Empresas esperam dar aumentos salariais de 1% em 2021 apesar da pandemia
A pandemia levou as empresas a reverem os seus planos para aumentos salariais. Ainda assim, uma fatia considerável admite reforçar remunerações em 2020 e 2021.
Apesar do impacto da pandemia, uma fatia considerável das empresas que operam em Portugal está a planear avançar com aumentos salariais, no próximo ano. Em causa estará, indica o estudo Workforce+Pay 2021, o valor mais baixo dos últimos oito anos: um salto de 1%. De acordo com as previsões oficiais, o próximo ano deverá ficar marcado, de resto, pela recuperação da economia e do emprego.
Segundo a Korn Ferry, 71,6% das 540 empresas que participaram no estudo prevê atribuir aumentos remuneratórios em 2021, sendo o setor das tecnologias de informação e telecomunicações aquele que deverá observar o maior reforço salarial (2,26%).
Deverá seguir-se o setor da banca, serviços financeiros e seguros, com um aumento estimado de 2%, e o setor farmacêutico e químico, com uma subida prevista também de 2%. Tudo somado, em média, os trabalhadores deverão beneficiar de um reforço da sua remuneração base em torno de 1%, valor semelhante aos praticados durante a crise económica, é destacado no referido estudo.
“O incremento salarial de 1% estender-se-á para a generalidade das funções nas empresas, considerando todos os setores de atividade. Contudo, e de acordo com a informação recolhida, as funções executivas não terão aumentos“, sublinha-se ainda no mesmo documento.
De notar que o Ministério das Finanças prevê que o Produto Interno Bruto (PIB) português cresça 4,3%, em 2021, depois de afundar 6,9% em 2020. O Governo já está, contudo, a contar com uma recessão de 9%, este ano, estando a preparar uma revisão das projeções oficiais.
Segundo o Executivo, também o desemprego deverá começar a recuperar em 2021. Este ano, prevê-se que a taxa atinge os 9,6%, estimando-se que desça para 8,7%, em 2021. Ou seja, os referidos aumentos salariais deverão acontecer num momento em que tanto a economia como o emprego estarão a recuperar.
A propósito, a subida do salário mínimo em 2021 tem sido outro das questões quentes, dos últimos tempos. O primeiro-ministro e os sindicatos defendem-na, mas os patrões mostram-se frontalmente contra, face ao momento difícil que muitas empresas atravessam por causa da pandemia de coronavírus. O assunto deverá seguir em breve para a Concertação Social, cabendo a última palavra ao Executivo.
Pandemia trava aumentos em 2020
Quanto a 2020, quase 72% das empresas que participaram no Workforce+Pay 2021 garantem ter feito aumentos salariais na ordem de 1%. Ainda assim, mais de 42% admitem que a pandemia impactou a atribuição destes reforços.
Fica assim confirmado que a pandemia de coronavírus afetou e, em alguns casos, travou mesmo o crescimento salarial, como 25,2% das empresas a revelar que optaram por não fazer qualquer reforço deste tipo, face à atual crise pandémica. A incerteza económica é a principal justificação para essa decisão, seguida da redução da rentabilidade.
Já entre as empresas que acabaram por avançar com aumentos este ano, a tendência é de revisão em baixa em relação às estimativas anteriores. Por exemplo, previa-se que os salários na indústria crescessem 2,31% em 2020, mas melhoraram 1,7%. Estimava-se que os salários na energia subissem 1,63%, mas aumentaram 1,5%.
Em agosto, o Instituto Nacional de Estatística indicou que a pandemia provocou uma redução do ritmo de crescimento das remunerações praticadas em Portugal. No segundo trimestre do ano, os salários subiram 1,6% face ao período homólogo, quando subiam mais de 3% no mês em que a pandemia chegou ao país. Esta evolução ficou significativamente marcada pelo recurso ao lay-off.
A pandemia de coronavírus colocou pressão sobre a tesouraria de muitas empresas portuguesas, com mais de 100 mil empregadores a optarem por aderir ao referido regime, nos meses mais recentes. Tal implicou o corte temporário dos salários de centenas de milhares de trabalhadores portugueses e pressionou a remuneração média registada a nível nacional.
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