Rio ataca gestão do Governo nos dossiers TAP e Novo Banco. São “dois monstros de proporções gigantescas”

O líder da oposição considera que a gestão do Governo nos dossiers da TAP e do Novo Banco é "altamente preocupante". São "dois monstros de proporções gigantescas", classificou.

Numa intervenção no debate do Estado da Nação, esta sexta-feira, o líder do Partido Social-Democrata criticou a gestão do Governo nos dossiers da TAP e do Novo Banco, afirmando que esta é “altamente preocupante”. Para Rui Rio tanto a transportadora aérea como o sucessor do BES são “dois monstros de proporções gigantescas” para as contas públicas e para o estado da economia em plena crise pandémica.

“Não é, por isso, entusiasmante ver o Governo falhar de forma significativa as previsões macroeconómicas constantes do orçamento suplementar, e é, acima de tudo, altamente preocupante assistir à forma como têm sido geridos os dossiers da TAP e do Novo Banco“, afirmou Rio, concluindo que “estamos perante dois monstros de proporções gigantescas em face da debilidade das nossas finanças públicas e da conjuntura económica e social que atravessamos”.

“Temos de ter consciência que no estado em que se encontra a nossa dívida pública e o nosso endividamento externo, qualquer erro que o Governo cometa terá efeitos decisivos para o nosso futuro coletivo”, alertou Rio. Por isso, o líder da oposição apelou ao Governo para gerir da melhor forma possível os fundos que irão chegar da União Europeia, assinalando que “desta vez, não há margem para falhar, nem margem para adiar“.

Os alertas referem-se não só à TAP e ao Novo Banco, mas também a outros investimentos que serão feitos. “Cair na tentação política de agradar apenas no curto prazo, distribuindo as verbas em função de lógicas partidárias ou de submissão aos interesses mais poderosos, será penhorar o futuro da nossa sociedade e fazer exatamente o contrário daquilo que se impõe”, argumentou o líder do PSD, rejeitando “projetos irrealistas ou megalómanos”. Anteriormente, o PSD abriu o debate do Estado da Nação questionando as decisões do Governo ao nível do hidrogénio.

TAP? “Tudo nos faz temer o pior”, diz Rio

O líder do PSD foi especialmente crítico da injeção de mil milhões de euros na TAP, processo em que “tudo nos faz temer o pior”, nas palavras de Rio. “A TAP é uma empresa falida, por permanente acumulação de prejuízos. A TAP não foi capaz de apresentar um plano de negócios e a correspondente reestruturação. A TAP apenas pediu o dinheiro que entendeu, e o Governo decidiu de forma temerária entregar-lhe imediatamente mil milhões de euros”, considera.

Rui Rio foi especialmente crítico da administração da TAP que “gosta de distribuir [prémios] em anos de prejuízo” e que neste momento pagou “o lay-off principesco”. “Sem plano credível, sem uma reestruturação devidamente negociada e sem um horizonte claramente definido, o Estado não devia entrar num negócio que tudo tem para ajudar o país a arruinar-se financeiramente”, aponta, apelando ao Estado para tratar esses dossiers “de forma bem mais prudente”. E deixou uma pergunta: “Que explicação dará o Governo ao País, se daqui por um ano a TAP estiver de mão estendida a pedir mais uns largos milhões de euros aos portugueses?

Em relação ao Novo Banco, o deputado social-democrata criticou o Governo por não analisar ao pormenor o que justifica as sucessivas injeções anuais que o Fundo de Resolução tem de fazer no banco. “O Novo Banco deve ter sido o único proprietário em Portugal que, nos anos imediatamente anteriores à pandemia, vendeu imóveis a perder dinheiro“, afirmou Rio, referindo as notícias de que foram vendidos imóveis a fundos de investimento com ligação ao presidente do Conselho Geral de Supervisão do Novo Banco. “Ainda que esta transação possa ser vir a ser considerada formalmente legal, ela é eticamente muito questionável e carece de pormenorizado esclarecimento“, concluiu.

“Temos de ser capazes de reagir da forma mais eficaz e mais competente”

No final do seu discurso, Rio apelou a que o país seja capaz de “reagir da forma mais eficaz e mais competente que estiver ao nosso alcance”. “Temos de ser capazes de transformar, com a enorme ajuda dos fundos europeus, a ameaça que sobre nós tem pairado, numa oportunidade de modernização da nossa sociedade e de reforço da nossa competitividade“, afirmou o líder da oposição, referindo que “só quem não estiver no seu juízo perfeito” é que iria querer austeridade.

E elegeu algumas das prioridades do PSD: serviços públicos com “maior eficácia”, menos burocracia e custos de contexto; uma justiça “mais célere”, que combata a corrupção, e sem ser um “entrave” à atividade económica; investimento público com “grande efeito multiplicador” que reforce a “competitividade” da economia; criação das condições necessárias para as PMEs reforçarem a competitividade nos mercados externos, “com produtos de maior valor acrescentado, de forma a criarem mais e melhores empregos para os portugueses”.

(Notícia atualizada às 12h24 com mais informação)

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