50 mil trabalhadores, 6.700 balcões e 650 mil milhões em ativos. Novo campeão da banca espanhola será assim

Espanhóis CaixaBank e Bankia estão a negociar uma fusão depois de terem falhado a mesma operação em 2012. Numa nova crise, o Estado de Espanha pode aproveitar para vender a posição no último.

Espanha poderá vir a ter um novo campeão da banca. O catalão CaixaBank (dono do BPI) e o madrileno Bankia (detido em mais de 61% pelo fundo de reestruturação do Estado espanhol, o Frob) estão a estudar uma fusão, que poderá resultar numa instituição financeira que seja a maior do mercado espanhol.

A notícia foi avançada esta quinta-feira à noite pelo jornal El Confidencial e, posteriormente, confirmada pelos dois bancos em comunicados ao mercado. “O Bankia, no quadro do habitual estudo de possíveis operações estratégicas, confirma contactos com o Caixabank, com o conhecimento e autorização do conselho de administração, para analisar uma eventual oportunidade de uma operação de fusão entre as duas entidades”, refere a nota do banco madrileno.

Também o catalão “informa que, após autorização do seu conselho de administração, está em negociações com o Bankia SA para analisar uma fusão entre as duas entidades“, aponta um segundo comunicado. Acrescenta que ambos assinaram “um acordo de confidencialidade para troca de informações para avaliação da operação”.

"No caso dessas conversações e negociações resultarem numa proposta de acordo, o Frob irá analisá-los com total objetividade na perspetiva da geração de valor e otimização da sua capacidade de ajuda.”

Nadia Calviño

Ministra da Economia e Transformação Digital de Espanha

Os dois bancos já estudaram uma eventual fusão em 2012, que acabou por não avançar por oposição política. Desta vez, a motivação será cortar custos para resistir ao impacto da pandemia num setor já sob pressão devido às baixas taxas de juro do Banco Central Europeu. Financeiramente, uma fusão poderá permitir a cortes de custos e a uma recuperação mais rápida da rentabilidade.

A mudança resultaria na criação de um grupo com ativos superiores a 650 mil milhões de euros (a maior parte em Espanha), o que o colocaria de longe como o maior banco em Espanha, ficando também próximo do montante total de ativos internacionais do BBVA, que se situa em 750 mil milhões, de acordo com dados recolhidos pela imprensa internacional. O gigante bancário contaria igualmente com cerca de 50.000 funcionários e 6.700 balcões (dos quais 6.000 em Espanha e 700 em Portugal, através do BPI).

Bancos disparam em bolsa após confirmarem negociações

Como resultado do coronavírus, o valor de mercado do Bankia caiu para menos de 3,2 mil milhões de euros, enquanto a capitalização do CaixaBank diminuiu para 11,9 mil milhões. Em reação ao anúncio das negociações, ambos registaram forte valorizações na sessão de sexta-feira na bolsa espanhola. O Bankia disparou 32,9% para 1,376 euros por ação e o CaixaBank avançou 12,37% para 2,04 euros.

Se esta fusão avançar, o maior acionista seria a Fundação Caixa com cerca de 30% e o Estado espanhol, através do Frob, passaria a ter cerca de 14% do capital. A fusão poderá ser também uma forma de o Estado espanhol ficar acionista de um grupo mais rentável e vir a vender essa participação de forma a recuperar parte da ajuda pública dada.

O Ministério da Economia e Transformação Digital disse, ao El Economista, que “no caso dessas conversações e negociações resultarem numa proposta de acordo, o Frob irá analisá-los com total objetividade na perspetiva da geração de valor e otimização da sua capacidade de ajuda”. O ministério liderado por Nadia Calviño lembrou ainda a “prioridade” do Governo em “maximizar o valor da participação pública e fortalecer a estabilidade financeira do país”.

Da mesma forma, também o Banco de Espanha já confirmou ter sido formalmente informado das negociações e acrescentou que, caso estas avancem, irá estudar o negócio em conjunto com o Banco Central Europeu.

(Notícia atualizada às 17h40)

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