Acusação BES tem 148 testemunhas. Desde Ricciardi a Ulrich, descubra quem são
Os procuradores do Ministério Público ouviram 148 testemunhas no caso BES. Entre elas está o ilibado José Maria Ricciardi, Fernando Ulrich ou até Pedro Queiroz Pereira.
Fernando Ulrich, José Maria Ricciardi, António Ricciardi, Pedro Queiroz Pereira, Hélder Bataglia e Rita Amaral Cabral são algumas das 148 testemunhas referidas no despacho de acusação, divulgado na terça-feira pelo Departamento Central de Investigação e Ação Penal
Com um leque bastante variado e preenchido, a lista de testemunhas do caso BES conta com nomes que podem ser usados como prova no processo, que imputa centenas de crime a 25 arguidos, 18 deles pessoas individuais.
Entre eles está Fernando Ulrich, presidente não executivo do BPI e à data da resolução do BES, em 2014, CEO do banco. Um das razões apresentadas pelo MP na dedução da acusação a Ricardo Salgado refere mesmo que Ulrich tomou conhecimento dos problemas de solvabilidade do GES.
“Em 2013, pretendendo capturar liquidez fora do GES, designadamente no Grupo SEMAPA, liderado por Pedro Queiroz Pereira, numa tentativa de assumir controlo parcial deste Grupo, Ricardo Salgado originou um conflito que daria conhecimento ao líder de outra instituição financeira portuguesa, Fernando Ulrich, dos problemas de solvabilidade do GES“, refere.
Pedro Queiroz Pereira é outro dos nomes que consta da lista de 148 testemunhas do caso. O empresário chegou a ser ouvido perante o Ministério Público, podendo o seu depoimento ser utilizado como prova no processo, mesmo depois da sua morte, em 2018.
O antigo presidente do BES Investimento e ilibado de quaisquer crimes, José Maria Ricciardi, é também umas testemunhas do caso. O ex-presidente do BESI chocou com Salgado durante o desempenho das suas funções e tentou mudar a administração do BES para evitar a falência.
“Não podendo imaginar a dimensão e a gravidade dos crimes praticados, e dos prejuízos causados a terceiros, isso não me permitiu ser mais assertivo e mais atuante em tudo o que fiz para evitar o colapso do GES e do BES”, afirmou o primo de Salgado ao ECO depois de conhecida a acusação do Ministério Público.
António Ricciardi e Peter Brito e Cunha são outros dois nomes da família Espírito Santo que surge no leque das 148 testemunhas apresentadas pelo MP. Este último, é ex-presidente da Tranquilidade e foi pressionado a investir 150 milhões de euros em papel comercial da RioForte.
Entre as testemunhas estão ainda a Rita Amaral Cabral, ex-administradora não executiva do BES, e Helder Batáglia, ex-líder da Escom e braço direito do ex-presidente do BES, que chegou a afirmar que “não se dizia que não a Ricardo Salgado”.
Eis a lista das 148 testemunhas do caso BES:
- Joaquim Paulo
- Vera Pita
- Paulo Fernandes
- Sónia Pacífico
- André Prazeres Henriques
- Sandra Parames
- Helder Costa
- João Gomes Ferreira
- Hugo Oliveira
- Luís Silva
- Alain Rukavina
- Paul Laplume
- Lígia Vieira da Silva
- Helena Pacheco
- Maria Leonor Dantas Jorge
- António Luís Roquette Ricciardi
- José Maria Espírito Santo Silva Ricciardi
- Fernando Maria Costa Duarte Ulrich
- Pedro Queiroz Pereira, falecido
- Júlio de Lemos de Castro Caldas
- Jorge Manuel Amaral Penedo
- Lourenço Maria Lopes Saraiva Lobo
- Pierre André Butty
- Jean-Luc Schneider
- José Pedro Torres Garcia Caldeira da Silva
- Erich Dahler
- José Pedro dos Anjos Castanheira
- Sérgio Miguel Carvalho Soares
- Joaquim Aníbal Brito Freixial de Goes
- António José Baptista do Souto
- João Eduardo Moura da Silva Freixa
- João de Faria Rodrigues
- Rui Manuel Duarte Sousa da Silveira
- João Carlos da Piedade Ferreira de Pina
- Sofia Nunes de Azevedo Ferro Gomes
- Sofia Margarida da Cunha Pimenta Dias Coelho
- Rogério Venâncio Simões
- Gonçalo José Cabral de Oliveira Gaspar
- Francisco Ravara Cary
- Eliana Patrícia Amaral de Mesquita Guimarães Nogueira de Barros Marcelino
- Patrícia Afonso Fonseca Moraes Bastos
- José Miguel do Rosário Melo Rodrigues
- João Miguel Fernandes Maldonado Covas
- Lourenço de Albuquerque D´Orey Vieira de Campos
- Salvador Roque de Pinho
- André Fernandes Neves Branco Pereira
- Pedro Salgueiro Texugo de Sousa
- Luís Miguel Alves Ribeiro
- Luís Alexandre Andrade Serra
- Luís Miguel Castro de Melo
- Ruben Manuel Marinho Cruz
- Nuno Renato da Silva Costa
- Paulo Nuno de Sousa Dantas
- Carlos Alberto Alves Lopes
- Paulo Jorge de Castro Resende
- Rui Jorge Guarda dos Santos
- Luís Homem de Mello Barata Correia
- João Maria Amado de Sousa Cabral
- José Pedro Santinha de Oliveira Martins dos Santos
- Luís Miguel Azevedo Faria
- Nuno Miguel Penafort Oliveira
- João Marcelino Duarte Estêvão Coutinho
- Jorge Manuel da Silva Rodrigues Leitão
- Rita Salvação Barreto de Sousa Uva
- Paula Cristina Pinto Peneirol
- Ana Sofia Simões Vasco de Oliveira Porto Muresan
- João Manuel Martins Rocha
- Carlos Alberto Matos Proença
- Luís Fernando Rosa da Costa Ferreira
- Fernando Manuel de Deus Infante
- Laurence Jacques
- Manuel Alexandre Rocha Barreto
- João Manuel Baptista Nascimento Bruno
- José Fonseca Antunes
- Ana Cristina Pereira Saraiva
- Sikander Abdul Sattar
- Inês Maria Bastos Viegas Clare Neves
- Fernando Gustavo Duarte Antunes
- Isabel Maria Osório de Antas Mégre de Sousa Coutinho
- Rita Maria Lagos do Amaral Cabral
- Horácio Lisboa Afonso
- Fernando Pedro Braga Pereira Coutinho
- Nelson José Pereira Marques Martins
- José Manuel Ruivo Pena
- Alberto Alves de Oliveira Pinto
- Susana Maria Luz Figueiredo Vicente
- Carlos Manuel Garcia Calvário
- Saúl Álvaro Azevedo Martins de Oliveira
- Luís Miguel Vaz do Amaral
- Pedro Manuel Martins Pinheiro Silveira
- Valérie Cholvy
- Christian Goecking
- Laurinda Favre
- Florence Lestiboudois
- Ana Rita Vitorino de Arriaga Ungaro Santos
- Ana Margarida dos Reis e Sousa Piedade Abreu
- Francisco Miguel Casco Batista
- Maria Inês de Morais Amaral Manarte
- Maria Manuela Malheiro de Sousa
- Inês Rodrigues Lobo Soares
- Alexandra Lucas Gameiro Domingues Tostões Pita
- Maria Manuel Rodrigues Martins
- Tiago Aranda Vianna da Motta Brandão
- Ana Mafalda de Madeira Lobo Montarroio Farinha Dutschke
- Pedro Moreira de Almeida Queiroz de Barros
- Maria Ruiz de Velasco Caniño
- João Maria de Magalhães Barros de Mello Franco
- José Miguel Melo Abreu
- Lucília Pereira Sampaio
- Viriato Manuel de Assa Castel-Branco Sampaio
- Florbela da Cruz Razina
- Manuel José Dias Freitas
- José Manuel Henriques Bernardo
- Fernando Manuel Miguel Henriques
- Fernando Manuel Oliveira Almeida Sousa de Vasconcelos
- João Carlos Miguel Alves
- Luís Miguel Gonçalves Rosado
- João Paulo Fernandes de Pinho Cardão
- Gonçalo Nuno Guerreiro Cadete
- Ana Rita Gomes Barosa
- João Carlos Pellón Parreira Rodrigues Pena
- Francisco Marques da Cruz Vieira da Cruz
- Andreia Alexandra Ribeiro Carvalho
- João Afonso Pereira Gomes da Silva
- José Corrêa Sampaio
- Rui Manuel Fernandes Pires Guerra
- Michel Josehph Ostertag
- Hélder Bataglia
- César Bento Nunes Brito
- Carlos Manuel Mendes Fidalgo Moreira da Cruz
- Luís Miguel da Fonseca Pacheco de Melo
- Carlos Manuel Leite Ferreira
- Abraham Edgardo Ortega Morales
- Gustavo Alexandre Diniz Gomes Ferreira
- Rocio Beriozka Goitia Gomez
- Célia Maria Caixinhas Grosso
- Pedro Daniel Fernandes dos Santos
- Filipa Tavares Leal Gomes Coelho
- Ana Carlota de Campos Vaz leite Pinto de Melo
- Alexandre Manuel Ventura Santos Vasco
- Alexandra Maria da Silva Moniz Caldeira Baptista
- Pedro Guilherme Beauvillain de Brito e Cunha
- Miguel Maria Pitté Reis da Silveira Moreno
- António Manuel Palma Ramalho
- José da Conceição Guilherme
- Tomaz Guerra Neta
- Carlos Manuel Espirito Santo Beirão da Veiga
- Maria da Conceição Macedo Vieira Monteiro
A investigação ao Universo Espírito Santo resultou em 25 acusados, entre 18 pessoas e 7 empresas, segundo o despacho de acusação de 4.117 páginas do Ministério Público. Ricardo Salgado é o arguido principal – acusado de 65 crimes – mas há mais como os seus dois primos — José Maria Ricciardi — e outros nomes conhecidos como Amílcar Morais Pires e Francisco Machado da Cruz.
São muitos os crimes de que são acusados, entre eles o crime de associação criminosa e os crimes de corrupção ativa e passiva no setor privado, de falsificação de documentos, de infidelidade, de manipulação de mercado, de branqueamento e de burla qualificada contra direitos patrimoniais de pessoas singulares e coletivas.
De acordo com a Procuradoria-Geral da República, “a investigação levada a cabo e que termina com o despacho de acusação em referência apurou um valor superior a 11 mil e oitocentos milhões de euros, em consequência dos factos indiciados, valor que integra o produto de crimes e prejuízos com eles relacionados”.
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