prazo e escritórios.
Existem boas oportunidades de aquisição no mercado com bom potencial de valorização, o que reforça a estratégia de sucesso no aumento de exposição a novos veículos de investimento imobiliário.
“Após a constituição e o aumento de capital da sociedade, a Ores Portugal já identificou vários ativos imobiliários que poderão fazer parte do seu portefólio de investimento no curto prazo. Estamos a analisar várias oportunidades de investimento, algumas das quais reúnem condições para se incorporarem ao portefólio da Ores Portugal, no curto prazo”, aponta o gestor.
Sobre o impacto da pandemia, o responsável da SIGI garante que a empresa adota “critérios de prudência e análise muito rigorosa dos indicadores fundamentais dos ativos, consistentes com a situação atual do mercado” e diz ver, apesar de tudo, ativos atrativos. “Existem boas oportunidades de aquisição no mercado com bom potencial de valorização, o que reforça a estratégia de sucesso no aumento de exposição a novos veículos de investimento imobiliário”, acrescenta Fernandes.
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