Bancos podem perder mais de 400 mil milhões em crédito
Perdas de crédito superam, em duas vezes e meia as registadas pelo setor bancário europeu "nos últimos três anos", mas vão ficar aquém, em 40%, das perdas ocorridas durante a crise financeira.
Os bancos europeus podem ter perdas de crédito de mais de 400 mil milhões de euros nos próximos três anos, segundo um relatório da consultora Oliver Wyman que analisa os sistemas bancários de nove países, incluindo Portugal.
A consultora de gestão salientou, em comunicado, que a pandemia de Covid-19 está a “expor todas as fragilidades da indústria dos serviços financeiros” e avisou que as perdas de crédito, para já avaliadas em 400 mil milhões, podem ascender aos 800 mil milhões, caso “aconteça um segundo confinamento global”.
Essas perdas, sublinha ainda a nota da Oliver Wyman, superam, em duas vezes e meia, todas as perdas de crédito registadas pelo setor bancário europeu “nos últimos três anos”, mas ficam aquém, em 40%, das perdas ocorridas durante a crise financeira global de 2008 a 2010 e igualam os números registados durante a “crise da Zona Euro de 2012-14”.
O relatório prevê ainda uma quebra de 30 mil milhões de euros nas receitas da indústria bancária europeia até 2022, estimando que 5% dos bancos apresentem problemas, com rentabilidades inferiores a 4% e rácios de solvabilidade inferiores a 12%, e que mais de metade se encontrem numa situação de “limbo”, com “capital suficiente para cumprir os requisitos regulamentares”, mas com “retornos fracos”, que são “vulneráveis a novos golpes de capital” – o relatório indica rentabilidades até 8% e rácios de solvabilidade superiores a 12% para tais casos.
A análise relativa à quebra das receitas bancárias detalha as estimativas até 2022 para os nove países analisados – França, Reino Unido, Alemanha, Espanha, Itália, Países Baixos, Suécia, Grécia e Portugal -, e estima, para o sistema bancário português, o terceiro valor mais alto de crédito malparado – de 11,7%, abaixo da Grécia (47,1%) e da Itália (13,2%) – e o terceiro mais baixo rácio de solvabilidade – 11,4%, acima da Itália (10,2%) e da Grécia (7,7%).
O relatório da Oliver Wyman aconselha ainda os bancos a fazerem “cortes significativos nos custos”, a reduzirem o “balanço” e a aumentarem as “equipas que lidam com clientes em situação de incumprimento nos seus empréstimos”, para terem a hipótese de sobreviver.
A consultora de gestão realça que a Europa deve encetar um “esforço coletivo”, com “apoio político de cima para baixo”, se quiser ter “um sistema bancário modernizado e resiliente”, que possa “apoiar as comunidades mais atingidas pela Covid-19” e “acelerar a transição verde”.
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