Contracting: uma forma de trabalhar (ainda mais) independente
Contractors também são independentes, mas trabalham num projeto de cada vez. O contracting dá mais flexibilidade, benefícios fiscais, gerando mais desafios a quem trabalha e agilidade a quem contrata.
“Os freelancers entregam projetos, os contractors cumprem funções específicas durante um período de tempo”, começa por explicar à Pessoas Pedro Oliveira, cofundador da Landing.jobs, uma startup portuguesa que gere recrutamento online para o setor de TI.
O conceito de contracting surgiu no Reino Unido, especialmente entre as empresas tecnológicas, que procuravam profissionais para projetos específicos, com uma determinada duração. Não deve ser confundido com freelancing, alerta Pedro Oliveira. “É um profissional independente que trabalha apenas e só para um cliente. Um freelancer também é um trabalhador independente, mas trabalha para vários clientes em determinado período de tempo”, esclarece.
David Cruz, designer UX/UI e contractor, começou a carreira profissional há 12 anos, passou por Londres e no regresso percebeu que o contracting era uma opção mais viável que o freelancing. “Eu nunca pensei em ser freelancer ou contractor. A minha ideia foi sempre ir para uma boa startup. Comecei a recibos verdes e rapidamente percebi que são poucas ou nenhumas as vantagens de estar a recibos. Quanto mais trabalhava mais impostos pagava, e no final a diferença líquida não era assim tão grande em relação ao aumento de trabalho que ia tendo”, descreve.
"O meu foco é continuar a contractor, normalmente aceito contratos de três a seis meses. Gosto desta margem temporal porque é um bom balanço entre estabilidade e a procura contínua por projetos novos.
”
Foi nesse momento que David decidiu procurar mais trabalhos como contractor e criar o seu próprio negócio. Hoje, como contractor, só aceita contratos de três a seis meses, e assegura que há vantagens: mais flexibilidade, mais justiça nos impostos, maior evolução, experiência, capacidade de adaptação e propostas de trabalho mais aliciantes.
“É uma forma mais transparente, mais eficiente, mais flexível de trabalhar. Com o trabalho remoto cada vez mais em voga, também o contracting surge aqui como uma alternativa na forma de trabalho”, sublinha Pedro Oliveira. Mais dinheiro, mais autonomia e liberdade de carreira. Para a empresa que contrata este tipo de profissional, têm a vantagem da flexibilidade e a da rapidez dos processos de recrutamento. “Normalmente, uma parte do top talent, aquelas pessoas que são muito requisitadas no mercado, optam por serem elas próprias contractors, porque fiscalmente é muito mais interessante e aceitam os projetos que querem. Isto pode trazer muita credibilidade para a tua equipa”, assegura.
Planear, prevenir e saber gerir conflitos
Se está a pensar ser um contractor, a Landing.jobs aconselha que cumpra alguns passos antes de mudar. Em primeiro lugar, deve definir qual é o seu negócio e estabelecê-lo e, só depois, começar a procurar potenciais clientes.
De acordo com a Landing.jobs, os contractors devem, tal como qualquer trabalhador independente, saber planear, gerir e ter as contas em dia. Um contractor deve definir um plano antecipado para garantir que é pago atempadamente, que cumpre as obrigações fiscais e, ainda, ter um seguro para o seu negócio. Enquanto contractor, poderá ter de negociar valores, por isso pode ser importante procurar aconselhamento especializado nesta matéria, principalmente se está empregado e vai transitar para o contracting.
Uma parte do top talent, aquelas pessoas que são muito requisitadas no mercado optam por serem elas próprias contractors, porque fiscalmente é muito mais interessante e aceitam os projetos que querem. Isto pode trazer muita credibilidade para a tua equipa.
A competência mais importante de um contractor, lembra a Landing.jobs, é a capacidade de gerir eventuais conflitos que possam surgir com clientes, de forma eficaz, mas eficiente. “Se estás na mesma área [digital], te sentes curioso, experimenta um rumo mais independente e vê como corre. Mais vale experimentar e perceberes se fizeste bem ou mal, do que estar sempre a pensar na mudança e acabar por não fazer nada”, desafia David Cruz.
Pedro Oliveira acredita que o contracting será uma das formas de trabalhar do futuro. “Tem estado em forte crescimento, porque se calhar estávamos muito viciados no full time employee ser a única forma e agora as pessoas estão a perceber que num mercado mais fluido, é mais benéfico para o talento”.
Contracting: o que é e como funciona?
O conceito de contracting surgiu originalmente no Reino Unido, na área das Tecnologias de Informação, devido à necessidade de as empresas deste setor, em particular, contratarem profissionais para projetos específicos, com uma duração pré-definida. Hoje, o conceito de contracting pode aplicar-se a qualquer setor de atividade, como é o caso do design digital. À primeira vista, um contractor é um freelancer, com uma diferença fundamental: o segundo trabalha por projeto enquanto que o primeiro é contratado para uma posição, um role específico numa organização. Também em contrapartida a um freelancer, um contractor trabalha num regime de exclusividade – para um cliente de cada vez – e numa posição em regime de full time. A duração de cada contrato tende a ser maior do que os habituais prestadores de serviços, assim como as características dos contratados: os contractors tendem a ser profissionais com competências muito valorizadas pelo mercado e, por isso, o seu preço é pago ao dia (e muito bem pago).
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