É um recorde. 3,9 milhões de europeus passaram de empregados a inativos
Do universo de empregados registado no final de 2019, quase quatro milhões passaram a inativos. É o aumento mais significativo desde, pelo menos, 2010, indica o Eurostat.
Nos primeiros três meses do ano, quase quatro milhões de europeus passaram de empregados a inativos. Este é maior aumento registado desde, pelo menos, 2010, de acordo com os dados divulgados, esta segunda-feira, pelo Gabinete de Estatísticas da União Europeia (Eurostat). Entre janeiro e março deste ano, verificou-se ainda um outro recorde nos fluxos do mercado laboral: o número de desempregados que conseguiram encontrar um novo trabalho nunca foi tão baixo.
Entre o último trimestre de 2019 e o primeiro trimestre de 2020, apenas 2,6 milhões de europeus desempregados conseguiram encontrar um novo trabalho, passando a empregados. Em causa está uma fatia de 20,4% do universo total de desempregados registado no final do último ano e um número historicamente baixo. Durante este período, 6,9 milhões de desempregados mantiveram-se, assim, sem trabalho, realça o Eurostat.
Na nota divulgada esta segunda-feira, salienta-se, por outro lado, que 3,3 milhões de desempregados passaram a inativos, entre o final de 2019 e o início de 2020, e 3,9 milhões de empregados passaram a inativos, um aumento recorde.
Em causa estão europeus que pretendem trabalhar, mas não fizeram as diligências ativas para procurar trabalho ou, por outro lado, europeus que até fizeram essa procura, mas não estavam disponíveis para começar a trabalhar nas duas semanas seguintes. Isto segundo define o português Instituto Nacional de Estatística (INE).
Em contraponto, dos inativos registados no final de 2019, 3,3% (3,3 milhões) passaram a empregados, entre janeiro e março de 2020, e 3,2% (3,2 milhões) passaram a desempregados (isto é, passaram a estar disponíveis para trabalhar nas duas semanas seguintes e a procurar ativamente oportunidades nesse sentido).
Em Portugal, o número de inativos também tem crescido consideravelmente, “escondendo” o agravamento do desemprego. Em maio, por exemplo, a taxa de desemprego chegou mesmo a cair, apesar do impacto da pandemia de coronavírus no mercado laboral luso. Em simultâneo a percentagem de inativos que subiu dois pontos percentuais, o que ajuda a explicar a evolução da taxa de desemprego.
Na nota divulgada esta segunda-feira, o Eurostat sublinha, ainda, que do total de empregados registado no último trimestre de 2019, 1,4% (isto é, 2,2 milhões) passaram ao desemprego, nos primeiros três meses de 2020.
A pandemia de coronavírus fez tremer o mercado laboral e levou os vários Estados europeus a adotarem medidas extraordinárias no sentido de proteger os postos de trabalho e evitar uma escalada do desemprego. Em Portugal, o principal instrumento foi o lay-off simplificado, um regime que permite suspender os contratos de trabalho ou reduzir os horários de trabalho, prevendo cortes salariais temporários e um apoio ao empregador para o pagamento dessas remunerações.
No total, mais de 850 mil trabalhadores foram abrangidos pelo lay-off simplificado, considerando o Governo que estes postos de trabalho foram protegidos. Os sindicatos têm alertado, contudo, para a possibilidade de esses empregadores fazerem despedimentos assim que deixem de estar enquadrados no regime em causa.
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